De um lado da ponte um cooperativo. Um bode. Com patas fortes e flexíveis o suficiente para subir montanhas, desviar de pedras e não cair de pontes sinuosas. Do outro lado da ponte, outro cooperativo. Outro bode. Com outras patas fortes e flexíveis.
Os dois queriam conhecer um novo horizonte do outro lado da ponte. Só que a ponte era estreita, escorregadia e sinuosa. Mas os dois bodes gostavam de ajudar os outros. E naquele dia os bodes acordaram com o nascer do sol e tentaram a sorte. Como o sol nasce pra todos daquele lugar na mesma hora, os dois cooperativos chegaram bem na mesma hora. Sorte a deles!
Um cooperativo começa a dura travessia pela curvilínea ponte e o outro também. No meio do trajeto, os dois se encontram, se olham com tranquilidade e começam um diálogo sobre o projeto:
- Olá, bom dia, bode!
- Olá meu bom bode, bom dia!
- Ô bode, eu reparei que o seu objetivo é atravessar a ponte... então, por favor, passe você primeiro!
- Não, não, você primeiro, faça-me o favor!
- Não, não, não, digo eu, aliás, sim, sim, sim, bode, se assim posso eu, mais ainda pode você: atravesse primeiro, meu querido!
- Sim, sim, sim, digo eu, seu bodim, pode vim!
- Tá, tá, tá, então vamos fazer assim: pra não dar bode, eu vou te dar um presente... é fim de ano, Natal, você não vai recuar, digo, recusar, vai?
- Oba! Assim pode, bode! Presente eu não posso recusar mesmo!
- Pois o meu presente é você passar primeiro...
-Aceito - com uma condição: que você aceite também o meu presente em retribuição!
- Claro, assim pode, bode!
- Pois o meu presente é... Você passar primeiro!
- Bem, se eu ganhei mesmo este presente e você também ganhou o mesmo, então vamos em frente!
- Em frente!
- Olha a frente!
- Olha a frente!
E os dois saltitaram rumo a uma inevitável colisão! Mas lembra-se que eles tinham patas flexíveis... Antes de darem um encontrão, os dois se enlaçaram e deram-se as mãos, digo, as patas.
Se cumprimentaram. Se espremeram. Foi um pedindo licença ao outro e sabe o que? Dali a pouco um que veio de um lado estava do outro e o outro que veio de outro estava de um. Enfim, passaram os dois, com jeitinho e sem cair.
Despediram-se cordialmente enfim.
E chegando do outro lado, ficando maravilhado com o novo horizonte além da ponte, um dos bodes pensou assim:
- Puxa, que maravilha passar um novo dia neste lugar tão lindo... E tudo graças àquele bode...
E adivinhe o que o outro pensou:
- Puxa, que maravilha passar um novo dia neste lugar tão lindo... E tudo graças àquele bode...
Referência
História criada por Fabio Lisboa “em resposta” ao conto da tradição oral russa recontado aqui com o título de “Dois bodes cabeça-dura e uma ponte estreita”.
Música
Pra quem leu e quiser cantar, é só inventar a melodia que desta história surgiu um Xote do Bode:
Assim, sim, pode, bode, eu vou te ajudar
Assim, sim, pode, todos vamos cooperar
Foto:
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