Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.
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Tem dias que o que a gente mais precisa é de uma boa história

Foto: Cherry_fruit_loop
Servos, senhores, um amigo contador de histórias e o verdadeiro Mestre
Tem dias que o que a gente mais precisa é de algo sagrado... Mas como viver algo assim, eterno, no mundo do aqui-e-agora? Tem dias que o que a gente mais precisa é de uma massagem nos pés... Mas onde encontrar alguém (profissional não vale!) disposto a fazer isso por nós (como um ato de gentileza, de amor ou de amizade)? Tem dias que o que a gente mais precisa é contar o que se passou conosco... Mas quem estaria disposto a nos ouvir de fato?

Tem dias em que só encontramos espinhos pelo chão, portas e ouvidos fechados... e nestes dias de pés sujos e feridos é bom lembrar de histórias de pessoas que passaram por situações tão ásperas quanto as nossas e que encontraram reconforto nas palavras e ações de um grande mestre...


Era uma cidade onde as portas eram recobertas de espinhos e as pessoas eram ainda mais duras, indiferentes e hostis do que as portas. Uns tinham medo dos outros. Um império impunha as leis da vida e a cultura. Neste lugar inóspito o inimigo estava fora e dentro das casas.

História: Dois bodes cooperativos e uma ponte estreita


por Fabio Lisboa

De um lado da ponte um cooperativo. Um bode. Com patas fortes e flexíveis o suficiente para subir montanhas, desviar de pedras e não cair de pontes sinuosas. Do outro lado da ponte, outro cooperativo. Outro bode. Com outras patas fortes e flexíveis.

Os dois queriam conhecer um novo horizonte do outro lado da ponte. Só que a ponte era estreita, escorregadia e sinuosa. Mas os dois bodes gostavam de ajudar os outros. E naquele dia os bodes acordaram com o nascer do sol e tentaram a sorte. Como o sol nasce pra todos daquele lugar na mesma hora, os dois cooperativos chegaram bem na mesma hora. Sorte a deles!

História: Dois bodes cabeça-dura e uma ponte estreita



Recontada por Fabio Lisboa

De um lado da ponte um cabeça-dura. Um bode. Com aqueles chifres bem duros grudados na cabeça. Do outro lado da ponte, outro cabeça-dura. Outro bode. Com outros chifres inflexíveis que não saiam da sua cabeça.

Os dois queriam conhecer o horizonte do outro lado da ponte. Mas a ponte era estreita e escorregadia. E os dois birrentos. E briguentos. E todos os dias os bodes acordam com o nascer do sol e tentam a sorte. O problema é que, como o sol nasce pra todos daquele lugar na mesma hora, os dois teimosos chegam sempre na mesma hora. Azar, neste dia, como em muitos outros:

Um cabeça-dura começa a dura travessia pela estreitíssima ponte.

Do outro lado, ao mesmo tempo, o outro cabeça-dura começa a dura travessia no estreitíssimo sentido oposto.