Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

O deserto intransponível e os cantis secos



História real por Fabio Lisboa

Eu e meu irmão menor fazíamos os preparativos para a travessia de um deserto quase intransponível. Este deserto começava no quarto de costura de minha avó e se estendia pelo corredor até a sala de estar.

Era 1983, eu tinha 8 anos e o Gu, meu irmão Augusto, 5. O nosso deserto tinha uns 10 metros no total. Todavia, na época, esses 10m adquiriam proporções colossais pois circulávamos inúmeras vezes pelo trajeto. Além disso, criávamos obstáculos e íamos vencendo a travessia, escalando morros de almofadas amontoadas no corredor, adentrando uma caverna debaixo da mesa da sala e atravessando a ponte do sofá de molas por cima de um caldaloso tapete escorregadio, perigosíssimo, infestado de jacarés e areia movediça - não me pergunte como os jacarés conseguiam nadar na areia movediça, só sei que ambos conseguiam estar lá, juntos, na nossa imaginação e, sem dúvida, no tapete da sala da minha avó.

Algumas brincadeiras e viagens fantásticas só são mesmo permitidas na casa dos avós. E para uma brincadeira ser mesmo fantástica, além da permissão é preciso concentração, imaginação, cooperação e, antes de tudo, preparação.

Os contos de fada como instrumentos de superação das dificuldades de “encontro” na escola



 por Vania Longo

No ambiente escolar, alguns motivos levam os alunos a se “desencontrar”, desmotivando-se pelo estudo, não se interessando pelas matérias ensinadas, tampouco pelas aulas ministradas, não estabelecendo vínculo com os colegas, apresentando apatia diante das tarefas, ritmo lento ou acelerado em relação à turma, demonstrando dificuldades  na aprendizagem, logo, estando sujeitos à reprovação, o que agrava ainda mais o quadro discorrido.

Observamos que invariavelmente os estudantes não estão devidamente mediados para a aprendizagem, os conteúdos apresentados não falam para a essência, para a “alma”, a escola e a família não conseguem interessá-los, despertá-los para uma vida interior que faça conexão com o conhecimento sistematizado pelas ciências e assim são fortalecidos os motivos para a “desistência”, apatia, desinteresse.

Por que as coisas tem o nome que tem?



Uma história real, por Fabio Lisboa

Sempre quis conhecer o real significado das palavras. Um dia eu descobri porque o pufe se chamava pufe.

“Não faça isso, é perigoso” – meus pais sempre diziam isso quando eu fazia descobertas semânticas arriscadas como a do pufe.

Contos de Fadas: espelhos mágicos da alma (parte 3 de 3)


Ilustração de Igor Oleynikov em The King with horse´s ears and other Irish folktales
História: O rei que tinha orelhas de cavalo

Inspirada num conto da tradição oral irlandesa
Narrativa recontada e adaptada por Fabio Lisboa

Era uma vez um rei tão bonito e bravo quanto um cavalo selvagem. Era o rei Equinus IV do reino de Apparentis, um lugar onde cada pessoa buscava esconder os defeitos para ser, ou melhor, parecer... perfeito.

Contos de Fadas: espelhos mágicos da alma (parte 2 de 3)

Capa e ilustração de Bruna Assis Brasil em Branca de Neve e as Sete Versões.

  por Fabio Lisboa

Em seu livro “Branca de Neve e as Sete Versões” o escritor José Roberto Torero conta que um dia a princesa acordou mais bela que a rainha madrasta. Neste dia, esta foi até o espelho mágico e perguntou:

“- Espelho, espelho meu, existe alguém no mundo mais bela do que eu?

E agora: O que você acha que acontece? Se você quer que o espelho minta vá para a página 08. Se você quer que o espelho diga a verdade, vá para a página 10.”[1]

Contos de Fadas: espelhos mágicos da alma (parte 1 de 3)

Ilustração de Bruna Assis Brasil em Branca de Neve e as Sete Versões. 


Os olhos humanos de uma sociedade que exageradamente se vê através de olhos eletrônicos coletivos são suficientes para nos enxergar como indivíduos? Neste contexto, os nossos sonhos são traçados por nós ou por outros para nós?

Os contos de fadas reforçam valores humanos ainda essenciais ou ideias antiquadas que não servem mais para nada nos dias de hoje? Será que estas histórias tão antigas podem mesmo refletir as profundezas da psique humana e por isso tornaram-se imprescindíveis na construção do nosso “eu” e na conexão com o outro?

História: A quem pertence a terra

Foto: Eduardo  Hanazaki

 História da tradição oral recontada pelo artista “anônimo” Fabio Lisboa
(continuação do post Contadores de Histórias: Artistas Rupestres das Palavras)

Era uma vez um humilde lavrador cujas terras sempre foram inférteis. Cansado de plantar muito e colher “pouco ou quase nada” decidiu tentar a sorte pelo mundo.