Quem vence a batalha da linguagem:
O contato narrativo humano ou a tecnologia
audiovisual?
Por Fabio Lisboa
Os novos meios e tecnologias
(TV, videogames, Internet...) afastam as crianças e jovens de ouvirem histórias
e lerem livros? Os pais e professores devem proibir, ignorar ou encontrar
conexões entre as tradicionais e novas linguagens?
O mestre de contadores de
histórias Dan Yashinsky nos lembra que a discussão do Tradicional x o Novo ao Contar histórias não é nova...
O rei chamou o seu filósofo
para refletirem sobre o mais novo invento do reino. Era algo que faria as
pessoas se lembrarem do que ouviam. Uma invenção que faria com que os textos
declamados fossem perpetuados intactos para gerações futuras mesmo depois dos
aedos[1], portadores
da palavra, morrerem.
Essa nova tecnologia
chamava-se “escrita”. Debatiam o filósofo e o rei, no entanto, se fosse mesmo
implantada essa reengenharia na comunicação, mudanças graves poderiam ocorrer:
a começar pelo aedos, que perderiam os empregos! E o pior, no futuro, sem ter
os contos como ponto de encontro, sem ter mais o que contarem umas às outras,
mesmo juntas, num mesmo ambiente, as pessoas ficariam isoladas! Mas e os
benefícios, valeriam a pena?
O aprendizado da escrita
permitiria mesmo aos súditos do rei se lembrarem do que ouviam? Ou os faria
esquecer ainda mais rápido? Afinal, quem soubesse decifrar os códigos de um
texto não precisaria mais prestar atenção ao que ouvia...