Fairy Wren - Foto: Duade Paton |
A alvorada
no templo chegou com alvoroço. Todos haviam madrugado e já esperavam o mestre
chegar trazendo com ele derradeiras palavras de iluminação. O velho sábio iria
retirar-se do templo e meditar por 10 anos nas montanhas. Então esta seria uma
oportunidade rara, senão a última, de ouvir o que o ancião tinha a dizer.
O local sagrado estava lotado. O comentário sobre
qual seria o tema do discurso ricocheteava pelas paredes de madeira do templo.
As
grandes portas se abriram vagarosamente. Calmamente, o mestre foi entrando. Enquanto
ele caminhava em direção ao altar, todos foram ficando em silêncio. Só ouvia-se
o barulho dos passos lentos e dos corpos terminando de se ajeitar nos lugares, a
madeira rangendo aqui e ali, um ou outro som da natureza vindo de fora.
- Por
favor, fechem as janelas – instruiu o abade aos monges – para que nada
atrapalhe o discurso do nosso mestre.
E
na mesma hora os aprendizes correram rumo às janelas e as fecharam com cuidado:
Plaft! Ploft! Pfut!
-
Por favor, abram as janelas – retrucou o ancião – para que o calor não
atrapalhe os ouvidos de todos e a brisa da manhã conduza as minhas palavras.
Pfut!
Ploft! Plaft!
Quando
o ancião se postou em sua cadeira todos os rangidos cessaram.
Quando
começou a respirar profundamente, era possível ouvir as respirações de homens,
mulheres, crianças e idosos, lado a lado.
Era
como se, por alguns momentos, até os pensamentos tivessem silenciado.
Inclusive
os do sábio que iria proferir o discurso. Ele pressentiu que o momento propício
havia chegado.
Abriu
a boca mas, antes de pronunciar algo, deixou-se invadir pelo som que vinha de
fora.
Era
um pequeno pássaro que, ao longe, cantava a manhã. Por um tempo, ficou o mestre
a ouvir o pássaro e todos a ouvir o que o mestre não dizia. Depois de um bom tempo,
quase todos também começaram a ouvir o pássaro. Cedo ou tarde, começavam a ouvir
outros pássaros ao redor do templo.
Depois
de muito tempo, os pássaros silenciaram. O mestre, enfim, discursou:
- O
discurso já foi proferido.
Os
monges, aprendizes e visitantes se entreolharam, em silêncio, sem entender
muito bem. O sábio não se explicou, apenas se despediu:
- Obrigado
a todos por virem até aqui e ouvirem isto. Espero que continuem ouvindo, todas
as manhãs, este lindo discurso. Adeus.
História da tradição zen recriada por Fabio Lisboa
Referências
Foto:
Photo
Credit: <a
href="http://www.flickr.com/photos/67151314@N03/6688947641/">DuadePaton</a>
via <a href="http://compfight.com">Compfight</a> <a
href="http://www.flickr.com/help/general/#147">cc</a>
7
de maio – Dia do Silêncio
A palavra silêncio segundo o dicionário é derivada do
latim silentiu e significa “interrupção de ruído”; “estado de quem se cala ou
ou se abstém de falar “; diz ainda a respeito da “privação, voluntária ou não,
de falar, de publicar, de escrever, de pronunciar qualquer palavra ou som, de
manifestar os próprios pensamentos etc..”
Nós vivemos em um mundo cheio
de ruídos, Em uma época de muita agitação, de poluição sonora, enfim de muito
barulho e o silêncio passou a ser algo ameaçador. O som do silêncio,
entretanto, é poderoso.
Leia mais em http://www.portalangels.com/educacao/datas-comemorativas/dia-do-silencio-7-de-maio.html
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1 comentários:
Realmente uma belíssima história. Me fez be, ao ler.
Bjos
Amanda
http://www.supersimpatias.com
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