Imagem: Ângela-Lago |
Por Ângela-Lago
Se você acha que assombração é coisa do interior,
saiba que perto do Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, tem uma defunta que
adora andar de táxi.
Vira e mexe ela aparece jovem e loura, toma um carro na
rua e indica o endereço da casa onde morava. Quando chega, avisa que está sem
dinheiro e pede que o taxista espere um pouco, enquanto ela vai lá dentro
buscar.
O inocente espera. Espera um tempão. Até que, por fim,
toca a campainha. A casa parece desocupada. Um vidro quebrado, o mato crescido.
Aí a porta range e aparece uma velha, muito, muito velha. Ela escuta a história
e balança a cabeça. Depois, busca um porta-retratos com uma tarja, uma faixa
preta em sinal de luto. — Esta?
Até hoje ninguém sabe se a foto é dela mesma quando
jovem, loura e viva, ou se a loura era filha dela. Mas contam que ela mostra a
fotografia sempre com a maior tranquilidade, certa de que não existe taxista
com coragem de lhe cobrar.
Trecho
do livro:
O
CAIXÃO RASTEJANTE E OUTRAS ASSOMBRAÇÕES DE FAMÍLIA
Autor
/ Ilustrador: Angela-Lago
Leia
outros trechos disponíveis em https://www.companhiadasletras.com.br/trechos/41027.pdf
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