Recontado por Fabio Lisboa
Houve um
tempo - esperamos que não o nosso - em que os velhos eram considerados um peso
para a sociedade.
Um rei -
ele mesmo já um velho - também queria se livrar deste peso. Visto que ele
próprio não seria enquadrado no que quer que fosse decretado pelo rei pois
naquele reino as leis para os nobres e pobres eram bem diferentes, baixou o
decreto de uma lei que obrigaria os velhos - ressalte-se bem, os velhos plebeus
- a trabalharem até estarem perto do fim da vida.
Acontece
que aquele fora um ano de seca e escassez, tanto meteorológica quanto
cooperativa e intelectual. E daquele jeito, nem o trabalho de todos estava
dando conta de fazer o reino próspero, sustentável e, principalmente, feliz.
Então o rei complementou a sua ideia:
- Já que quase não tem força para o trabalho, os
velhos devem trabalhar mais tempo que os jovens para compensar a sua fraqueza -
argumentou, digo, decretou o monarca.
Todavia,
um dos mais respeitados agricultores do reino se recusou a expor o seu próprio
pai a essa situação. Seu pai tinha sido um grande lavrador mas agora merecia
descansar. Em vista da dificuldade que todos enfrentavam na lida com a terra, o
filho pediu aconselhamento ao pai, que disse:
- Neste
finzinho de ano, filho, comece arando a beira da estrada e continue fazendo
isso até o começo do ano novo.
O filho
não entendeu a vantagem daquilo mas resolver ouvir o conselho do pai e fez o
que ele havia proposto.