No
tempo em que caçadores usavam facas para caçar e reis usavam facas para
colecionar, houve uma grande festa reunindo diversas vilas do reinado. O
caçador do vilarejo mais distante também foi à festa.
Os
convidados deste local periférico levaram dois dias para chegar e graças ao
caçador puderam se alimentar de carne fresca durante a viagem. Ele era um homem
quieto, saía cedo para caçar e voltava tarde, quase sempre trazendo algo de bom
que dividia com todos, obviamente ficando com uma generosa parte da caça para ele mesmo.
E os conterrâneos do caçador o queriam bem por ele ser assim.
Durante
as festividades houve um farto banquete e todos cantaram e dançaram – com exceção
do caçador da vila distante que preferiu ficar apreciando a coleção de facas do
rei. O homem gostou muito de uma das facas - justo a preferida do rei - que era
muito afiada e toda ornamentada, com o cabo esculpido em madeira e cravejado de
garras e dentes de predadores selvagens. Acontece que quando todos foram embora
da festa a faca preferida do rei sumiu.