Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

História: A quem pertence a terra

Foto: Eduardo  Hanazaki

 História da tradição oral recontada pelo artista “anônimo” Fabio Lisboa
(continuação do post Contadores de Histórias: Artistas Rupestres das Palavras)

Era uma vez um humilde lavrador cujas terras sempre foram inférteis. Cansado de plantar muito e colher “pouco ou quase nada” decidiu tentar a sorte pelo mundo.

Contadores de Histórias: Artistas Rupestres das Palavras


 
 Artista aborígene Donny Woolagoodja fazendo a tarefa que herdou de seus antepassados: 
retocar a pintura na pedra de Wandjina em Kimberly, Austrália.

O aborígene passa em frente à rocha colorida e reconhece os desenhos que contam uma história de homens, mulheres, animais e a natureza em harmonia. O aborígene se emociona não só pela beleza e poder da arte na pedra mas porque os desenhos estão se desfazendo. Ele chora. É como se Wandjina, espírito da Nuvem e da Chuva, fosse embora da convivência com os humanos e não mais moldasse com beleza o meio ambiente. O homem começa a juntar barro, rocha ferrosa, carvão, calcário e o sumo de certas plantas para fazer tintas naturais. Depois de prontas e dos rituais apropriados, o artista contemporâneo começa a restaurar e refazer a obra de seus ancestrais que, aliás, acreditam ter sido pintada originalmente pelas próprias divindades no começo dos tempos, no Tempo dos Sonhos.

História: Nasrudin, o sábio juiz

Justitia em Florença, Itália. Foto: John Baltaks

 Recontada por Fabio Lisboa

Um dia, o juiz da cidade adoeceu. No outro dia, foram chamar o mulá Nasrudin para substituir o juiz.

- Nasrudin, o nosso juiz está de cama e não poderá julgar hoje. Querido mestre, poderia nos ajudar?

- Tenho minhas dúvidas se eu saberia me comportar num tribunal... – ponderou Nasrudin.

História Budista: A Semente de Mostarda



Recontada por Fabio Lisboa

Desde criança, Gotmai era a mais magra das crianças e por isso era chamada de Kisa Gomati (Gotami Magricela). Kisa Gotami era pobre, órfão e sofria com as humilhações, no entanto, mantinha o seu coração puro e livre de ódio.

Ela, inocentemente, sem saber, ajudou um rico e avarento mercador. E este a fez casar-se com o seu filho. Casada, Gotami achou que iria melhorar de vida mas aí é que as coisas pioraram. Apesar de não sofrer mais dificuldades financeiras, o marido a tratava como escrava e a humilhava ainda mais. Seu corpo magro até aguentava o sofrimento mas a sua alma se entristecia cada vez mais com a violência e injustiça do mundo.

Quando o seu filho veio ao mundo, finalmente, o mundo de Kisa Gotami mudou completamente.

História: O tesouro enterrado


  
História da tradição oral recontada por Fabio Lisboa

Há muito tempo, afastado das abastanças da cidade, vivia um viúvo fazendeiro de avançada idade. Além de uma horta e um pomar, o homem não tinha muitas posses mas sempre tinha ricos ensinamentos a passar para as futuras gerações de sua família.

Os ensinamentos eram passados para os cinco filhos, para as esposas dos filhos, para os muitos netos e netas em forma de histórias, conselhos e experiências – estas, quase sempre em forma de brincadeiras de faz-de-conta com os netos e afazeres da fazenda com os filhos e noras.

Só que os filhos do homem do campo só queriam saber das riquezas e da rapidez da cidade. Nada de perder tempo com bobagens caipiras! Eles e suas esposas não tinham mais tempo nem de tecer histórias e brincadeiras com os próprios filhos. Não tinham paciência para ouvir os conselhos e muito menos para aprender e fazer com prazer as tarefas cotidianas da roça. Queriam se mudar dali e prosperar! A única coisa que os fazia ficar eram rumores de que em algum lugar por perto havia um tesouro que só o velho fazendeiro sabia onde estava enterrado...

Gentileza gera gentileza



Palavras Mágicas e o Bumerangue da Gentileza


“Assim como o sol derrete o gelo, a gentileza evapora mal entendidos, desconfianças e hostilidade.” Albert Schweitzer

Palavras Mágicas

Ao contar histórias, peço que os ouvintes me digam se seriam capazes de inventar ou se lembrar de uma “palavra mágica” para abrir um portal de tesouros (seja de Ali Babá, seja de reis, dragões, cavaleiros guardiões...). E cada vez que, em vez de “abre-te Sésamo”, “abra-cadabra” ou “alakazam”, alguma criança diz espontaneamente: “Por favor!” tenho certeza de que ainda há esperança para o futuro da humanidade.

“Por favor”, “obrigado”, “com licença”, “desculpe”, “bom dia”.

São cinco dentre tantas outras palavras de gentileza que fazem mágica acontecer. Especialmente se as dissermos com sinceridade. Principalmente se acompanhadas de nossas ações gentis, generosas, compassivas. Assim, a magia do amor se espalha e, dali a pouco, algum tipo de alegria volta para nós, fazendo constantemente o mundo mais bonito. É o que os sábios chamam de “círculo virtuoso”.

Já dizia o Profeta Gentileza: “Gentileza gera gentileza”.

Desejo a todos nós, moradores deste nosso mundo que gira sem parar, um ano gerador (e girador) de gentileza, amor, palavras mágicas, beleza...

Fabio Lisboa

O Bumerangue da Gentileza – Life Vest Inside - Um Dia
(clique no ícone da direita, ao lado do logo Youtube, para assistir em tela cheia)

Referências
Life Vest Inside - Kindness Boomerang - "One Day"
Life Vest Inside – because kindness keep the world afloat.
Salva-Vidas Interno – Porque a gentileza mantém o mundo a salvo.

Imagem:
José (Agradecido) Datrino (mais conhecido como Profeta Gentileza)


Gentileza no Facebook:

Músicas:
Gentileza - Marisa Monte
One day – Matisyahu (letra e tradução)

Frases:

Conto de Natal: O Suave Milagre



 
Recontado por  Fabio Lisboa
Inspirado no Conto “O Suave Milagre” de Eça de Queirós
e trechos selecionados da Bíblia Sagrada

No tempo em que Jesus andou pela terra muitos o procuraram, nem todos o encontraram.

O andarilho chegou faminto à próspera Enganim, cidade que na língua hebraica significa “nascente de jardins”. Em busca de trabalho em troca de algum denário, abrigo e comida, foi direto à propriedade do famoso senhor fazendeiro Obede.

Acontece que as terras de Obede ressecaram tanto quanto o seu coração. O velho rico não queria mais saber de gastos. Ofereceu apenas comida e uma cama de palha junto aos animais em troca dos serviços de sol-a-sol do pobre viajante.