Jiddu Saldanha no 1oº Simpósio Internacional de Contadores de Histórias |
por Fabio Lisboa
O contador de histórias transforma a arte da palavra em arte do encontro. Esta frase me veio à mente no momento em que conheci a Benita Prieto, idealizadora e produtora do Simpósio Internacional de Contadores de Histórias (no Rio de Janeiro) e os dias de convivência com os participantes do evento - contadores, escritores, mediadores e incentivadores de leitura, educadores, ouvintes, crianças... - só vieram a confirmar a primeira impressão sobre a moradora da Cidade Maravilhosa e a nossa gente visitante constante das terras das Histórias Maravilhosas.
Como em outros encontros de contadores de histórias (como o “Boca do Céu”, idealizado em São Paulo por Regina Machado e outros com os links no final da postagem) as mais variadas pessoas e ideias durante mágicos momentos narrativos e “escutativos” convergem...
Angela Pecego, Benita Prieto e Ronaldo Mota no 1oº Simpósio Internacional de Contadores de Histórias |
De várias idades, vindos de diferentes cidades, parece que todos rumam para um local em comum. E não é um “lugar comum”, pelo contrário, é um local imaginário muito especial. Tod@s parecem andar em busca de onde terminam (e recomeçam) as histórias.
Mas antes de chegarmos lá – onde mora o encantamento – passamos por conflitos, provações, privações, claro. Uma ou outra noite sem dormir, um ou outro contador (ou microfone) sem voz ou amigos (laptops) imaginários. Atalhos para a felicidade costumam ser ilusórios ou traiçoeiros. E mais, sem um mapa que seja difícil de ser lido, sem dificuldades para serem superadas, não há história, não há verdade, não há sequer caminho.
O bom é olhar para trás e ver que as pedras que ficaram pra trás em nossa passagem formam uma bela paisagem.
O que me deslumbra é que durante as grandes travessias rumo à felicidade percebemos que é possível ser feliz no passo-a-passo, e que as peripécias cotidianas também podem ser grandes aventuras.
Delinear um relato maravilhoso do dia-a-dia pode nos ensinar a ver um novo dia de sol para o futuro e a reinterpretar um dia nublado do passado.
Com as Histórias que saem dos livros os participantes puderam (caso quisessem, mesmo num espaço-tempo limitados) dar um pulinho até a infância e trazer de lá histórias pra lá de significativas.
Fabio Lisboa e contadores no 1oº Simpósio Internacional de Contadores de Histórias |
Dessa forma, com as participantes (e não com “os” porque elas são maioria) grandes contadoras de história aprendi que:
É impossível não se emocionar com a criança que consegue, pela primeira vez, uma fantasia e a liberdade de pular o carnaval na mesma hora em que sua mãe cai doente.
É raro não torcer pela perseverança das pessoas que tiveram uma infância de privações, perdas, traumas e separações.
Não dá pra ficar pra ficar sério com a menina que faz travessuras e as tenta deletar com a língua mas é delatada pelos próprios olhos.
E que não dá pra não se sentir feliz pela menina-moça que pela primeira vez vê o mar.
Todas estas histórias são pessoais e únicas mas de tão profundamente humanas falaram de perto a todos nós.
Por isso é como se já nos conhecêssemos a tempos. Como diz a Benita Prieto, em 3 dias os contadores viram melhores amigos! Podemos nos esquecer de alguns nomes mas suas vivências narrativas ficarão cintilando conosco. Triste ou bela, singela ou poderosa mas sempre sincera, a experiência maravilhosa do outro nos fascina. O seu brilho ilumina o mapa para chegarmos ao nosso próprio coração.
A palavra do outro nos faz encontrar a nós mesmos. Evidentemente que qualquer “blábláblá” não é suficiente mas sim a palavra valorosa, palavra encantadora. Palavra de Encontro. Palavra de Coração. Palavra de Contador de Histórias.
Roberto de Freitas no 1oº Simpósio Internacional de Contadores de Histórias |
Encontros de Contadores de Histórias
Simpósio Internacional de Contadores de Histórias 2011 (Rio de Janeiro - RJ)
Boca do Céu –Encontro Internacional de Contadores de Histórias (São Paulo - SP)
Montanhas de Histórias (Ouro Preto – MG)
Festival “A Arte de Contar Histórias” (São Paulo - SP)
Encontro Nacional de Contação de Histórias (Santa Bárbara do Oeste -SP)
Encontro de Contadores de Histórias de Cubatão (Cubatão –SP)
Seminário Internacional de Contadores de Histórias (Passo Fundo – RS)
Festa de Histórias – (Jundiaí – SP)
Storytelling Festivals (em inglês – Festivais nos EUA e no mundo)
(quem conhecer outros, por favor, acrescente nos comentários)
Fotos
Fabiano Veneza www.flickr.com/photos/ fabianoveneza
3 comentários:
Que lindo!!!!!!!!!!!!! Beijos
Fábio, compartilho o que Benita disse acima: Lindo!
Lindo também é quando diz: "O bom é olhar para trás e ver que as pedras que ficaram pra trás em nossa passagem formam uma bela paisagem."
e sinalizam o caminho para podermos voltar...
Beijo!
Que bacana Fábio ! Encontrar histórias e pessoas é o que há de mais feliz neste mundo. Pena não pude ir... mas quem sabe no ano que vem! Parabéns pelo post, muito poético e vibrante.
Abraço carinhoso,
Marilia Tresca
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