Recontada por Fabio Lisboa
De um lado da ponte um cabeça-dura. Um bode. Com aqueles chifres bem duros grudados na cabeça. Do outro lado da ponte, outro cabeça-dura. Outro bode. Com outros chifres inflexíveis que não saiam da sua cabeça.
Os dois queriam conhecer o horizonte do outro lado da ponte. Mas a ponte era estreita e escorregadia. E os dois birrentos. E briguentos. E todos os dias os bodes acordam com o nascer do sol e tentam a sorte. O problema é que, como o sol nasce pra todos daquele lugar na mesma hora, os dois teimosos chegam sempre na mesma hora. Azar, neste dia, como em muitos outros:
Um cabeça-dura começa a dura travessia pela estreitíssima ponte.
Do outro lado, ao mesmo tempo, o outro cabeça-dura começa a dura travessia no estreitíssimo sentido oposto.









