Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

Por que ler?



Qual o melhor incentivo à leitura? É possível ensinar alguém a gostar de ler?

A leitura satisfaz nossa vontade de saber, alimenta nossa vocação criativa e aventurosa. Quando descobrimos a magia de ler temos infinitos motivos (pessoais, subjetivos) para ler. Mas não o sabemos explicar objetivamente. Nunca ninguém precisou palestrar para uma criança para incentivá-la a “comer brigadeiros”.


 Porém, logo cedo, antes mesmo de aprendermos a ler, antes de aprendermos a ter gosto pela leitura, vamos sendo palestrados e já vão nos enfiando goela abaixo, em vão, mil motivos “objetivos” para tal.

Os pais e professores “palestrantes” esquecem-se de que o jovem se convence muito mais pela experimentação divertida e prazerosa do que pela árdua abstração. Incentivo à leitura só é efetivo quando é feito na prática! Não adianta falar para o filho ler se no seu próprio tempo livre o pai nunca lê. O mesmo vale para o professor. Aprendemos a gostar de ler com quem gosta de ler! Quando o aluno descobre, a partir das contações de histórias, das mediações de leitura, das leituras afetivas e, claro, por si só, que ler é uma delícia, os novos conhecimentos a serem aprendidos tornam-se novos sabores e saberes a serem degustados. Na prática, o caminho está aberto para que este leitor iniciante torne-se logo um leitor fluente e um excelente aluno.

Segundo Michèle Petit[1], pesquisas ao redor do mundo - como em diversos países da América do Sul, França, Alemanha e Canadá - comprovam que bons leitores são também bons alunos. Como, de um modo geral, as meninas lêem mais, elas tiram, em média, notas melhores do que os meninos.

Todos sabem da importância de ler. Todos querem incentivar os filhos a ler! Até os pais que não tem esse hábito. O problema é que esta utilidade, esta importância da literatura acaba assustando a quem ela deveria conquistar: as crianças e jovens leitores.

Para muitos deles, ler vira uma obrigação chata que é preciso aprender para obter “sucesso” na vida. No entanto, especialmente no Brasil, o sucesso aparece muito mais associado a chuteiras, bundas e peitos do que a livros. Logo, essa referência leitura=sucesso fica bem contraditória na cabeça dos mais novos.

Patricia Pereira Leite, co-fundadora do Centro de Estudos, Pesquisa e Assessoria em Leitura e Literatura - A Cor da Letra, conta que, nos intervalos das aulas, a professora de educação infantil, mergulhava na leitura de um romance. Um de seus aluninhos (ainda não-alfabetizado) ficou intrigado com aquilo:
“- Professora, você já não sabe ler? Então por que está lendo?”

Lemos porque questionamos o mundo e a leitura nos dá respostas. Lemos nos intervalos das tarefas corridas para que a mente tome fôlego. Ou então lemos sem um porquê... é simples: fazemos isso porque ler nos dá prazer! Lemos porque, além de respostas, a leitura também nos apresenta sempre novas perguntas:

- A Lua ou o Sol?
Nasrudin refletia sobre esta pergunta de celestial importância:
- Quem é mais importante: a Lua ou o Sol? Seus olhos iluminaram-se com o vislumbrar da resposta:
- A Lua!
- Mas por que, mulá?
Clique aqui para ler a resposta de Nasrudin.

Bem, não importa se você é astrônomo, sufi ou curioso (e não conhece esta história) e foi logo clicando, ou se prefere leituras lineares e rápidas e não gosta de seguir os links dos hipertextos, ou ainda se já conhece a história e não clicou (mas vai clicar no final para reler), ou se você não terá tempo (ou paciência) de clicar mas de qualquer forma ficou um pouquinho curioso e talvez um dia vai procurar encontrar novamente essa história (ou essa história vai te encontrar!)...

Não importa: Se você chegou até aqui é porque compartilhamos um delicioso (e insaciável) brigadeiro! Lemos porque a leitura é doce energia que apetece infinitos paladares. E se ainda não ficou entendido: Por que ler?

Lemos para nos sentir aquecidos para trabalhar durante o dia e iluminados para sonhar durante a noite. Lemos porque queremos saber o final (de preferência, feliz) da história! E “no fim tudo dá certo, se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim.”[2]

Referências

Texto inspirado a partir das falas de Michèle Petit, Patrícia Pereira Leite e das meninas do grupo Fiandeiras no 3º encontro do Seminário Conversas ao pé da página: “Leituras em Situação de Crise” e dos brigadeiros preparados pela minha "Maria (Paula) Brigadeiro".

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II Seminário “Conversas ao pé da página”: Ler e contar histórias criam conexões e ajudam a enfrentar as crises

Próximo evento

IV Seminário Conversas ao Pé da Página: Literatura Infantil e Juvenil e Formação do Leitor Literário

Imagens
Brigadeiro inteiro em Loucos por sobremesa
Brigadeiro mordido em Mellancia

Dica apetitosa de leitura-culinária
O Livro do Brigadeiro
de: Juliana Motter (a famosa "Maria Brigadeiro")


[1]  Petit é antropóloga especializada em literatura e apresentou estes dados no Seminário Conversa ao Pé da Página no SESC Pinheiros em 5 de julho de 2011.

[2] Frase de Fernando Sabino, que curiosamente é uma das famosas citações apócrifas atribuídas ao grande inventor de (mas veja bem, não de todas) frases geniais: Millôr Fernandes.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal o artigo, Fábio. Ja postado no meu Face. Tomara que mais pais tomem esta consciência. bjo, Cintya (p.s.: te add lá tbm)

Anônimo disse...

Adorei esse artigo.

Anônimo disse...

crianças que possuem a oportunidade de manipular e ler livros, desenvolvem suas habilidades de conhecimento e desenvolvimento cognitivo..... mesmo morando em plena floresta amazonica, conheci fatos do mundo por meio de livros,,,

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