Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling) entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.
Era
uma vez um contador de histórias que não sabia como começar um conto. O seu
maior medo era lhe deixarem no meio da fala, falando sozinho. Terminar era
fácil, só por ponto final e pronto. Silêncio. Fim. E depois do fim, quem sabe
um pedido: “conta outra”. Conto, claro, mas como começar uma nova história? Como
começar sem que ninguém desista de ouvir antes do meio e arranje um meio de não
chegar até o fim?
Diego não conhecia o mar.
O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas
altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas
alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus
olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo
de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo,
gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda
a olhar!
Referências
Texto: "O Livro dos
Abraços" de Eduardo Galeano, Tradução de Eric Nepomuceno, ed.
L & PM.
À minha amiga contadora de histórias Rosita Flores - que me
ajudou a olhar, pela primeira vez, das areias da praia, para a poética de
Eduardo Galeano.
Ao meu aprendiz de contador de histórias de 8 anos, Gleisson
- que nunca viu o mar, e me pediu para ajudá-lo a realizar este sonho que, se
Deus quiser, será real em agosto de 2013.
"A paz
universal e duradoura poderá ser estabelecida apenas se baseada na justiça
social. Se você deseja a paz cultive a justiça".
Norman Borlaug - Agricultor, ganhador do Prêmio Nobel da Paz 1970.
“Queremos paz e
justiça e lutaremos por isso com garras e dentes.”
O
lema das montanhas estava para mudar. Os animais estavam cansados dos mandos e
desmandos dos leões-da-montanha. Alguns deles caçavam mais do que precisavam
para comer. Estes poucos felídeos abusavam de seu poder, rompiam com a lei
universal dos ciclos da natureza e com isso geravam desequilíbrio e
insatisfação geral. Com isso, criaram uma má fama para a sua espécie e o seu
modo de agir e ninguém queria mais saber daquela ditadura felina predatória e insustentável!
Porém,
apesar da insatisfação, não havia um bicho que levantasse a voz para o modo de
vida que viviam e que acabava com a vida nas montanhas. Até que um dia as
cabras criaram coragem e baliram alto:
No
tempo em que caçadores usavam facas para caçar e reis usavam facas para
colecionar, houve uma grande festa reunindo diversas vilas do reinado. O
caçador do vilarejo mais distante também foi à festa.
Os
convidados deste local periférico levaram dois dias para chegar e graças ao
caçador puderam se alimentar de carne fresca durante a viagem. Ele era um homem
quieto, saía cedo para caçar e voltava tarde, quase sempre trazendo algo de bom
que dividia com todos, obviamente ficando com uma generosa parte da caça para ele mesmo.
E os conterrâneos do caçador o queriam bem por ele ser assim.
Durante
as festividades houve um farto banquete e todos cantaram e dançaram – com exceção
do caçador da vila distante que preferiu ficar apreciando a coleção de facas do
rei. O homem gostou muito de uma das facas - justo a preferida do rei - que era
muito afiada e toda ornamentada, com o cabo esculpido em madeira e cravejado de
garras e dentes de predadores selvagens. Acontece que quando todos foram embora
da festa a faca preferida do rei sumiu.
Quem acha que criança nunca tem vez nem voz no nosso mundo – além de não saber
desenhar e muito menos contar histórias direito - vai se surpreender com este
projeto disponibilizado no youtube: “De criança para criança”.
A primeira animação traz ilustrações e vozes de meninos e meninas dando
vida a uma destemida princesa que enfrenta um "bafo de Dragão” (do Príncipe!).
Uma aventura para desafiar
os sentidos, inclusive os estéticos. Afinal, não são todos que valorizam uma
voz e uma estética artística diferente de sua (a saber, de sua cultura dominante
adulta que define o que é belo ou não). Falando nisso, além das ilustrações inspiradoras
para a criação da narrativa, quem sabe, em breve, o projeto também abarca
histórias e roteiros criados pelas próprias crianças... de um jeito ou de
outro, elas adoraram fazer parte das invencionices de histórias “de criança para criança”!
(na caixa de vídeo abaixo, clique no ícone abaixo à direita "full screen" para ampliar
a tela)
(caso o vídeo não esteja aparecendo clique no link abaixo)
Os
antigos indígenas iroqueses tinham o costume de usar os gravetos da discussão
para resolver conflitos.
Um
dia, há muito tempo, dois garotos iroqueses discutiram tanto que quase chegaram
a se estapear por causa da sua acalorada argumentação.
Cada
pai de cada garoto tomou o partido de seu filho e uma antiga amizade entre as
famílias estava prestes a se esfacelar. Os adultos que se envolveram na
discussão estavam quase pegando em armas para decidir quem estava com a razão.
As
avós dos garotos se lembraram que a disputa deveria ser decidida pelos gravetos
da discussão. Na montanha.
A alvorada
no templo chegou com alvoroço. Todos haviam madrugado e já esperavam o mestre
chegar trazendo com ele derradeiras palavras de iluminação. O velho sábio iria
retirar-se do templo e meditar por 10 anos nas montanhas. Então esta seria uma
oportunidade rara, senão a última, de ouvir o que o ancião tinha a dizer.