Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

Uma maratona de histórias em nossa passagem pela vida

 

A história da maratona se origina na lenda grega de um herói mensageiro, Fidípedes, que carrega em seus passos uma esperança e em sua memória uma palavra que vai desvelar e, dessa forma, selar (ou apaziguar) o destino de um povo. Eis que, depois de Fidípedes percorrer os 42 km que o separam de seu destino final, exausto, consegue forças para, ao pronunciar a tal palavra, acabar, de fato, com uma guerra – ainda que, no momento seguinte, tenha que encarar de frente a finitude da vida, no caso, da própria vida. A partir de então, cumprindo o seu destino, podemos imaginar que nossos heróis e heroínas continuam suas infindáveis corridas entre as estrelas. E talvez nunca terminem as suas provas e nunca parem de iluminar e delinear caminhos enquanto continuarmos (re)contando as suas histórias. No rastro da tocha - carregada por inúmeras pessoas de todas as origens e culturas - nossos heróis nos dão provas que também devemos continuar em frente em nossa jornada pela Terra, sempre que possível, multiplicando seus atos (até que virem nossos atos) heroicos, fazendo brilhar as suas (e nossas) palavras-luz, fazendo germinar palavras-semente.

Das mitologias greco-romanas e de povos originários das Américas, de um tempo além do tempo à contemporaneidade, de terras longínquas a escolas próximas - centrais e, principalmente, periféricas - foi uma corrida e tanto circular pelos quatro cantos da cidade por 15 CEUs (Centros Unificados de Educação) com a sessão de contos "Maratona deHistórias - dos Heróis da Mitologia aos Heróis das Olimpíadas". Para tanto, agradeço por toda a ajuda no Recreio nas Férias – durante o qual atendemos mais de 2 mil pessoas dentre os quase 50 mil alunos da rede pública (crianças, bebês e jovens) participantes nesta 44a edição (jul/24), projeto do qual participo há mais de 20 anos! Pessoal da secretaria municipal de educação de São Paulo e das unidades escolares, bibliotecas e CEUs sempre muito acolhedor, dando todo o apoio às crianças e aos artistas e o resultado foram os ouvintes entusiasmadas com as histórias, com os esportes, as olimpíadas e torcer pelo Brasil e pela vitória, em tantos sentidos, juntos!

 

Confesso que não foi fácil pois, um dia antes do início, meu maior herói olímpico, meu pai, teve que ser internado e fui quase todos os dias depois das sessões de contação de histórias cuidar dele no hospital (contando também com o meu irmão e, a todo o momento, os cuidados de minha mãe) mas, mesmo com a sua força e perseverança, e a cuidadosa equipe do Hospital Paulistano, infelizmente, perdeu a batalha para um câncer severo no dia 03/08/24. Meu pai, Joaquim Rosa, 84, veio do interior e da periferia, foi corredor, maratonista e nunca desistiu dos sonhos e - direta, ou indiretamente - a ele dediquei as sessões desta Maratona de Histórias. Numa delas uma criança me disse: "- É contador, agora seu pai está correndo a maratona da vida." E de um jeito ou de outro ele vai chegar lá, todos vamos. No trajeto, todavia, sua passagem abriu caminhos para os sonhos de tanta gente humilde, como a minha avó Augusta Rosa, a quem ele ajudou até o fim e ela, por sua vez, ajudou a sua cidade, Guaíra, trazendo curas sem cobrar nada pois era benzedeira. Meu pai ajudou o filho a nunca desistir de levar alegria, imaginação, sonhos e realizações para os ouvintes, em especial, às crianças.

 

Que na reta de chegar desejo que a gente olhe pra trás e veja que o mundo ficou um pouco melhor com nossa passagem. Que cada educador(a), progenitor(a) e artista encante com as histórias e também seja encantado por elas e pelas crianças. Que na estrada - outrora pedregosa - haja flores e novos caminhos para traçarmos, juntos, belas histórias. Que as palavras sejam luz que ilumina nossa jornada pela vida.

 

Fabio Lisboa

www.contarhistorias.com.br

https://www.instagram.com/fabiolisboahistorias

 


Imagens:

Ilustrações: Pep Montserrat, Mitos Gregos, Eric A. Kimmel, trad. Mônica Stahel, editora WMF Martins Fontes

Corredores de longa distância, representados em vaso, Grécia antiga, datado de 333 AC; British Museum - https://www.britishmuseum.org/blog/marathons-ancient-origins

Foto: Fabio Lisboa conta a Maratona de Histórias nos CEUS (Centros Unificados de Educação) em julho de 2024.

Maratona de Histórias - Olimpíadas

 

Maratona de Histórias - dos Heróis da Mitologia aos Heróis das Olimpíadas

A história da maratona se origina na lenda grega de um herói mensageiro. A Maratona de Histórias começa seu percurso pelos Heróis da Mitologia, passa pela origem das Olimpíadas e chega até os heróis contemporâneos dos jogos Olímpicos. Os nossos heróis têm sua força, inteligência e virtudes colocadas à prova...  e os ouvintes das histórias também! Tendo ao nosso lado o do poder das narrativas, dos Jogos Olímpicos, dos heróis mitológicos e reais todos vencerão contos com monstros impiedosos, jogos, provas e perigos mortais (e morais). As aventuras são contadas pelo contador de histórias Fabio Lisboa numa verdadeira maratona de histórias em nossa passagem pelos contos (e pela vida).

 


 

Fabio Lisboa

Contador de histórias, autor premiado, mediador de leitura e palestrante. Graduado em Comunicação Social-ESPM e Letras-USP, pós-graduado em A Arte de Contar Histórias: abordagens poéticas, literária e performática. Desenvolve projetos em editoras, escolas, bibliotecas, empresas, universidades, SESCs, livrarias, TV Cultura. Assessor da Secretaria Municipal do Município de São Paulo em Mediação de Leitura (2018-19). Convidado em festivais nacionais e internacionais como em SP, RJ, MG, Canadá e Emirados Árabes. Escreve periodicamente em www.contarhistorias.com.br

 

Participações especiais (opcionais): Atleta ou ex-atleta olímpico, atleta paralímpico, músicos e cantora lírica.

 

Fundador de www.contarhistorias.com.br

Fanpage:

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Instagram:

https://www.instagram.com/fabiolisboahistorias

 

Contação de Histórias Ambientais e Sustentabilidade no Dia Mundial do Meio Ambiente

Foto: Juliana Roncada


Bichos, pessoas, árvores, planeta: Somos Um!

 

Contação de histórias, danças circulares e mediação de leitura com Fabio Lisboa - participação dos autores Juliana Gatti e José Roberto Torero autografando suas obras, em ação do Instituto Árvores Vivas em parceria com o Sesc Vila Mariana

 

Data: 5 de junho (Dia Mundial do Meio Ambiente), 2024

Horário: Das 17h30 às 19h

Local: entrada (praça de eventos) do SESC Vila Mariana

Atividade aberta e gratuita

 

Na encruzilhada entre o aqui-agora e o tempo além do tempo, se cruzam histórias de seres e árvores próximas e distantes, desde a fábula do sábio tigre, rei da floresta de Bali, em busca de equilíbrio na natureza, a um amazônico quatipuru esquecido mas muito comunicativo, a fim de encontrar uma valorosa semente, chegando a nossas próprias histórias, do passado distante aos dias de hoje em diante! Uma diversidade de palavras-sementes para germinar um novo amanhã. Nele, podemos perceber que todos nós - bichos, pessoas, árvores, planeta - somos um! E, juntos, podemos viver - e florescer - felizes para sempre.

Fabio Lisboa é contador de histórias, autor premiado, mediador de leitura e palestrante há 20 anos. Graduado em Letras-USP e pós-graduado em A Arte de Contar Histórias. Já foi formador da UMAPAZ e do Centro de Formação Profissional e Educação Ambiental Reciclázaro, líder pelo Climate Reality Project Brazil e embaixador pelo clima da cidade de São Paulo. Já contou histórias ambientais em parques da cidade, reservas ambientais, festivais nacionais, nas cinco regiões do país, e internacionais, no meio do gelo, no Canadá, e no meio do deserto, nos Emirados Árabes. Fundador do blog www.contarhistorias.com.br

Instagram: https://www.instagram.com/fabiolisboahistorias

Foto: Juliana Roncada https://www.instagram.com/juroncada/

Dia da Terra: história real - Earth Day true story



A seeded Earth Day true story


By Fabio Lisboa


(Tradução para o português abaixo -  Translation to Portuguese bellow)


What will we take, what will we leave while we live here on Earth?


More than 15 years ago, in a day like today, my ecologist brother, Augusto Lisboa, gifted my mom Iara (whose name means the goddess of waters) with a plant seedling and with her blessed hands she planted this endemic Brazilian tree called “Jequitibá Rosa” in some enchanted woods where I spent my golden years as a kid. The magnificent young tree is taller than a house now.


The middle aged tree my mom used to hang my cloth diapers is taller than a small building now. When I take a walk at that place these days the trails seem to be enchanted again.


Germinar uma Cidade Leitora

 

Tudo começa numa mediação de leitura para bebês, contação de histórias para crianças e adultos, formação de professores e no encantamento da comunidade escolar - e, certamente, num berço ancestral

por Fabio Lisboa

 

Felix, a cidade leitora

Há um incerto tempo, num certo lugar, não muito perto nem muito longe daqui, havia uma cidade, chamada Felix, a cidade leitora, onde (se dizia que) só moravam pessoas felizes. Ou ao menos eram felizes enquanto liam ou trocavam histórias e como faziam isso sempre estavam quase sempre felizes mesmo, como você, leitor(a). Ali perto, um sábio ancião guardava a via de acesso ao local. Ele ficava na encruzilhada que separava os caminhos de entrada, de um lado, para a extraordinária cidade e, de outro, para um município vizinho, comum, como outro qualquer.

 

Havia muita gente indo e vindo querendo conhecer e mesmo morar na fabulosa cidade, mas poucos conseguiam pois sempre paravam no trevo e perguntavam ao homem qual o caminho certo para se chegar à Felix. Eis que naquele dia (e se não houvesse esse dia como eu poderia contar a você, leitor/a) - apesar de ser um dia como tantos outros - chega um viajante ansioso que só para, momentaneamente, a sua apressada caminhada, na encruzilhada, entre um caminho florido e outro pedregoso, e pergunta ao ancião:

 

-       Ei, velho, este caminho florido leva a Felix, a tal cidade onde vivem pessoas felizes?

-       Me diga antes, como são as pessoas de onde você vem?

-       Ah, da cidade de onde venho só há pessoas mesquinhas, ninguém liga pra leitura ou pros outros, aquele bando de egoístas ignorantes! Por isso busco um lugar diferente!

-       Pois por esta estrada você só vai encontrar pessoas como estas da sua cidade - disse o ancião, apontando para a via florida.


O aspirante a residente em Felix, obviamente, preferiu pegar o outro caminho, pedregoso, que levava ao município vizinho. Um tempo depois, chega uma viajante, esta mais tranquilo e respeitosa que o primeiro, para e pergunta ao ancião na encruzilhada:

 

-       Por favor, meu senhor, poderia me dizer se este caminho florido leva a Felix, a cidade onde vivem pessoas leitoras e felizes?

-       Me diga antes, por favor, como são as pessoas de onde você vem?

-       Ah, da cidade de onde venho a maioria das pessoas é boa gente, há muitos leitores e com a troca de livros e de histórias de boca a maioria vive em paz e as pessoas cuidam e se importam umas com as outras. Fui muito feliz lá e busco um lugar parecido para ser mais feliz ainda.

-       Pois por este caminho você só vai encontrar pessoas como estas da sua cidade - disse o ancião, apontando para o caminho florido, que a conduziria a uma nova história feliz por lá.

 

E é claro que naquele dia - como você, se estivesse lá - a viajante leitora pegou o caminho florido rumo a Felix, a cidade leitora e feliz, a cidade que é o que somos.

 

O berço da humanidade não é uma cidade, uma aldeia ou um continente. O nosso primeiro e palpável berço humano é o útero materno. É lá que, desde sempre, fomos ensinados a sermos humanos, lá sentimos o amor se materializando, embalados de cuidados e carinho em ritmos ternos ao sustentar a vida, na mais maravilhosa cadeira de balanço (por 9 meses), ao sermos alimentados (inclusive de afeto), ao falarem conosco, cantarem, contarem histórias e, de forma mais ou menos estruturada, estas são as primeiras narrativas que chegam até nós, de bebês (pré-natal em diante) a crianças, que um dia virarão jovens e adultos dando continuidade à nossa maravilhosa história humana.

 

Eis que estas primeiras narrativas - lidas ou contadas “de boca” de forma mais contínua e cadenciada ou cheias de surpresas e reviravoltas - conduzem a uma inebriante volta aos ritmos uterinos que o bebê do lado de fora e crianças por aí afora, se deleitam em ouvir, relembrar ou descobrir. Ainda mais se a contação for regada a leite materno e com a história estreitando os vínculos ao ser contada por vozes familiares (mas não só). Porque - estando o bebê (ou o ouvinte que for) devidamente alimentado, limpo, descansado, sem frio ou calor, ou seja, minimamente em paz - a palavra contada tem esse poder encantatório (quase sobre-humano) sobre os humanos. 

 

Logo, do ventre do mundo, ao usarmos os olhos da imaginação para ver onde começa a semeadura, vislumbramos o nosso primordial e impalpável ninho: o berço da humanidade são as histórias.

 

Um berço que nos ensina, nos sustenta, nos conecta, cria pontes e quebra muros aparentemente intransponíveis, nem que sejam feitos por mãos outrora fechadas que, ao se conhecerem de fato, se abrem para um aperto de mão. As narrativas nos abraçam e dão a segurança de um berço dentro do qual temos a esperança de - e a liberdade para - ser ninados e sonhar, fabular e confabular, semear e colher, construir castelos de areia ou cidades inteiras, abrir portais e portas e até fendas em muros reais ou imaginários, ainda que feitos por dedos, que se abrem como cortina... e assim, começa o espetáculo:

História: a profundidade das histórias

Um aprendiz, ouvinte profundo, pergunta ao mestre contador:

-       Qual a profundidade do rio de histórias que você conta, mestre?

-       Três dedinhos - responde o mestre. 

-       Puxa, então quem seria capaz de mergulhar nesse rio?

-         A montanha.

 

Reconto de Fabio Lisboa inspirado num koan - relato curto com o objetivo de instruir ou estimular a meditação - atribuído ao mestre Tchao-Tchan.

Foto: Tony Reid - free unsplash license - lake near green mountain.

Library Shelfie Day 2024 no Brasil

Fabio Lisboa reading to his baby - lendo para o seu bebê 

Happy #libraryshelfieday

I am Matheus, 2 months old, this is my dad, storyteller, and this is our first Library Shelfie Day in our home library reading “the book of the baby”! 


Você sabe o que é o #LibraryShelfieDay?


O nome é um trocadilho que faz a junção de “selfie” (foto de si mesmo) com “shelf” (estante). É uma iniciativa criada pela biblioteca pública de Nova York para celebrar a paixão pela leitura em sua biblioteca pública (ou pessoal, ou nem que seja uma prateleira com livros) preferido! No caso, tirei na biblioteca de minha casa, com meu filho Matheus que ouve histórias de boca e dos livros desde o útero e, até onde sei, amou participar!