Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

Por que ler todos os dias para o seu filho desde bebê?

Bebê "lendo" / João Marcelo (5 meses). Foto: Léia Carvalho.

Entrevista com uma mãe leitora que cria um bebê leitor

por Fabio Lisboa / Léia Carvalho

Todos os dias, esse bebê da foto, que é o João Marcelo, de 5 meses e meio, tem a sorte de ouvir uma história contada pelos pais. O resultado: ele se acostumou com a rotina, já sabe ouvir, se concentrar, e nutre afeto pelos livros. E fica fácil percebermos que, inclusive, já tem autonomia para manuseá-los! Vejamos o que diz a mãe, Léia Carvalho:
"Achamos muito importante que ele tenha intimidade com os livros."

Por que?
"Nossa intenção é que ele tenha um vocabulário bacana, que tenha facilidade com ortografia e, claro, incentivar sua criatividade e imaginação."
Como?
"Nós lemos pra ele desde a barriga, e ele gosta muito. Lemos uma história todos os dias... e desde sempre e ele já presta atenção!"

Por que acha que os pais deveriam ler para os filhos, Léia?
"Como disse antes, acho que o livro é muito legal pois incentiva a criatividade e imaginação da criança, além de ajudar muito no vocabulário, na escrita e outro dia li também que, crianças que tem o hábito da leitura, tem um tendência bem maior de se colocar no lugar do outro, olha que bacana!"


[Este por sinal, é o tema de pesquisa de pós-graduação de Fabio Lisboa, "Contar Histórias: Olhar para a Empatia, Vislumbrar a Paz", em breve disponível no blog.]

Recebi este depoimento e fotos por mensagem pela fanpage Contar Histórias e o papo estava tão enriquecedor que perguntei se Léia (que tem o verbo ler até no nome, rs) toparia aprofundar um pouco suas dicas, respondendo a quatro perguntas... Ela topou e aí vão suas respostas concisas e valiosas [e meus comentários entre colchetes]:
1- O que diria para os pais cujos filhos aparentemente não conseguem se concentrar para ouvir histórias?

O João ainda é bem pequeno (6 meses) então muitas vezes ele não presta mesmo atenção, e ainda não entende também, então eu busco sempre caprichar na entonação quando estou lendo, tento ler histórias mais curtas, pelo menos enquanto ele é pequeno e as vezes eu uso os brinquedos dele para ilustras as histórias...
[Então mesmo que pareça que o bebê ou criança pareça não estar prestando atenção, algo eles estão absorvendo e vão se acostumando a esta prática. Ou seja, como vemos pelo depoimento de Léia, a concentração vem com o tempo e cada criança tem seu tempo, o importante é manter a rotina prazeirosa que a atenção se firmará e a vontade de ouvir mais também.]
2- Como conseguiram desenvolver este gosto pelos livros e pela escuta tão cedo com o João Marcelo?

Nós lemos pra ele desde a barriga, e ele gosta muito. Lemos uma história todos os dias... e desde sempre  [do jeito dele, claro] ele já presta atenção! Meu marido é um leitor muito assíduo, ama livro, eu gosto bastante, mas ele gosta bem mais, e isso ajudou bastante nessa empreitada.

[Crianças se inspiram no exemplo dos pais, se quer que seu filho se torne um leitor melhor a cada dia, leia você também, cada vez mais.]


Bebê descobrindo os livros / João Marcelo (5 meses). Foto: Léia Carvalho.

3- Você ouvia histórias quando criança? Como aprendeu a gostar de ler? E seu esposo?Ouvia só na escola, meus pais não tinham o hábito, não... mas eu sempre tive a imaginação bem fértil (sou formada em publicidade), sempre gostei muito de escrever e acho que isso me ajudou a gostar de ler. Meu marido também não recebeu esse incentivo em casa não, ele desenvolveu o gosto pela leitura por ser... curioso, rs...

[Sempre é possível quebrar o ciclo de carência de leitura e escuta entre gerações.]

4- Gostaria de deixar mais alguma mensagem para os leitores do blog?
Uma mensagem... vamos ver... acho que eu diria aos pais que lessem todos os dias para seus filhos antes deles dormirem. Se nãopor falta de tempo, existem, por exemplo, livros com histórias de 1 página, ou seja, em 5 minutos você lê. Além de todos os benefícios que eu citei, esse tempo com seu filho é muito gostoso, cria vínculo, te ajuda a conhecer mais seu filho. Acho que pela falta de tempo nós acabamos sempre optando pelo mais fácil (um dvd de desenho, por exemplo), mas comparo o dvd e o livro a um brinquedo de controle remoto e um educativo, de madeira: Num primeiro momento o brinquedo com controle parece mais interessante, mas o carrinho de madeira vai ajudar seu filho a se desenvolver, pois ele vai ter que imaginar os sons, luzes e etc. e com isso a criança também sai do piloto automático. O livro, em comparação ao DVD, também faz isso, aguça a curiosidade e imaginação dos pequenos. Nada contra os desenhos, eu também lançoo deles (muito), mas o livro também pode ser muito animado e divertido [todos os dias!]. Experimentem!


Bebê interagindo feliz com os livros incentivando outros bebês e pais a interagirem também  / João Marcelo (5 meses). Foto: Léia Carvalho.

Referências
Programa BebêLê (Biblioteca de São Paulo)

Fabio Lisboa é autor, contador de histórias e palestrante. Graduado em Comunicação Social-ESPM e Letras-USP, Pós-graduado em A Arte de Contar Histórias: abordagens poéticas, literária e performática. Escreve semanalmente em www.contarhistorias.com.br Conta histórias para adultos, crianças e... Bebês!


1 comentários:

Unknown disse...

A leitura enriquece a alma, desperta a curiosidade, a imaginação, quebra barreiras, nos leva a lugares além da imaginação. Parabéns Léia, pela iniciativa da família em interagir dessa maneira com o seu bebê, e nos possibilitar um cidadão que estará mais preparado e disposto a lidar com as adversidades.

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