Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

Dia da Terra: história real - Earth Day true story



A seeded Earth Day true story


By Fabio Lisboa


(Tradução para o português abaixo -  Translation to Portuguese bellow)


What will we take, what will we leave while we live here on Earth?


More than 15 years ago, in a day like today, my ecologist brother, Augusto Lisboa, gifted my mom Iara (whose name means the goddess of waters) with a plant seedling and with her blessed hands she planted this endemic Brazilian tree called “Jequitibá Rosa” in some enchanted woods where I spent my golden years as a kid. The magnificent young tree is taller than a house now.


The middle aged tree my mom used to hang my cloth diapers is taller than a small building now. When I take a walk at that place these days the trails seem to be enchanted again.


Germinar uma Cidade Leitora

 

Tudo começa numa mediação de leitura para bebês, contação de histórias para crianças e adultos, formação de professores e no encantamento da comunidade escolar - e, certamente, num berço ancestral

por Fabio Lisboa

 

Felix, a cidade leitora

Há um incerto tempo, num certo lugar, não muito perto nem muito longe daqui, havia uma cidade, chamada Felix, a cidade leitora, onde (se dizia que) só moravam pessoas felizes. Ou ao menos eram felizes enquanto liam ou trocavam histórias e como faziam isso sempre estavam quase sempre felizes mesmo, como você, leitor(a). Ali perto, um sábio ancião guardava a via de acesso ao local. Ele ficava na encruzilhada que separava os caminhos de entrada, de um lado, para a extraordinária cidade e, de outro, para um município vizinho, comum, como outro qualquer.

 

Havia muita gente indo e vindo querendo conhecer e mesmo morar na fabulosa cidade, mas poucos conseguiam pois sempre paravam no trevo e perguntavam ao homem qual o caminho certo para se chegar à Felix. Eis que naquele dia (e se não houvesse esse dia como eu poderia contar a você, leitor/a) - apesar de ser um dia como tantos outros - chega um viajante ansioso que só para, momentaneamente, a sua apressada caminhada, na encruzilhada, entre um caminho florido e outro pedregoso, e pergunta ao ancião:

 

-       Ei, velho, este caminho florido leva a Felix, a tal cidade onde vivem pessoas felizes?

-       Me diga antes, como são as pessoas de onde você vem?

-       Ah, da cidade de onde venho só há pessoas mesquinhas, ninguém liga pra leitura ou pros outros, aquele bando de egoístas ignorantes! Por isso busco um lugar diferente!

-       Pois por esta estrada você só vai encontrar pessoas como estas da sua cidade - disse o ancião, apontando para a via florida.


O aspirante a residente em Felix, obviamente, preferiu pegar o outro caminho, pedregoso, que levava ao município vizinho. Um tempo depois, chega uma viajante, esta mais tranquilo e respeitosa que o primeiro, para e pergunta ao ancião na encruzilhada:

 

-       Por favor, meu senhor, poderia me dizer se este caminho florido leva a Felix, a cidade onde vivem pessoas leitoras e felizes?

-       Me diga antes, por favor, como são as pessoas de onde você vem?

-       Ah, da cidade de onde venho a maioria das pessoas é boa gente, há muitos leitores e com a troca de livros e de histórias de boca a maioria vive em paz e as pessoas cuidam e se importam umas com as outras. Fui muito feliz lá e busco um lugar parecido para ser mais feliz ainda.

-       Pois por este caminho você só vai encontrar pessoas como estas da sua cidade - disse o ancião, apontando para o caminho florido, que a conduziria a uma nova história feliz por lá.

 

E é claro que naquele dia - como você, se estivesse lá - a viajante leitora pegou o caminho florido rumo a Felix, a cidade leitora e feliz, a cidade que é o que somos.

 

O berço da humanidade não é uma cidade, uma aldeia ou um continente. O nosso primeiro e palpável berço humano é o útero materno. É lá que, desde sempre, fomos ensinados a sermos humanos, lá sentimos o amor se materializando, embalados de cuidados e carinho em ritmos ternos ao sustentar a vida, na mais maravilhosa cadeira de balanço (por 9 meses), ao sermos alimentados (inclusive de afeto), ao falarem conosco, cantarem, contarem histórias e, de forma mais ou menos estruturada, estas são as primeiras narrativas que chegam até nós, de bebês (pré-natal em diante) a crianças, que um dia virarão jovens e adultos dando continuidade à nossa maravilhosa história humana.

 

Eis que estas primeiras narrativas - lidas ou contadas “de boca” de forma mais contínua e cadenciada ou cheias de surpresas e reviravoltas - conduzem a uma inebriante volta aos ritmos uterinos que o bebê do lado de fora e crianças por aí afora, se deleitam em ouvir, relembrar ou descobrir. Ainda mais se a contação for regada a leite materno e com a história estreitando os vínculos ao ser contada por vozes familiares (mas não só). Porque - estando o bebê (ou o ouvinte que for) devidamente alimentado, limpo, descansado, sem frio ou calor, ou seja, minimamente em paz - a palavra contada tem esse poder encantatório (quase sobre-humano) sobre os humanos. 

 

Logo, do ventre do mundo, ao usarmos os olhos da imaginação para ver onde começa a semeadura, vislumbramos o nosso primordial e impalpável ninho: o berço da humanidade são as histórias.

 

Um berço que nos ensina, nos sustenta, nos conecta, cria pontes e quebra muros aparentemente intransponíveis, nem que sejam feitos por mãos outrora fechadas que, ao se conhecerem de fato, se abrem para um aperto de mão. As narrativas nos abraçam e dão a segurança de um berço dentro do qual temos a esperança de - e a liberdade para - ser ninados e sonhar, fabular e confabular, semear e colher, construir castelos de areia ou cidades inteiras, abrir portais e portas e até fendas em muros reais ou imaginários, ainda que feitos por dedos, que se abrem como cortina... e assim, começa o espetáculo:

História: a profundidade das histórias

Um aprendiz, ouvinte profundo, pergunta ao mestre contador:

-       Qual a profundidade do rio de histórias que você conta, mestre?

-       Três dedinhos - responde o mestre. 

-       Puxa, então quem seria capaz de mergulhar nesse rio?

-         A montanha.

 

Reconto de Fabio Lisboa inspirado num koan - relato curto com o objetivo de instruir ou estimular a meditação - atribuído ao mestre Tchao-Tchan.

Foto: Tony Reid - free unsplash license - lake near green mountain.

Library Shelfie Day 2024 no Brasil

Fabio Lisboa reading to his baby - lendo para o seu bebê 

Happy #libraryshelfieday

I am Matheus, 2 months old, this is my dad, storyteller, and this is our first Library Shelfie Day in our home library reading “the book of the baby”! 


Você sabe o que é o #LibraryShelfieDay?


O nome é um trocadilho que faz a junção de “selfie” (foto de si mesmo) com “shelf” (estante). É uma iniciativa criada pela biblioteca pública de Nova York para celebrar a paixão pela leitura em sua biblioteca pública (ou pessoal, ou nem que seja uma prateleira com livros) preferido! No caso, tirei na biblioteca de minha casa, com meu filho Matheus que ouve histórias de boca e dos livros desde o útero e, até onde sei, amou participar!


Contação de Histórias e mediação de leitura


O Mistério Amarelo da Noite

com Fabio Lisboa

Grátis:

13/01/2024, sábado, 14h, no Sesc Santo Amaro

14/01/2024, domingo, 16h, na Biblioteca Parque Villa-Lobos


O menino está voltando sozinho para casa e, de repente, fica tudo escuro. Começa a correria, uma perseguição maluca que o leva o até o Beco Escuro. Escuridão, ruídos estranhos, medos reais e imaginários e pra salvar o dia: o Mistério Amarelo da Noite. O contador de histórias traz à luz história da tradição oral, narrativas pessoais e dos ouvintes.


Instagram:

https://www.instagram.com/fabiolisboahistorias e ao lado você acessa o book-trailer http://www.youtube.com/watch?v=0mYElcP1od0&feature=player_embedded


Autor e narrador: Fabio Lisboa

Ilustrações: Rogério Coelho

Foto: Juliana Roncada


#contacaodehistorias

#sescsp

#sescsantoamaro

#bvl

#biblioteca

#culturasp

#contarhistorias

#contadordehistorias

#tradicao oral

#storytelling

#wmfmartinsfontes

#culturadepaz

#literaturainfantil


Ilustrações: Rogério Coelho

Foto: Juliana Roncada

Contar Histórias e Cultura de Paz

Foto: Bianca Tozato
 

Contar histórias e a paz: juntos, a gente faz! com Fabio Lisboa

 

Data e horário: 17/12/23 - 11h

Local: Biblioteca do Sesc Jundiaí

Entrada Grátis. Classificação: Livre para qualquer idade

 

Era uma vez um homem muito poderoso da Pérsia, um Xá que, carrancudo e severo com o povo, queria encontrar uma pessoa realmente feliz em seu reinado. Disfarçado, encontra o Sapateiro Feliz. No entanto, o põe à prova, tentando fazer com que não se sinta mais feliz tirando-lhe o que lhe faz assim, enquanto o humilde - e sábio - sapateiro procura apenas ser criativo para continuar vivendo a sua vida “um dia depois do outro, na paz.”

 

Ao recontar um de seus contos favoritos, o autor e contador de histórias Fabio Lisboa mescla recursos simples da oralidade com sutilezas da literatura para abordar temas como tradição oral, cultura de paz, mudança de paradigma, perseverança e o poder das palavras. Ao escolher as histórias dessa sessão, o contador oferece aos ouvintes “histórias que nos transportam para outro tempo e espaço e, mesmo de lá, talvez nos transformem, no aqui-agora e daqui em diante, até percebermos que, juntos, a gente faz a paz”.

História: Pode ser bom ou pode ser ruim

 

Arthouse studio free license by pexels recriado em Dream Studio IA


Reconto: Fabio Lisboa

 

No tempo em que cavalos selvagens povoavam a China, morava em sua próspera fazenda, o sr. Liang – que na língua chinesa quer dizer “brilhante” - um sábio fazendeiro que encarava a vida com tamanha simplicidade que gostava de espalhar apenas um ensinamento - algo que havia aprendido há muito tempo, com um mestre mais velho que o próprio tempo – que nada mais era do que uma frase que adorava repetir nos mais variados acontecimentos.

 

Uma vez o filho do Sr. Liang conseguiu capturar e trouxe até o curral da fazenda da família um cavalo selvagem. Os amigos de Liang perguntaram a ele:

 

- O seu filho foi esperto e trouxe um novo cavalo para a fazenda, o que achou disso, Sr. Liang?

- Pode ser bom ou pode ser ruim, mas tenho esperança de que seja bom – respondia ele, oferecendo o frescor do seu principal ensinamento a quem tivesse ouvidos para ouvir.

 

Claro que muitos pensavam, como poderia ser ruim: um cavalo vale muito dinheiro! No entanto, após uma semana, ainda adaptando-se a nova vida, o cavalo fugiu. Foram perguntar novamente:

 

- O cavalo fugiu, o que achou disso, Sr. Liang?