Uma resposta aparentemente simples...
A resposta simples seria: contar histórias serve para fazer a criança dormir, ora! Quando criança, ao ouvir o fatídico chamado “hora de dormir”, eu obedecia na hora pois adorava pular para a cama. Bem, o mais correto seria dizer que eu adorava pular na cama. Na vertical! E a alegria de se imaginar um atleta olímpico na “cama elástica” e desafiar os pais não tem hora.
Bem, acredito que a infância desafiadora e saltitante não tenha mudado muito nestas poucas dezenas de anos (talvez com exceção dos “duplo twist carpados em 3D” e outros saltos “kinécticos” que não existiam até então).
Mas os pais continuam tendo o poder de impedir que as camas desmontem antes da criança completar 6 anos. Uns impõe sua autoridade pela lei do mais forte, pelo corte de algum prazer sensorial como ficar sem sobremesa (ou TV) ou então pela recompensa. No quesito recompensas sensoriais, alguns pais oferecem chocolates e doces (infalíveis, claro, mas obviamente nada educativos nem tampouco saudáveis) como moeda de barganha. Todavia, este tipo de escambo é inegociável quando se tem uma mãe nutricionista, então, por mais que eu e meu irmão tentássemos, a mínima cota diária de doce raramente era ampliada - e nunca para impedir nossos saltos quase-mortais.
No entanto, a recompensa que minha mãe oferecia era insuperável. Tinha mil formas, mil sabores, em mil mundos diferentes com mil sóis brilhantes. Podia ser na forma simples de uma casinha no meio da floresta, um abrigo que acolhe meninos e meninas perdidos na mata. E essa casinha, podia ser muito mais doce do que uma barrinha de chocolate porque a casa inteira era feita de doces... afinal, podia ser a casa da bruxa de João e Maria!