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A Lenda da Maratona

480-470 A.C., figura grega panatenaica retratando a corrida chamada de "hippios".
Recontada por Fabio Lisboa

O ano era 490 A.C. A batalha seria conhecida como a primeira Guerra Médica. E o maior herói desta história não seria um soldado matador e, sim, mensageiro. Ele traz consigo uma palavra redentora.

Os gregos partiram para a planície de Maratona para guerrear com os persas. Estes, em vantagem na batalha, haviam declarado que, se ganhassem a guerra, invadiriam a cidade grega de Atenas, matariam todas as crianças e estuprariam as mulheres. Em vista desta ameaça, os militares gregos, antes de partir, fizeram então uma exigência terrível e até irônica a suas famílias: se em um dia não chegasse a notícia da vitória, as mulheres deveriam matar os filhos e se suicidar, antes da chegada dos bárbaros persas.

Dois dias antes, porém, Fidípedes, o soldado mensageiro mais ágil e resistente de toda a Grécia, havia sido enviado para buscar reforços em Esparta. Estes, talvez menos por questões religiosas e mais porque não queriam se envolver, disseram que teriam que esperar a lua cheia para ajudar. Seria tarde. O herói continuou veloz como o fogo rumo a Maratona. Ele percorreu mais de 200 km em 2 dias. Os reforços militares não vieram com ele, mas a sua chegada deu um novo ânimo aos seus compatriotas e, finalmente, os gregos venceram.

Todavia, se passaram muito mais de 24 horas desde que haviam deixado Atenas e agora temiam que os militares atenienses que ficaram por lá forçassem as mulheres a executar o plano genocida e suicida.

Tendo esta emergência em vista, o general Milcíades não teve dúvidas, escolheu novamente seu melhor mensageiro para a missão de levar a notícia de vitória o quanto antes para impedir o massacre. Em pouco mais de 3 horas, o soldado que seria lembrado como o herói Fidípedes correu por 42 km, da planície de Maratona até Atenas, trazendo, enfim, a notícia pacificadora, conseguindo, ao chegar, antes de morrer de exaustão, pronunciar apenas uma palavra: “Nenikikamen” (“Vencemos”).


Mas afinal, o que significa vencer e a quem vencemos? A corrida de Fidípedes, ocorrida no percurso de Maratona, a história de um herói carregando uma iminente mensagem salvadora, inspiraria a criação da primeira - e a única - modalidade esportiva olímpica baseada numa lenda. A Maratona. Uma narrativa e uma prova que até hoje incentiva milhares de atletas e pessoas comuns ao redor do mundo a vencer. E “vencer”, neste caso, não significa chegar em primeiro lugar e, sim, completar a corrida. Seja em 2 horas, em 8 horas, ou mesmo andando, como a tetraplégica, com a ajuda de um exoesqueleto, em 16 dias. Exatos 42km e 195 metros. Um monumental desafio que conclama a cruzar fronteiras e até hemisférios; a correr nas ruas, nas montanhas no ar rarefeito, no gelo, nas savanas ou nas areias do deserto; nos chama a vencer não só os percaussos do caminho mas as nossas próprias barreiras, o nosso próprio muro dos 30 km, onde o glicogênio que dá energia ao corpo acaba e o corpo começa a consumir a energia da gordura do próprio corpo, e a fadiga é tão intensa que a vontade de desistir só pode ser superada por um objetivo maior, que talvez possamos resumir nas expressões dos que já finalizaram a prova: “superar os próprios limites”... “vencer a si mesmo”... Assim, inspirados em Fidípedes, sempre que corrermos juntos carregando conosco uma mensagem de paz: “vencemos”!

Lenda grega recontada por Fabio Lisboa

Conheça o projeto:
Maratona de Histórias: dos Heróis da Mitologia aos Heróis das Olimpíadas
Contação de Histórias e Oficinas com Fabio Lisboa e convidados

Sobre a Lenda da Maratona
Inspirada nos relatos de Heródoto, Guerras Persas vol. VI, cuja versão é considerada romanceada pelos historiadores modernos. Em outras versões, Pheidippides, Phidiphedes, ou Fidípedes, corre “apenas” 42 km e não 240 km em 2 dias como neste reconto.

Imagem
Data aproximada de 480-470 A.C., figura grega panatenaica isolada extraída de pintura [possivelmente em vaso de cerâmica], retratando a corrida de meia distância chamada de "hippios". Fonte: http://www.mlahanas.de/Greeks/Philipides.htm

Histórias Reais
Dean Karnazes http://www.ultramarathonman.com, http://www.thenorthface.com/na/athletes/athletes-DK.html, é um grego-americano de San Francisco, o atual melhor corredor de ultramaratona do mundo: correu por 3 dias sem parar uma distância de aproximadamente 420km. Isso são dez maratonas de uma vez! Ele também correu para o pólo-sul e através do vale da morte. Veja também http://www.msnbc.msn.com/id/7444815/site/newsweek/.

Heróis anônimos
Meu pai, Joaquim Martins Rosa, depois de mais de 20 anos treinando, já com mais de 40 anos, completou a maratona. Na chegada, em tempo excelente para a sua idade, precisou de apoio para não cair e cobertor distribuído pelos organizadores para combater a hipotermia. Nunca deixou de praticar o esporte, segundo os seus incansáveis diários de corrida, já tendo percorrido o raio da Terra e buscando atingir o diâmetro terrestre. Em 2016, com 74 anos, ainda corre, dia sim dia não, em torno de 3 a 6 km, sempre na disputada raia de fora da pista da AAAOC/USP. E continua divulgando a seus filhos, familiares, amigos e colegas, veteranos ou iniciantes de pista, os benefícios da prática esportiva, da alimentação saudável e da busca por melhorar o potencial de cada um.





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