Os universos que construímos na mente ao contar/ler/ouvir histórias, quando convém, também podem se fazer reais na nossa frente.
Pra começo de conversa, brincar e contar histórias são verbos de ação fundamentais para o florescer das ações humanas de criar e esperançar. Tanto que, numa história recontada, uma sábia anciã faz com que um pote (bem diferente!) mude pra sempre a impecável olaria do rei e seu jeito de encarar toda a gente. Todavia, no decorrer da narrativa, não é só o personagem que muda, nós que ouvimos e o próprio mundo muda e germina um novo mundo ao compartilharmos histórias.
Todos prontos para “Brincar de Contar Histórias”! O magnífico teatro público do Centro de Educação Unificado - CEU Alto Alegre (no extremo leste da cidade de São Paulo) - estava com seus quase 300 lugares lotado. As crianças de diversas escolas públicas estão reunidas para o “Recreio nas Férias”* eufóricas e, ao mesmo tempo, atentas e participativas! Ao final da contação de histórias - com uma história zen recontada com roupagem local e finalizada com uma canção popular - uma menina de uns 9 anos vem falar com o contador de histórias. Orgulhosa e sorridente, me diz:
- Fiz uma nova versão pra música que cantamos [da tradição popular] da “Olaria do Povo”.
- Que legal, e como é? - perguntei.
- Assim - cantarolou a menina:
“A comida vai entrar na barriga do povo”
Tamara, 9 anos*
Fico alguns segundos absorvendo o impacto e maravilha da conexão daquela criança com as histórias e com o mundo.