Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

O Tradicional e o Novo ao Contar Histórias

Quem vence a batalha da linguagem:
O contato narrativo humano ou a tecnologia audiovisual?

Os novos meios e tecnologias (TV, videogames, Internet...) afastam as crianças e jovens de ouvirem histórias e lerem livros? Os pais e professores devem proibir, ignorar ou encontrar conexões entre as tradicionais e novas linguagens?

O mestre de contadores de histórias Dan Yashinsky nos lembra que a discussão do Tradicional x  o Novo ao Contar histórias não é nova...

O rei chamou o seu filósofo para refletirem sobre o mais novo invento do reino. Era algo que faria as pessoas se lembrarem do que ouviam. Uma invenção que faria com que os textos declamados fossem perpetuados intactos para gerações futuras mesmo depois dos aedos[1], portadores da palavra, morrerem.

Essa nova tecnologia chamava-se “escrita”. Debatiam o filósofo e o rei, no entanto, se fosse mesmo implantada essa reengenharia na comunicação, mudanças graves poderiam ocorrer: a começar pelo aedos, que perderiam os empregos! E o pior, no futuro, sem ter os contos como ponto de encontro, sem ter mais o que contarem umas às outras, mesmo juntas, num mesmo ambiente, as pessoas ficariam isoladas! Mas e os benefícios, valeriam a pena?

O aprendizado da escrita permitiria mesmo aos súditos do rei se lembrarem do que ouviam? Ou os faria esquecer ainda mais rápido? Afinal, quem soubesse decifrar os códigos de um texto não precisaria mais prestar atenção ao que ouvia...


Por milênios, os conhecimentos da humanidade foram acumulados pela escrita em bilhões de páginas de livros. Agora estes bilhões de páginas cabem numa rede virtual que une a humanidade num reinado só. Então o conhecimento agora está mais fácil de ser conhecido - ou esquecido? Se por um lado, o conhecimento está mais perto pois num clique chegamos até ele, por outro, também está mais longe já que poucos conseguem de fato acessar, entender e se aprofundar no conhecimento disponível.

E o pior, se perdermos a capacidade de ouvir uns aos outros, aí sim, nos rumos do futuro, estaremos todos perdidos...

Guerras. Preconceito. Intolerância. Impaciência. Falta de diálogo. Falta de histórias. Falta de entendimento. Mecanizar os atendimentos.... Copiar e colar as mentes! Tudo culpa do “assistir” a realidade em vez de imaginar e viver... Tudo culpa dos novos meios e tecnologias que afastam de fato as crianças e jovens da escuta e da leitura...?

Sem mais previsões alarmistas, o rei daquele tempo queria uma resposta rápida e objetiva do filósofo: - Afinal, essa nova tecnologia, a escrita, vai ser boa ou ruim para o futuro da humanidade? Convicto, o filósofo responde: - Depende.

Se o filósofo vivesse hoje, a resposta para os reis dos lares e escolas que querem o melhor para os súditos, digo, filhos e alunos, seria a mesma. Uma nova tecnologia não é boa ou ruim. Tudo vai depender do uso que se faz dela.

Veremos em quatro exemplos práticos se as novas tecnologias podem fazer com que os novos leitores, acostumados à leitura dinâmica, reduzida extensão das mensagens, a multiplicação de estímulos visuais e sintaxe elementar[2], aproximem-se de textos com menos (ou sem) imagens e narrativas mais longas.

“Once upon a time” (http://www.wetellstories.co.uk/stories/week3/)... Era uma vez uma história onde é você quem dá o nome a cada personagem e escolhe os que vão aparecer (um cavaleiro bêbado ou um poeta vagaroso?) e a qualidade que irão precisar mais (força ou sabedoria?).

“The 21 steps” (http://www.wetellstories.co.uk/stories/week1/). O leitor segue a trilha dos personagens pelas ruas de Londres retratadas pelas fantásticas imagens de satélite (quem pensou do reino “do Google”, acertou): “Eu era o homem errado no lugar errado na hora errada.”

“La interminable caperucita…” (http://www.angela-lago.com.br/Chapeuzinho.html). O internauta escolhe o caminho que a chapeuzinho vermelho deve seguir e a personagem que vai agir clicando nela... O texto é feito apenas de imagens e animações. Você vai fazer a “Caperucita” ouvir o lobo ou não? Pegar um atalho ou apanhar flores pela estrada afora?


Nos três casos acima, trata-se de obras inspiradas nos clássicos (recontados interminavelmente por Hans Christian Andersen, John Buchan, irmãos Grimm, Angela Lago...). Mas até que ponto o contato com essas três criativas formas de narrar, incentiva também a (re)leitura dos clássicos originais? Além das três versões serem visualmente impactantes, o que mais as faz saborosas ao novo leitor virtual[3]?

Em comum nestas propostas está o fato delas permitirem que o leitor (em maior ou menor grau):
1-     Interaja com o texto.
2-     Influencie no desenrolar da trama.

E o que estas novas tecnologias e esse novo jeito de se contar histórias tem a ver com a escuta e com os tradicionais contadores de história?

Ao narrar oralmente a história do dia em que me perdi quando criança, “O Mistério Amarelo da Noite”, almejo que estes dois aspectos de interatividade sejam explorados. Ao transcrever a narração, na prática, busquei fazer o leitor ser cúmplice do narrador que, por exemplo, quando se perde na escuridão, se dirige ao primeiro: “E agora, pelo escuro ou pelo mais escuro?”


Quanto a influenciar no desenrolar da trama, o mistério não é revelado sem antes ser proposto para que o leitor crie o seu final. Além de escrever no próprio livro, o leitor pode enviar a sua resolução e compará-la com outras.

A resolução do Enzo ficou assim “então perguntamos quem é você? Ele respondeu, sou a sua imaginação...”. E o Gabriel disse: “O menino então venceu seu medo e ganhou mais um amigo.”

Na intersecção da resposta dos novos leitores: a imaginação pode ser o melhor amigo do ser humano. Que bom se as histórias, mediadas (ou não) pelas novas tecnologias, conseguirem nos fazer mais amigos de nossa própria imaginação! Livres pensantes! Facilitadores do contato narrativo humano! Agentes da socialização do conhecimento! Leitores, falantes e ouvintes que traçam novas rotas rumo a um futuro melhor.

Que ruim se a nossa imaginação for sempre mediada pelas novas tecnologias e pelo mercado! Pensamentos em série! Imaginário copiado e colado...

Agora é você, leitor, que nos conta como interromper as repetições continuadas para refletir:
Como foi sua interação com os quatro exemplos práticos? Tem alguma outra dica de bom (ou mau) uso da tecnologia? Como você conecta o tradicional e o novo ao contar histórias? Alguma vivência como rei ou filósofo?....


Ilustrações do livro: Rogério Coelho

Recomendações bibliográficas
Literárias

ANDERSEN, Hans Christian - Fairy Tales - Penguin Classic Paperback: 2006
BUCHAN, John - The Thirty-Nine Steps - Penguin Classic Paperback: 2004
LAGO, Angela – diversos títulos.
LISBOA, Fabio – O mistério amarelo da noite, São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009, 1ª Ed.

Teóricas
COLOMER, Tereza - Andar entre Livros, São Paulo: Ed. Globo p. 23
CUNHA, Maria Zilda – Na tessitura dos signos contemporâneos: novos olhares sobre a literatura infantil e juvenil – São Paulo: Ed. Paulinas, 2010, 1ª Ed.
MATOS, Gislayne Avelar – A palavra do contador de histórias: sua dimensão educativa na contemporaneidade – São Paulo: WMF Martins Fontes, 2005
NASCIMENTO, José Augusto de A. Literatura Infantil e cultura hipermidiática: relações sócio-históricas entre suportes textuais, leitura e literatura. Dissertação de Mestrado; orientador José Nicolau Gregorin Filho. São Paulo, 2009.
SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Editora Paulus, 2004.

Webografia:

ABSTRACT
Quem vence a batalha da linguagem: O contato narrativo humano ou a tecnologia audiovisual? A discussão não é nova e começa com um rei chamando o seu filósofo para refletirem sobre um invento controverso. Após a reflexão teórica sobre esta nova tecnologia da comunicação, exemplos práticos ajudam a pensar se as novas linguagens afastam (ou aproximam) as crianças e jovens de ouvirem histórias e lerem livros.

Contato:
Fabio Lisboa
(11) 9 9393 4503 



[1] Na Grécia antiga, eram chamados de Aedos os declamadores dos poemas épicos, eles eram os contadores de histórias da época.
[2] COLOMER, Tereza - Andar entre Livros, São Paulo: Ed. Globo p. 23
[3] Leitor virtual ou imersivo, expressões cunhadas por SANTAELLA, Lucia - Navegar no ciberespaço.

19 comentários:

Anônimo disse...

Tudo no universo é equilíbrio por esta razão acredito que a mistura da forma tradicional e contemporânea de comunicação devem caminhar juntas tanto os livros impressos quantos livros digitais assim como a sol e a lua e a luz e a escuridão. a face da terra ja sofreu muitas mudanças desde da era gelo ou seja sempre haverá transformações e que se precisa é de sabedoria para dominá -la

Enviado por: Marcos Roberto de lima

Fabio Lisboa disse...

Marcos Roberto, Obrigado pelo comentário, que não nos deixemos dominar pela tecnologia mas sim a dominemos, equilibrando sempre a balança do conhecimento entre o tradicional e o novo...

Anônimo disse...

Olá Fábio! Gostei muito da sua reflexão a respeito do contato narrativo humano e a tecnologia visual . Como educador, eu acredito que as novas tecnologias promovem a interação das pessoas com o texto e dão-lhes a oportunidade de contribuir para a construção do conhecimento a partir de suas experiências de vida e profissional. Pelo contrário, as novas tecnologias não afastam as crianças e jovens de contarem estórias e lerem livros. O leitor do século 21 não é mais passivo. Ele quer e precisa interagir com o texto. Ele constitui um elemento importante na mediação do conhecimento. Essas novas formas de linguagem os fazem sentir seres pensantes e agentes promotores da socialização do conhecimento. Como professor de inglês, eu montei dois blogs há um tempo atrás, onde os alunos dos níveis pré-intermediário e intermediário tinham a oportunidade de pesquisar sobre diversos assuntos, postar na rede, compartilhar com os demais colegas suas pesquisas e intercambiar conhecimentos. A partir dessa experiência, eu percebi os alunos mais envolvidos e motivados com o curso. Eles também se sentiram mais importantes, pois notaram que o grupo tinha interesse e comentavam sobre o que eles mesmos postavam. Dessa forma, os alunos iam desenvolvendo a própria autonomia e se sentindo mais envolvidos e responsáveis pelo seu processo de aprendizagem. Leonardo Soares Cultura Inglesa - São João del-Rei (MG)

Enviado por: Leonardo Rodrigo Soares

Fabio Lisboa disse...

Hello there, teacher Leonardo! Obrigado por contar a sua experiência positiva usando a tecnologia a favor do conteúdo de suas aulas (ampliando o tempo e os limites dos conteúdos trabalhados) e favorecendo a produção dos alunos e o intercambio espontâneo entre eles na língua inglesa (com certeza um dos maiores desafios dos teachers!).

O dia em que quiser relatar em mais detalhes, disponibilizar os links etc, podemos combinar uma postagem no meu blog ou quem sabe até um e-talk!

Thx for sharing your experience!

Anônimo disse...

o afastamento do conhecimento mais aprofundado não é devido, somente, a tecnologia avancada dos novos tempos, mas tambem a rotina cansativa dos dias atuais. trabalha-se muito, os pais ja nao tem tempo para contar hisotiras aos filhos como faziam ha 10 ou 15 anos. as criancas ja nao tem prazer em ler um gibi, pois sabem que podem assisitir o desenho pelo computador, e seus pais nao conseguem estilmular esse prazer, pois estao no trabalho. essa funcao passou a ser do professor/educador, que hoje passa mais tempo com as criancas que seus familiares. mas mostrar o lado bom do avanco tecnologico resgata e melhora isso tudo. existem inumeros sites que mantem livros interativos (exemplificados aqui), historias em quadrinhos, contos, romances, sendo que muitos sao animados, o que atrai muito as criancas de hoje. a beleza dos desenhos e imagens, junto com o conhecimento. acredito que seja o casamento perfeito, para estimular, aprender e compreender o mundo.

Enviado por: Daniele Camilo soares

Fabio Lisboa disse...

Oi Daniele,
Às vezes parece que quanto mais tecnologia e velocidade da informação-conexão-estímulos audiovisuais, menos tempo para o contato entre as pessoas (e menos paciência pra com elas – que dirá para ouvir e contar historias com elas)! No entanto, não devemos nos deixar (como comenta a Elizabete) atropelar pela informação! Nem (como vc ressalta) desistir de contar historias! Nem ficar olhando para o celular e teclando em frente a uma pessoa que se reuniu pra estar conosco por perto! Nem demorar tanto (veja que paradoxo) pra responder e-mails e comentários on-line bacanas com o de vcs! Mas aos poucos a gente vai aprendendo a lidar com o tempo e os emaranhados tecnológicos, “desenmaranhando-os”, rs...

Mesmo que as vezes nos enganemos no planejamento (por exemplo, eu mesmo demorei um bom tempo pra responder)

Anônimo disse...

Gostaria de parabenizá-lo pela pesquisa, muito interessante.Os links que vc colocou e os livros me ajudaram muito em meus estudos.Obrigada.

Enviado por: Aracely Mehl Gonçalves

Fabio Lisboa disse...

Que bom saber que o texto foi útil para os seus estudos, Aracely! Fiquei curioso de saber que estudos são esses... fique a vontade de aprofundar os debates e contar mais sobre os seus estudos pelo blog ou e-mail...

Anônimo disse...

Acho que fui atropelada por tanta informação. Fabio, não teria como vir à SBS de Santos com suas palestras? Vou confessar que até achava que contar histórias era coisa do passado. Até que no ano passado fui ao SESC -Santos fazer uma oficina com uma contadora de histórias, fiquei apaixonada. Ela diante da platéia contando uma história, sem nada, era a voz e a narrativa. Depois trabalhamos em grupos, cada um contou uma história, eu desenterrei uma história da minha infância da qual nem me lembrava mais. Saí do curso entusiasmada com este uso da oralidade mesmo nos tempos de tanta tecnologia, cliques, "enters"etc. Este saber contar uma história ainda permanecerá por muito tempo, a questão é não deixar desaparecer. Obrigada pela rica leitura do seu material. Elisabete

Fabio Lisboa disse...

Que bom que vc foi atropelada (pela informação) e sobreviveu! Mais um milagre do mundo das histórias! E que legal que vc não quer mais parar de usar o recurso ancestral de cura que as narrativas proporcionam para salvar outras pessoas “atropeladas”! Adoro Santos! Pode cobrar do pessoal da SBS que a gente combina algo por aí!

E conte pra nós tb quem é essa contadora tão encantadora!

Anônimo disse...

Boa Noite, Na atualidade é necessário inovar ao contar histórias, as crianças e jovens buscam um mundo de informações e ganha tudo aquilo que propõe novidades. O novo é bem vindo, mas é bom ressaltar que não é porque algo é novo (programações da tv, internet, livros...) que significa ser bom, faz-se dever dos pais e educadores oferecer condições para que se possa perceber a qualidade desse novo. Todavia é essencial aproveitar as novas tecnologias a favor das histórias se utilizada de modo qualitativo pode fazer toda a diferença na construção de bons leitores.

Enviado por: MARIA PAULA DE OLIVEIRA FONSECA

Anônimo disse...

Fiz um ocmentário, mas penso que não postei. Enfim gostaria muito de vê-lo por aqui em Santos, já que há uma filial SBS. Como colocado no convvite do dia 26/03, a arte de contar histórias está ainda muito viva. Participei de uma oficna no ano passado de contador de histórias, encontrei uma história da minha infância da qula nem me lembrava, a emoção revivida por mi e creio que pelos participantes foi inesquecível. A minha pergunta é sabemos realmente contar? Qual é o segredo? Está na emoção (re) vivida pelo contador, memso que sej a enésima vez que ele conte a mesma história? Visitei o site www.wetellstoires.co.uk. Realamente a primeira história com o uso do google fica inacreditável. Bem espero um dia podermos trocar mais ideias.Sucesso e obrigada.

Enviada por: ELISABETE

Fabio Lisboa disse...

Oi Elizabete, o seu comentário foi postado sim (duplamente, inclusive, rs). O segredo de uma história ser inesquecível? Bem, se vc descobrir o segredo conte pra nós :O) ! Pior é que acho q vc já descobriu, a resposta está na sua pergunta...

Fabio Lisboa disse...

Olá, Fábio, Adorei seu E-talk, quero Parabenizá-lo pela mesma, e pelo seu trabalho como Contador de Histórias, que é um exemplo magnifico e fascinante para as crianças.Na Pastoral do Menor da comunidade de Louveira, cidade onde resido, nós temos a hora de Contação de Histórias, temos um baú mágico, cheio de fantasias, seu E-talk me fez lembrar de como é importante cativar a criança por meio de uma história.Como professora, vejo e admiro a arte de contar histórias, como um vinculo com a leitura e estimulo com os livros, em contar uma história a criatividade, contribui para expandir o vocabulário, incitar a memória auditiva e visual, imprescindível para a formação de crianças e jovens.Parabéns mais uma vez pelo E-talk, adorei muito e gostariade dizer também que realmente eu concordo com você devemos fazer o leitor ser cúmplice do narrador, fazer das novas tecnologias,amigos de nossa própria imaginação! Livres pensantes! Fazer com que as crianças descubram os detalhes da cena e a vivencia, pois as histórias transmitem ora alegria, ora tristeza, dependendo do modo como é contado produzem linguagens contextos de identificação reveladora aos olhos e ouvidos dos ouvintes.

Enviada por: Rita de cássia lourençon

Fabio Lisboa disse...

Olá Rita,

Mto legal vc abrir pra nós um pouco do seu baú mágico de histórias de Louveira! Que bom que vc tem esta percepção de tantas coisas boas que o uso da contação traz às crianças. Espero que consiga fazer com que os pais das crianças de Louveira tb enxerguem isso!

E continue usando mtas boas historias no seu louvável trabalho como professora e na Pastoral do Menor!

Anônimo disse...

Olá Fabio, quero parabenizá-lo pelo assunto escolhido. Realmente acho que só culpar à tecnologia pela afastamento dos nossos jovens de lerem livros, é incorreto. Os adolescentes de hoje tem outros interesses e gostos em comparação, por exemplo, dos adolescentes da minha geração. Vide o caso dos novos best sellers: a saga "Crepúsculo" e a série "Harry Potter". Acho que o que os afasta da leitura é o pouco interesse dos pais e educadores de conhecerem essa nova realidade que os jóvens vivem. Eu vivi uma situação dessas quando o pai duma adolescente que conheço, se queixava que a filha não lia o suficiente. Ele me comentou que tinha comprado vários livros, mas eles estavam mofando no estante da habitação da menina. Quando, por curiosidade, fui a ver quais eram os títulos, me surprendi ao perceber que o pai tinha comprado livros de autoajuda para adolescentes e outros similares. Não estou querendo dizer que não tenha adolescentes que gostem desse tipo de literatura, mas o que me "irritou" (por falar de algum jeito) foi o pouco que esse senhor conhece a sua própria filha (Nota aparte: ela adora qualquer livro que fale sobre vampiros). Por esse motivo, acho muito importante conhecer os interesses dos jovens, para ajudá-los e motivá-los ao prazer da leitura.

Enviado por: Karina elizabeth somacal menon

Fabio Lisboa disse...

Eu fui fisgado pela literatura pelos livros de mistério para jovens, escritos pelo Marcos Rey! E como vc mmo disse, alguns leitores são potencializados até por autoajuda, outros são ajudados a ler pelos “diários de otários” da vida (humorísticos?) e outros viram leitores vorazes ao serem mordidos pelo tema vampiresco!

Concordo com vc quando diz que todo o pai (assim como todo a mãe, avô, avó, professor, contador de histórias, escritor e incentivador de leitura que se preze) tem que ser, antes, um bom ouvinte! Assim, saberemos o que quem nos escuta e nos lê quer ler e ouvir.

O desafio é fazer com que o gênero preferido seja apenas a porta de entrada para um mundo literário infinito...

Anônimo disse...

Fabio, gostaria de saber se posso postar em meu blog este texto que você escreveu. achei muito interessante e faço a citação conforme consta.

Jusley Monteiro de Sousa Maropo
http://lericontar.blogspot.com.br/

Fabio Lisboa disse...

Olá Jusley, será uma honra ter o meu texto em seu blog! Alias,s e quiser mandar alguma sugestao do seu para entrar no meu, adoro ter convidados tb. Se preferir, mande por e-mail, por favor: fabio.lisboa@imagineprojetos.com. E se achar outro post aqui que queira publicar a mais, dando a autoria e link, nem precisa perguntar, a casa é sua,rs. Visitei o seu blog, está muito útil e caprichado, parabéns!

Postar um comentário