Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

Vídeo: Não Bata, Eduque! - Contar Histórias e Cultura de paz

Uma campanha a favor dos direitos das crianças e contra os castigos físicos e humilhantes.
Campaing for ending physical punishment


Cada geração tem a chance de interromper o ciclo de violência imposto pela geração anterior. Claro que do ponto de vista dos autores da prática (especialmente pais e pessoas próximas), eles não acham que estão sendo violentos e sim estão “educando”. Mas a “palmada educativa” tem se mostrado ineficaz e quase sempre gera o efeito inverso do esperado pelos que as aplicam: as crianças se sentem agredidas, indefesas, incompreendidas. A “surra psicológica” também gera o mesmo efeito negativo.

Amar, dialogar, ouvir, compreender, ensinar, disciplinar, aprender, proporcionar atividades prazerosas, brincar e contar histórias, claro, são algumas das melhores ações educativas possíveis para alimentarmos o ciclo de uma cultura de paz.

Veremos então a relação entre o ato de Contar Histórias e a Cultura de paz, os efeitos do castigo físico e humilhante e começaremos o artigo com uma reflexão sobre como (muitas vezes sem querer) alimentamos o “ciclo da violência” e a importância de quebrá-lo.

Alimentando o ciclo da violência*
 
O uso do castigo físico infligido a uma pessoa faz parte de um “ciclo” de violência. Entretanto, muitos pais ainda não enxergam dessa forma, pois esta metodologia educativa está fortemente legitimada em nossa sociedade. Os pais que utilizam o tapa, a palmada ou a chinelada para educar o fazem acreditando que estão fazendo o melhor para seus filhos, mas não percebem que, na verdade, estão infringindo o direito que as crianças possuem (assim como qualquer outro ser humano) ao respeito pela sua integridade física e dignidade humana.

Se a violência física contra um adulto não é aceitável socialmente, sendo passível inclusive de sanções legais, porque a violência contra a criança deve ser aceita? Os pais não vêem que, ao utilizarem o castigo físico, estão abusando da diferença de poder que existe numa relação entre um adulto e uma criança.

Efeitos do castigo físico e humilhante*

Os efeitos do castigo físico e humilhante não podem ser generalizados para todas as crianças, pois dependem da experiência de vida de cada um e da configuração familiar em que a criança encontra-se inserida. 

Entretanto, uma conseqüência direta do uso do castigo físico é o aprendizado, por parte da criança, de que a violência é uma maneira plausível e aceitável de se solucionar conflitos e diferenças, principalmente quando você está em uma posição de vantagem frente ao outro, principalmente física (como no caso do adulto frente à criança). E este aprendizado é transportado para outras relações da criança, como para a sua relação com um irmão mais novo, por exemplo. Também percebemos que, em muitos casos em que a criança sofre com castigos físicos e violências psicológicas freqüentes, ela pode apresentar um perfil retraído, introvertido. Se a criança não tiver uma rede de apoio forte (outros parentes ou outras pessoas que lhe sejam significativas e que lhe tratem de maneira diferente), a sua auto-estima fica tão comprometida que vemos como consequências a insegurança, o medo, a timidez, a passividade e a submissão.

Muitas vezes, a violência física e/ou psicológica acaba acontecendo num rompante, e não por metodologia. Nestes momentos os pais podem sentar com seus filhos e serem sinceros com eles, explicando que perderam o controle e que se arrependem por isso. Este tipo de atitude é um ótimo exemplo de humildade e de respeito para com o outro. Ao sentarem para conversar com seus filhos, os pais darão o exemplo de que pedir desculpas não é algo do qual a criança deva se envergonhar e de que errar é humano, que nem sempre eles, pais, irão acertar em tudo, apesar sempre desejarem o melhor para seus filhos. Além disso, este é um ótimo momento para ouvir a própria criança e procurar, juntamente com ela, estabelecer as “regras” de convivência para todos dentro de casa. Por exemplo, o pai ou a mãe podem identificar que não agiram da melhor forma porque foi justamente no momento em que chegavam estressados do trabalho. Junto com a criança, eles podem conversar com ela e estabelecerem juntos que, quando isto acontecer, eles precisarão de um tempinho para respirarem fundo, relaxarem e, então, darem a atenção de qualidade que a criança merece.

* Fonte: Campanha “Não Bata. Eduque.” http://www.naobataeduque.org.br/site/pais_educadores/efeitos.php!

Cultura de paz e Contar histórias

Dois dos oito princípios da Cultura de Paz (defendidos pelo Manifesto 2000-UNESCO) dizem respeito ao tema da campanha “Não bata, eduque!”. Os dois princípios são: Rejeitar a violência e Ouvir para compreender. Ao contar histórias, não apenas “falamos” destes valores, mas os praticamos.

Por isso, quem conta histórias deve estar com os ouvidos abertos para entender se o ouvinte está entendendo a história. Ao dar voz ao ouvinte e tentar entender o seu ponto de vista de entendimento também demonstramos na prática a importância de “ouvir para compreender”. E devemos tentar compreender também as crianças menores (ou jovens ou adultos que por outros motivos) não se manifestam oralmente.  Podemos dar palavras para tentar expressar seus sentimentos e expressões corporais e faciais.

O grupo “O Rappa” canta a importância de poder se expressar pacificamente: “Paz sem voz, não é paz, é medo.” O ouvinte que ouve histórias por prazer, em paz, está relaxado e preparado para se expressar da maneira que puder. As narrativas o tocam profundamente e ele vai querer tocar os outros recontando sua experiência. O ouvinte vai querer também reviver e reinterpretar estes sentimentos e por isso vai gostar de recontar e/ou ouvir incontavelmente o conto.

Vídeo e história relacionados:

Vídeo: Crianças veem. Crianças fazem.

História: O Céu e o inferno - O monge e o samurai


Mais informações “Não Bata. Eduque”:

A Rede Não Bata, Eduque! é formada pelas organizações:
• Agência Nacional dos Direitos da Criança (ANDI)
• Comunicarte
• Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
• Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente
• Fundação Abrinq
• Fundação Xuxa Meneguel
• Promundo
• Projeto Proteger
• Save the Children Suécia


2 comentários:

Ale Jungermann disse...

Fá,

Obrigado pelo post. É só o que - como pai "recente" (O Leo tem 2 anos) - eu posso dizer sobre o post.

Abs

Ale Jung

Fabio Lisboa disse...

Eu que agradeço pela visita, Alê! Ainda não tenho a experiência na prática, mas tenho certeza que um filho nos faz querer sermos melhores!

E tenho certeza que um dia o Leo vai fazer de tudo pra ser um pai ainda melhor do que os pais da nossa geração...

Abs,
Fabio

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