Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
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História: Que silêncio!

Por Fabio Lisboa


A noite estrelada, enluarada e tranquila estava perfeita para um passeio ao redor da lagoa próxima ao templo.

Após caminhar um pouco, ao lado do silencioso mestre, o discípulo comenta:

- Que silêncio!

- Não diga “que silêncio”, diga “não escuto nada”. 

- Que diferença faz, mestre?

- Faz toda a diferença se você, em vez de dizer, apenas pensar e, depois disso, parar de pensar alto até conseguir escutar, de fato, o que lhe diz o silêncio da noite.

Caminharam mais um pouco. O discípulo continuava inquieto:

- Pois se fizer isso, o que poderia escutar, mestre?

- É possível que escute o brilho das estrelas e o reflexo da Lua; o murmúrio das águas e a prosa dos ventos; o coro de cigarras e sapos… ou o voo silencioso dos pássaros. Talvez escute também os nossos passos à pé - e até pensamentos -, suaves ou ruidosos, ou ainda, o que mais ouvir que a noite lhe disser… isso até uma voz cortar o silêncio.

- E o que diz esta voz, mestre?

- Que silêncio!

 Reconto de Fabio Lisboa livremente inspirado em história da tradição oral

Imagem: IA por Fabio Lisboa e Bing.

A$$OMBRAÇÕES DA CIDADE

Imagem: Ângela-Lago
Por Ângela-Lago

Se você acha que assombração é coisa do interior, saiba que perto do Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, tem uma defunta que adora andar de táxi.

Vira e mexe ela aparece jovem e loura, toma um carro na rua e indica o endereço da casa onde morava. Quando chega, avisa que está sem dinheiro e pede que o taxista espere um pouco, enquanto ela vai lá dentro buscar.

História: A faca do rei



Conto da tradição oral recontado por  Fabio Lisboa

No tempo em que caçadores usavam facas para caçar e reis usavam facas para colecionar, houve uma grande festa reunindo diversas vilas do reinado. O caçador do vilarejo mais distante também foi à festa.

Os convidados deste local periférico levaram dois dias para chegar e graças ao caçador puderam se alimentar de carne fresca durante a viagem. Ele era um homem quieto, saía cedo para caçar e voltava tarde, quase sempre trazendo algo de bom que dividia com todos, obviamente ficando com uma generosa parte da caça para ele mesmo. E os conterrâneos do caçador o queriam bem por ele ser assim.

Durante as festividades houve um farto banquete e todos cantaram e dançaram – com exceção do caçador da vila distante que preferiu ficar apreciando a coleção de facas do rei. O homem gostou muito de uma das facas - justo a preferida do rei - que era muito afiada e toda ornamentada, com o cabo esculpido em madeira e cravejado de garras e dentes de predadores selvagens. Acontece que quando todos foram embora da festa a faca preferida do rei sumiu.

História: Os Gravetos da Discussão

Foto: Donald Vish – Iroquois Woods



Conto Iroquês recontado por Fabio Lisboa

Os antigos indígenas iroqueses tinham o costume de usar os gravetos da discussão para resolver conflitos.

Um dia, há muito tempo, dois garotos iroqueses discutiram tanto que quase chegaram a se estapear por causa da sua acalorada argumentação.

Cada pai de cada garoto tomou o partido de seu filho e uma antiga amizade entre as famílias estava prestes a se esfacelar. Os adultos que se envolveram na discussão estavam quase pegando em armas para decidir quem estava com a razão.

As avós dos garotos se lembraram que a disputa deveria ser decidida pelos gravetos da discussão. Na montanha.

Contos de Fadas: espelhos mágicos da alma (parte 3 de 3)


Ilustração de Igor Oleynikov em The King with horse´s ears and other Irish folktales
História: O rei que tinha orelhas de cavalo

Inspirada num conto da tradição oral irlandesa
Narrativa recontada e adaptada por Fabio Lisboa

Era uma vez um rei tão bonito e bravo quanto um cavalo selvagem. Era o rei Equinus IV do reino de Apparentis, um lugar onde cada pessoa buscava esconder os defeitos para ser, ou melhor, parecer... perfeito.

História: A quem pertence a terra

Foto: Eduardo  Hanazaki

 História da tradição oral recontada pelo artista “anônimo” Fabio Lisboa
(continuação do post Contadores de Histórias: Artistas Rupestres das Palavras)

Era uma vez um humilde lavrador cujas terras sempre foram inférteis. Cansado de plantar muito e colher “pouco ou quase nada” decidiu tentar a sorte pelo mundo.

História: Nasrudin, o sábio juiz

Justitia em Florença, Itália. Foto: John Baltaks

 Recontada por Fabio Lisboa

Um dia, o juiz da cidade adoeceu. No outro dia, foram chamar o mulá Nasrudin para substituir o juiz.

- Nasrudin, o nosso juiz está de cama e não poderá julgar hoje. Querido mestre, poderia nos ajudar?

- Tenho minhas dúvidas se eu saberia me comportar num tribunal... – ponderou Nasrudin.

História Budista: A Semente de Mostarda



Recontada por Fabio Lisboa

Desde criança, Gotmai era a mais magra das crianças e por isso era chamada de Kisa Gomati (Gotami Magricela). Kisa Gotami era pobre, órfão e sofria com as humilhações, no entanto, mantinha o seu coração puro e livre de ódio.

Ela, inocentemente, sem saber, ajudou um rico e avarento mercador. E este a fez casar-se com o seu filho. Casada, Gotami achou que iria melhorar de vida mas aí é que as coisas pioraram. Apesar de não sofrer mais dificuldades financeiras, o marido a tratava como escrava e a humilhava ainda mais. Seu corpo magro até aguentava o sofrimento mas a sua alma se entristecia cada vez mais com a violência e injustiça do mundo.

Quando o seu filho veio ao mundo, finalmente, o mundo de Kisa Gotami mudou completamente.

Qual o momento exato em que a noite termina e o dia começa?



História da Tradição oral - Reconto: Fabio Lisboa

Esta é a pergunta que fez o sábio mestre aos seus aprendizes enquanto o dia se despedia do sol e os mistérios do mundo ganhavam os ares: - Qual o momento exato em que a noite termina e o dia começa para todos?

Os jovens pensamentos voam longe e, antes das estrelas aparecerem, as respostas apontam para várias direções:

- O dia começa quando o sol nasce...

- Sim, mas qual o momento em que a noite termina e o sol nasce para todos? – instiga o sábio.

- Impossível mestre, essa hora nunca chega pois a terra é redonda, então alguém no mundo vai sempre estar na escuridão.

- Pois eu lhes garanto que é possível.... – insiste o professor ancião.

História: A bolsa perdida



Recontada por Fabio Lisboa

Uma bolsa perdida, caída no canto da estrada.

- “Achado não é roubado”! E este achado deve ter caído de uma rica carruagem – pensou o homem pobre que andava pela estrada. O homem, que se chamava “João”, e não levava com ele nada além do sobrenome “Ninguém da Silva”, e ia à busca de emprego na cidade, desviou em direção ao objeto cintilante e, ao se aproximar, percebeu que nunca tinha visto uma bolsa tão maravilhosa.

João ficou mais maravilhado ainda quando a abriu. Não era um porta-treco ordinário, além de ser, por fora, reluzente, por dentro, guardava moedas de ouro!

História: Os primeiros homens, cachorros e pedras




Nossos povos ancestrais conviviam de perto com os animais e aprendiam muito com eles. Até mesmo sobre a alegria e a dor do surgimento da vida e da morte. Esses nossos antepassados nos contam que, no princípio dos tempos, o Criador criou tudo para que fosse eterno. Nessa época, nada mais precisaria ser criado e nem transformado, por que nada morria. Nenhuma rocha, planta ou animal morria, mas também nada nem ninguém nasciam.

Havia no mundo uma tribo de homens e mulheres e um bando de cada espécie animal e só.
Apesar de não faltar comida e nem espaço, os homens começaram a brigar entre si por estas coisas. Queriam uns mais espaço e mais comida do que os outros!