Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

O que é Lusofonia?

Imagem: Rede CPLP Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Reflexões acadêmicas sobre o conceito homenageado na Bienal do Livro 2010: o que une Brasil, Portugal e os países falantes da língua portuguesa


O autor Fernando Cristóvão[1] faz ampla pesquisa sobre o tema, começando pela etimologia da palavra Lusofonia: “fala dos lusos, dos portugueses”. O autor afirma, porém, que Lusofonia se remete a fala de todos os que utilizam a língua portuguesa, em especial, como língua oficial.



língua portuguesa é a língua oficial de AngolaBrasilCabo VerdeGuiné-BissauMoçambiquePortugal e São Tomé e Príncipe. É também uma das línguas oficiais da Guiné Equatorial (com o Espanhol e o Francês), Timor-Leste (com o tétum) e Macau (com o Chinês). A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) agrega Timor-Leste ao grupo dos 7 países que tem o Português como língua oficial única ou principal.

Fernando Cristóvão afirma que alguns autores rejeitam o conceito de Lusofonia, suspeitando que essa não passa de um projeto neocolonialista na área cultural – perde-se a colônia, conserva-se o domínio cultural e da língua.

Porém, a maioria dos estudiosos da língua portuguesa “reconhecem a existência da Lusofonia, e contribuem para a sua construção” [2] , afinal para todos os cidadãos dos países de língua portuguesa, esta língua é tão própria e tão sua, como para os próprios portugueses. Assim, deve-se pensar no idioma não como pertencente a nenhuma pátria de forma específica, não como sendo monopólio de uma ou outra das nações – deve-se pensar que todas as nações desse mundo lusófono, falam a mesma língua, porém cada um a seu modo. Assim,

“A Lusofonia não é pois uma operação neocolonialista. Resulta da vontade conjunta de Portugal, do Brasil e dos países africanos que foram colônias portuguesas. Antes de ser uma teoria ou um projecto, é um fato indesmentível, o da vontade dos oito países em utilizarem o português como sua língua, materna ou oficial,e que, por ela e por uma história comum se sentem ligados uns aos outros como grupo sociocultural que procura também organizar-se em grupo político”.[3]

Portanto, coloca em sua argumentação que a vontade de construir a Lusofonia é de fato antiga, partindo do sonho do pensador brasileiro, Sílvio Romero, que no início do século XX, constata que os países e colônias portuguesas, precisam se unir em prol de formar uma defensiva contra “concorrentes estranhos” – ou seja de outros países e comunidades imperialista e racistas, que se desenhavam no século em questão.

Assim, é colocado que a Lusofonia compõe-se de “três círculos concêntricos de interdependência e solidariedade”. Sendo eles:
O primeiro círculo: formado pelas oito nações lusófonas (Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste) que só teriam a ganhar ao com a Lusofonia, afinal unidos podem resistir melhor a iniciativa e a ambição de outros grupos lingüísticos que através da cultura e do comércio, se fazem cada vez mais presentes e podem até, transformar-se em projetos de dominação cultural, como o caso do Inglês e Chinês.

O segundo círculo: é composto pelas outras línguas e culturas de cada uma dessas oito nações. Ao estabelecer um diálogo entre a língua e cultura comum aos oito, com suas próprias línguas e culturas, é visado proteger e estimulá-las de maneira nacional e internacional.

O terceiro círculo: composto por indivíduos e instituições alheios aos países lusófonos, mas que mantém uma relação, seja por empatia, erudição, ou outro interesse, com a nossa língua em comum.

No Timor-Leste, por exemplo, parece haver um interesse em utilizar de fato o português (lá a língua mais falada é o tétum, uma língua austronésia bastante influenciada pelo português). Segundo o artigo Geografia da Língua Portuguesa (http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia_da_língua_portuguesa) “A reintrodução do português como língua oficial causou suspeição nalguns jovens timorenses, que foram educados no sistema indonésio e não o falam. O português em Timor-Leste é falado por menos de 20% da população (13,6% de acordo com o primeiro censo pós-independência, realizado em 2004), na sua maioria a geração mais velha, mas essa percentagem está a crescer visto que o português tem sido ensinado à geração mais nova e a adultos interessados. Timor-Leste pediu às outras nações da CPLP para ajudar na reintrodução do português como língua oficial. O português é usado como forma de se ligar a uma comunidade internacional maior, assim como para diferenciar-se da Indonésia.Xanana Gusmão, ex-presidente de Timor-Leste, acredita que o português será bastante falado, de novo, dentro de dez anos.”

A tentativa do Timor Leste em criar uma identidade cultural diferenciada da Indonésia passa pelo uso de uma língua diferenciada. É um exemplo do poder cultural que uma língua agrega a uma nação. Mas é bom lembrar que o fortalecimento do diálogo intercultural e lingüístico entre os países lusófonos não deve servir de pretexto para dificultar o diálogo com outras culturas e línguas.

Quanto ao futuro da lusofonia, se depender do autor Fernando Cristóvão, será promissor:

“Encaramos o futuro com optimismo e esperança, libertos de fantasmas e tabus do passado, porque depois de uma fase imperial Lusitana, se passou outra de política cultural luso-brasileira, e destas, nos nossos dias, para um diálogo e política concertada de democracia lusófona”.[4]


Histórias dos países lusófonos:
Fabio Lisboa conta histórias lusófonas na Bienal do Livro 2010 – Estande da PNLL (Plano Nacional do Livro e da Leitura – www.pnll.gov.br). Mais informações em www.contarhistorias.com.br

Programação Cultural em destaque na Bienal do Livro 2010



Texto
Referências:
Textos selecionados pelo professor Emerson de Estudos comparados de Língua portuguesa da Faculdade de Letras da USP (Universidade de São Paulo):
CRISTÓVÃO, Fernando. Cruzeiro do Sul, a Norte.  Lisboa: Imprensa Nacional , 2005
LOURENÇO, Eduardo. A Nau de Icaro seguido de Imagem e miragem da Lusofonia. Lisboa: Gradiva

Imagem:

Estatísticas sobre os países lusófonos:

Mais sobre lusofonia:
Lusofonia (Portal do Governo)
Portal da Lusofonia
Instituto Camões
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Entenda algumas razões apresentadas pela CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) para a criação do Acordo Ortográfico:


[1] CRISTÓVÃO, Fernando. Cruzeiro do Sul, a Norte.  Lisboa: Imprensa Nacional , 2005 p.374
[2] LOURENÇO, Eduardo. A Nau de Icaro seguido de Imagem e miragem da Lusofonia. Lisboa: Gradiva p. 377
[3] Idem, Ibidem p. 379
[4] Idem, Ibidem p. 389 - citação de Fernando Cristóvão.

Brincar, contar histórias, cantar, dialogar: A importância destas atividades para o desenvolvimento infantil

Projeto ABC – Aprender, Brincar, Cuidar
Tema/Eixo 3 – Converse, brinque, cante e leia para o seu filho (parte 3 de 5)

Responsáveis: Andrew Swan 
Editado por: Fabio Lisboa

Lembra-se de quando ainda era criança, como você brincava? Lembre-se como era boa a sensação de liberdade, de poder explorar o seu mundo, ter os seus próprios pensamentos, os seus brinquedos, ouvir música, dançar, ouvir histórias, fantasiar, em sua casa, no seu quarto, na rua, ou em lugares próximos, na escola e até numa praia, onde quer que estivesse, brincar é o “eterno” momento de felicidade da criança. Lembre-se também das divertidas brincadeiras com outras pessoas, inclusive com a família, irmãos, avós, primos, vizinhos, professores, colegas, amigos etc. Brincar é um processo único, que é o fundamental para o crescimento e desenvolvimento da criança. Para uma criança, brincar é a própria vida! Brincar durante a infância é tão bom que imaginamos como seria bom poder brincar para o resto da vida!
Então vejam que afortunadas pessoas como educadores, recreacionistas e pais que tem o privilégio de se reconectar a esta atividade prazerosa, tendo a oportunidade de brincar livremente com suas crianças!
Mas lembrar-se com alegria e saber da importância de brincar, de contar histórias, de cantar não basta. Os adultos envolvidos precisam participar e estar envolvidos. Pesquisas mostram claramente que os melhores projetos ou programas de apoio às crianças sempre envolvem os pais pois eles estão na melhor posição para dar permissão, encorajar e apoiar as crianças a participar das atividades que propiciarão o seu desenvolvimento.

A importância do brincar
Ao brincar a criança tem a oportunidade de começar e de controlar cada parte de sua atividade sem que ninguém lhe diga o que fazer. Brincar permite pensar sobre o mundo ao redor, desenvolvendo a autonomia e responsabilidade infantil. Uma brincadeira é quase sempre divertida e isso significa que as crianças aprendem muito mais assim, e o melhor, aprendem de uma forma agradável.

A criança pode exercitar a mente e o corpo quando brinca e pode aprender a gerir o estresse, resolver conflitos e lidar com suas emoções. O estresse gera muitos problemas de saúde, enquanto brincar (mesmo que durante o brincar enfrentemos situações estressantes) no fim das contas, tem um poderoso efeito relaxante, sendo uma atividade “desestressante” tão boa para crianças quanto para seus pais.

Se os adultos seguirem esta receita e compartilharem brincadeiras e outras atividades lúdicas com as crianças, relações mais amorosas e profundas vão surgir entre pais e filhos, professores e alunos, bebês e cuidadores. Mães e pais tem a vantagem de já ter um vínculo afetivo e poder fortalecê-lo brincando com seus filhos. As crianças querem brincar com outras crianças também, e os pais e educadores devem incluir a interação social infantil, facilitando assim, o desenvolvimento dos processos de comunicação e convivência. Os pais podem ir para locais públicos como parques, bibliotecas, brinquedotecas ou convidar amigos e vizinhos para visitas à sua casa. Seja com amigos, parentes ou sozinho, o brincar deve fazer parte do dia-a-dia da infância. Enfim, uma rotina diária que inclua um momento para brincar livremente é muito importante e necessária para a saúde das crianças.

A importância da fantasia
Ao entrar no mundo da fantasia infantil, começaremos pelas cantorias e ritmos musicais. Desde o útero entramos no ritmo do coração materno. Desde crianças, qualquer um cria sons e ritmos, seja com o corpo, com objetos ou com a voz. Mas quando adultos alguns enfrentam barreiras e traumas pois o certo e errado musical lhes foi imposto e eles têm dificuldade para atingir o “certo”. Acreditamos que o educador não deve impor estes limites proporcionando atividades lúdicas como: ouvir e diferenciar os sons: em momentos diferentes, nas salas de aula, na escola e em ambientes externos; explorar sons e ritmos com objetos comuns e partes do corpo; criar um ritmo, melodia e dança para o próprio nome e incentivar o grupo para que repita e imite os gestos criados; musicalizar frases comuns como “bom dia!” cantarolado de diferentes formas; relembrar e cantar (ou mesmo colocar um CD como apoio nas primeiras vezes) e inventar rodas e brincadeiras cantadas como corre-cotia.

Já o momento de contar histórias para bebês e crianças pequenas pode ser tanto um grande prazer quanto um grande martírio tanto para os contadores quanto para os ouvintes. Lembre-se que, a partir dos 9 meses (alguns antes) é uma fase egocêntrica de tentar impor a vontade própria. O bebê quer tomar decisões sozinho, por exemplo, agarrando objetos que de alguma forma despertaram sua curiosidade (como livros) e explorá-los, sentido sua textura, cheirando, rasgando, comendo. Então algumas ações podem ser tomadas para prevenir que o momento da leitura se transforme em um puxa-daqui puxa-de-lá. Uma delas é ter em mãos um livro resistente e apropriado para bebês e outro que o adulto vai efetivamente ler para a criança. O importante é que o bebê sinta que o livro pode ser um ponto de conexão entre ele e os pais ou cuidadores. Assim, o bebê desenvolverá uma relação afetiva com as narrativas e os livros.

Quanto mais cedo o bebê e a criança forem apresentados à prática de compartilhar narrativas (sejam elas orais ou literárias, reais ou fictícias), mais aproveitarão os benefícios desta prática. Ouvir e contar histórias desenvolve o prazer pela leitura e escrita. Desenvolve as habilidades na comunicação e a criatividade. Desenvolve o prazer pela descoberta, pela pesquisa e pelo conhecimento. Desenvolve também a autoestima. As crianças que leem serão menos propensas a se render a vícios como o fumo e o consumo de drogas e álcool. A leitura favorecerá às crianças tornarem-se adultos menos preconceituosos e com maior facilidade de resolver um conflito pacificamente.

Mais informações sobre os parceiros idealizadores e realizadores do projeto ABC:
www.unitedway.org.br
http://www.ipabrasil.org/


Postagem introdutória sobre o projeto

Histórias selecionadas para o projeto.

Bienal do livro 2010: Programação Cultural





A programação deste ano traz links entre o tradicional e o novo encontrado em línguas, culturas, épocas, autores e faixas etárias diversas.

A Bienal Internacional do Livro de São Paulo é o grande momento do livro no Brasil. O evento atrai jornalistas, empresários, educadores, escritores e amantes da leitura do mundo inteiro.  É palco para o encontro das principais editoras, livrarias e distribuidoras do país, que preparam seus lançamentos para esse período.

Além da larga oferta de livros, a Bienal do Livro oferece uma intensa programação cultural, que contribui para despertar o gosto pela leitura em mais de 700 mil pessoas, entre crianças, jovens e adultos, durante os 11 dias do evento.



Programação Cultural





A organização da 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo convidou um grupo de profissionais de expressivo conhecimento na área para enriquecer ainda mais a programação cultural do evento. Para o Conselho de Curadores, foram convidados o sociólogo Danilo Santos de Miranda, diretor do SESC (Serviço Social do Comércio); o físico e engenheiro Hubert Alquéres, diretor-presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo; e o poeta, jornalista e professor universitário Augusto Massi.
A programação cultural da feira terá como principais temas / homenageados: Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Livro Digital e Lusofonia. Destacamos da programação:

 

O Livro é uma Viagem


Para o público infantil, a Bienal do Livro preparou uma série de atividades destinadas a envolver e atrair as crianças para o mundo da leitura. A programação inclui o segmento temático
 O Livro é uma Viagem, organizado pelo IPL (Instituto Pró-Livro) e dedicado a promover a leitura desde cedo.






Palco Literário


O
 Palco Literário receberá grandes nomes do teatro, cinema, música e televisão que farão um link entre a literatura e as demais expressões artísticas. A curadoria do espaço está a cargo do conhecido autor de novelas, escritor e cronista Walcyr Carrasco.






Salão de Ideias


Sob curadoria do jornalista Manuel da Costa Pinto, editor do programa Entrelinhas e apresentador do Letra Livre, ambos da TV Cultura, e do também jornalista e especialista em cinema Alexandre Agabiti Fernandez, o já tradicional
 Salão de Ideias está sendo renovado, com sua programação ampliada. O espaço é conhecido por promover mesas de debates entre escritores nacionais e internacionais sobre os mais variados temas.






Fábulas com a Turma da Mônica


Para o público infantil, a Bienal do Livro preparou uma série de atividades destinadas a envolver e atrair as crianças para o mundo da leitura. A programação inclui
 Fábulas com a Turma da Mônica, que tem como curador o próprio criador da turma de personagens de histórias em quadrinhos, Maurício de Sousa.






Entre na Roda

Apresentações de formadores de rodas de leitura e contadores de história profissionais. Dentre eles, Cesar Obeid, Isabel Zenaide e Fabio Lisboa: “O Mistério Amarelo da Noite” - apresentação de contação de história baseada no livro de Fabio Lisboa confirmada para o dia 22/ago/10 (domingo) às 11h, 13h, 15h e 16h no stand da Fundação Volkswagen em parceria com a Poiesis/Secretaria de Cultura e Cenpec.

Mais informações:

Mais informações sobre os homenageados:

Criar histórias (em quadrinhos) com o FLIX...


Mais detalhes sobre a vinda do Flix ao Brasil-Curitiba (e faltam só 14 dias) e o mundo dos quadrinhos no blog Quadrinhofilia do José Aguiar. Ou:

- informações sobre a programação clique aqui
- informações sobre o autor clique aqui

Outras Histórias (escritas e não necessariamente "enquadradrinhadas"): www.contarhistorias.com

HQ Oficina gratuita de Histórias em quadrinhos




Inscrições abertas para início de novas aulas (às segundas e quartasa partir de 26/07


Inscrições:
tel: 2081.3673
email: cefopea@reciclazaro.org.com
LOCAL: CEFOPEA - Centro de Formação Profissional e Educação Ambiental - Av. ARISTON AZEVEDO, nº 10 - BELÉM, PRÓXIMO À RUA CATUMBI

Blogs que este blog recomenda :)
Quadrinhofilia
Rogério Coelho
HQManiacs

1º Encontro Nacional de Produções Literárias e Culturais Para Crianças e Jovens

(clique na imagem para ampliá-la)

Alice, Pinóquio, Maurício de Souza, Nelly Novaes Coelho e Maria Zilda Cunha são algumas das presenças confirmadas

Com o intuito de promover o encontro de estudiosos que elegeram a literatura para crianças e jovens como objeto de investigação, a área de literatura infanto-juvenil da USP realizará o I Encontro de Produções literárias e Culturais para Crianças e Jovens/Literatura e Sociedade, nos dias 03,04 e 05 de Agosto, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH).


Teremos como tema especial as obras Alice no País das Maravilhas e As Aventuras de Pinóquio, escritas por Lewis Carroll e Carlos Collodi, respectivamente, e suas adaptações para diferentes linguagens. “Tal escolha se dá por serem duas grandes representantes de obras clássicas que transitam pelo universo infantil e juvenil, revestidas de contemporaneidade graças às diversas releituras feitas, para diferentes públicos e idades e em suportes distintos”, explica a Profª. Drª. Maria Zilda da Cunha, Coordenadora do Departamento de Literatura Infantil e Juvenil da Faculdade de Letras da USP, e também a criadora do evento, juntamente com o Grupo de Pesquisa: Estudos De Produções Literárias e Culturais para crianças e jovens.

Com o objetivo de promover e disseminar o diálogo estabelecido pela literatura com outras produções culturais, e considerando essa interação relevante na discussão acadêmica, o evento é voltado a educadores, escritores, pesquisadores e estudantes que se interessem pela formação do leitor contemporâneo. Dentre os destaques da programação do I Encontro de Produções literárias e Culturais Para Crianças e Jovens/Literatura e Sociedade está a conferência com a escritora e crítica literária Nelly Novaes, responsável pela criação da área de literatura infanto-juvenil da USP, Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica, Odilon Moraes, ilustrador e escritor, entre outros importantes especialistas que contemplam as áreas de teatro, animação e cinema, que trarão sua contribuição para esse fórum de debates e reflexões.

O evento inédito também conta com a apresentação de trabalhos desenvolvidos pelo grupo de estudos da Área de Literatura Infantil me Juvenil da USP. As inscrições podem ser feitas pelo site http://www.grupoplccj.webnode.com.br/ ou pessoalmente no dia do evento. Os participantes dos 3 dias receberão certificado da Universidade de São Paulo.

Confira a programação completa dos 03 dias do evento aqui:

1º ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÕES LITERÁRIAS E CULTURAIS PARA CRIANÇAS E JOVENS/LITERATURA E SOCIEDADE

Organização:

Profª. Drª. Maria Zilda da Cunha, coordenadora da Área de Literatura Infantil e Juvenil Profª. Drª. Maria Cristina X. de Oliveira
Maria de Lourdes Guimarães
Grupo de Estudos Produções Literárias e Culturais Para Crianças e Jovens

Tema: Alice e Pinóquio - Versões e Diálogos na releitura dos Clássicos

PROGRAMAÇÃO

03/08/10
14h00: 14h15: Recepção de convidados e entrega de material
14h15: Abertura: Profª. Drª. Maria Zilda Cunha
Homenagem à escritora Profª. Drª. Maria Lúcia Pimentel Góes
14h30: Conferência: Profª. Dra. Nelly Novaes Coelho
15h30 – 16h15: Mesa-redonda: As interfaces de Alice e Pinóquio no Brasil
Participamtes: Odilon Moraes (ilustrador), João Gomes de Sá (escritor e poeta) e
Silvana Salermo (escritora). Mediação; Prof. Dr. Nicolau Gregorin Filho
16h15 – Abertura da exposição permanente de livros: Profa Dra Ana Lúcia Brandão
16h20 às 16:35: Intervalo
16h35 – 17h45: Apresentação de trabalhos do grupo de estudos
18h00: Exibição do filme “Pinóquio”, com comentário da Profª. Drª. Fabiana Marquesini

Local: FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP) - Prédio da Letras - sala 266

04/08/10
14h00 – 15h00: Palestra: Maurício de Souza - As adaptações de clássicos para a HQ
15h00 – 16h15: Mesa-redonda: Adaptações de Alice e Pinóquio – a arte do teatro e da animação.
Participantes: Alexandra Golik e Carla Candiotto, do Grupo Cia Le Platt Du Jour, Prof. Alexandre Haddad (especialista da área de animação) e Profª. Drª. Maria dos Prazeres Mendes. Mediação Profª. Drª. Maria Zilda Cunha.
16h15 – 16h30: Intervalo
16h30 – 17h45: Apresentação de trabalhos do grupo de estudos
18h00: Exibição do filme “Alice no país das maravilhas” com comentário de Natália Thomaz (Mestranda em ECLLP)
Local: FFLCH/Sociais – auditório (térreo)

05/08/10
14h00 - 15h00: Palestra: Andréa Simão – Adaptação da literatura para o cinema
15h00 – 16h00: Apresentação de trabalhos do grupo de estudos
16h00 – 16h15: Intervalo
16h15 – 17h00: Apresentação de trabalhos do grupo de estudo
17h00: Apresentação da obra multimídia “Menina Sonho” de Adriana Peliano
Encerramento com Profª. Drª. Maria Zilda Cunha

Local: FFLCH/Letras sala 266

Exposição de Livros

Durantes os 3 dias do evento haverá uma exposição de livros e HQs que contemplam traduções e adaptações das obras “As Aventuras de Pinóquio” de Carlos Collodi e “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carroll.


Distribuição das apresentações do Grupo de Estudos

Dia 03/07

16h35 – 17h45

Ricardo Ramos Filho: A questão da mentira na obra de Collodi e de Lobato

Os dois escritores criaram bonecos que mentiam. As conseqüências, porém, eram diferentes. Sabemos que o nariz de Pinóquio crescia, e o que acontecia com Emília?  Autores com concepções diferentes de crianças e visões particulares de mundo, tiveram abordagens distintas no que se refere às questões ligadas à mentira. Vamos nos deter um pouco sobre algumas particularidades ligadas ao tema.

Ana Lúcia Brandão: Diferentes humores em três tempos: Lobato, Orthof e Carroll

O humor se manifesta de formas diferentes na obra de Lobato Orthof e Carroll. São diferentes humores frutos de época e culturas diferentes. Vamos dar características gerais do humor matiz da cultura brasileira e o Humor enquanto crítica social em Lewis Carroll.

Itamar Santos: Buscas
O  trabalho aborda o encontro entre Alice e Pinóquio num jardim, onde ambos, perdidos procuram pela saída. Ao encontrarem um coelho que corre e entra em sua toca, seguem-no. A imbricação dos mundos de Alice e Pinóquio é o caminho que estes dois personagens necessitam para suas buscas, ou seja, a identidade, a auto-afirmação e a aceitação. E nessa intertextualidade, nessa reelaboração textual a que nos propusemos, verificamos o quanto o ser humano em suas buscas transita pelo mundo do non-sense. Apresentamos algumas idéias que permeiam a existência do homem, provenientes de releituras das histórias de Pinóquio e Alice. E buscamos ainda construir uma relação das personagens com "As viagens de Gulliver", estabelecendo uma analogia entre os universos ficcionais.


Dia 04/07

16h30 – 17h45

Andrea Castelaci e Rogério: Entre a imersão e superfície efeito das referências no cinema
Resumo
Alguns objetos artísticos têm sido referência presente em diferentes contextos, linguagens e momentos históricos, pois a modernidade e a pós-modernidade têm ratificado o momento a que Walter Benjamin se referiu como a era da reprodutibilidade técnica. Tal idéia é criticada por Adorno pela não garantia de que se conquistasse a verdadeira consciência analítica acerca do objeto artístico e por posicionar a obra de arte sob o risco da limítrofe circunstância de ícone, cuja leitura seria destituída de profundidade. Considerando, nesse contexto, a obra de Lewis Carrol “Alice no País das Maravilhas” como objeto de referência direta e indireta da arte cinematográfica, sendo reproduzida a despeito de sua “aura”, apresentaremos, neste trabalho, algumas dessas referências à obra de Carrol presentes em filmes, buscado analisar como os elementos constitutivos de tais intertextualidades, conscientizam ou limitam a leitura do receptor acerca do referente.
·          
Anne Kelly Pendelosky:  Emília X Alice
O trabalho que pretendo apresentar é a relação de intertextualidade existente entre as obras “Alice through the looking-glass” de Lewis Carrolle a obra “A chave do tamanho” de Monteiro Lobato. Buscarei analisar dois capítulos, especificamente: “The garden with live flowers” e “Viagem pelo jardim”, em que as personagens principais, Alice e Emília, respectivamente, apresentam-se em meio a um jardim com a sua forma de tamanho extremamente reduzida, fato que as aproxima em primeiro momento. No entanto, cada uma vivencia essa experiência de forma diferente: Alice e as flores conversam, Emília busca explicar o jardim de forma racional e científica, o que as diferencia. Buscarei analisar os dois capítulos observando as condições de produção, as características das duas personagens e seus comportamentos.


Fabio LisboaAlice no país das maravilhas e o tradicional e o novo ao contar historias

As aventuras de Alice, na voz de um contador de histórias, em contraste com duas outras obras que convidam crianças e jovens a percorrerem labirintos: o mito do Minotauro (tradicional) e O Mistério Amarelo da Noite (novo). Seja na leitura, na escrita ou na escuta, quanto o tradicional tem de novo e vice-versa? Em debate, o que estas obras tem a dizer sobre o leitor do século XXI e o ressurgimento do contador de histórias. Cabe aos narradores contemporâneos contarem histórias ouvidas a milênios, escritas a centenas de anos ou assistidas e digitadas (em poucos caracteres) hoje...

Dia 05/07
16:15 às 17h  (acertar esse horário até 18h)

Nathália Tomaz – O percurso de Alice pelos labirintos da linguagem de Lewis Carroll

De origens míticas, o labirinto é um desafio, no qual o aventureiro precisa encontrar seu caminho, em um emaranhado de veredas que o confundem. Presente no imaginário da humanidade, muitas vezes, a arquitetura labiríntica transforma-se em metáfora, extrapolando limites de um espaço físico e chegando a designar uma rede complexa de pensamentos. Na literatura infantil, em Alice no País das Maravilhas, ganha destaque o entrecruzamento de possibilidades criado por Lewis Carroll, que, ludicamente, traçam caminhos a serem percorridos pela personagem e que levam o leitor pelas vias da complexidade do nonsense a experimentar uma radical subversão da lógica cartesiana e aristotélica (a que tão bem está acostumado). Nosso trabalho busca compreender o percurso labiríntico pelo qual a personagem se perde (e com ela, o leitor), ao mesmo tempo em que as referências lógicas também vão sendo perdidas e refuncionalizadas. As dificuldades de Alice para expressar-se no País das Maravilhas e lidar com as criaturas que o habitam causam no leitor a necessidade de pensar em novas possibilidades lógicas, caminhos diferentes do estabelecido.

Maria Auxiliadora Baseio - Viagem de Alice: sob o signo e o sonho de uma razão aventureira

O presente estudo analisa o simbolismo da viagem no livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Ao reunir aventura e travessia iniciática, a personagem acena para um desejo profundo de transformação: em si mesma e na sociedade que a cerca. Sob o signo da razão cientificista que alimenta o paradigma da época, Alice não hesita em nos oferecer, em contrapartida, a experiência onírica e inventiva que compõe o homo ludens, sinalizando a possibilidade de um novo paradigma.
Palavras-chave : viagem – identidade - lúdico – sociedade vitoriana

Vanessa Marques - Os diminutivos em quatro versões brasileiras de Pinóquio
Um pedaço de madeira mágico esculpido se transforma em marionete que age como um menino, mas anseia ser de carne e osso. O maravilhoso está claramente presente na narrativa de Collodi, Le avventure di Pinocchio, e na jornada de Pinóquio até se tornar um menino de verdade temos situações que indiretamente demonstram como ser uma pessoa do bem, como distinguir o certo do errado. Essa obra italiana de 1883 foi a escolhida para discussão de como traduzir literatura infantil. Clássico da literatura infantil, Le avventure di Pinocchio teve nove traduções publicadas entre 2002 e 2008, e dessas, para o Trabalho de Graduação Individual (TGI), do curso de Língua e Literatura Italiana da FFLCH/USP, escolhemos quatro para analisar os pontos de maior divergência de léxico, tradução de pronomes, diminutivos e oralidade. Para esse artigo, analisaremos as soluções para tradução de diminutivos.Atualmente, a preocupação com a literatura infantil aumentou consideravelmente como ferramenta didática e para entretenimento, justificando assim, a importância de se pensar em como traduzir para crianças, já que as obras traduzidas ainda têm seu papel, e o tradutor deve ter consciência desse público peculiar, que requer uma linguagem específica, que transmita o lúdico, a fantasia e a magia sem ser pedante ou piegas.

Fabiana Tavares - Inteligência Artificial como intertexto com Pinóquio


Trabalhos em outros formatos, com apresentações nos três dias:

Móbiles David, Juliana, Maria Laura

Vídeo clip – Thaís, Lia e Vanessa

Mais informações sobre o grupo de estudos:

Mais informações sobre este blog:

História: O filósofo e os construtores

Recontada por Fabio Lisboa

Aquele filósofo (como todo filósofo) gostava de se perguntar (e fazer as pessoas pensarem) sobre os porquês da vida. Uma vez, caminhando por uma estrada pela França, viu um terreno onde vários homens trabalhavam no que poderia se transformar numa construção enorme.

Bem próximo à estrada, encontrou o primeiro homem que trabalhava com tijolos e que parecia cansado e mal humorado.

- Bom dia, senhor. Em minhas viagens pelo mundo nunca vi tanta gente construindo algo tão grande... O que faz? E por que faz isso?

- Ora, o que faço?! Boa pergunta! Coloco um tijolo em cima do outro, é isso o que eu faço, não está vendo? E isso aqui vai virar uma parede ou muro, sei lá, se quer saber mais sobre a obra pergunte ao mestre-de-obras, oras! E o que mais queria saber?

- E por que faz isso?

- Faço isso porque nunca consegui nada melhor na minha vida, oras! Afinal, quem é que gosta de ficar embaixo desse sol, horas, suando, colocando tijolos um em cima do outro, oras?



O filósofo continuou andando e encontrou um segundo homem que parecia mais animado, trabalhando também com tijolos.

- Bom dia, senhor. Em minhas viagens pelo mundo nunca vi tanta gente construindo algo tão grande... O que faz? E por que faz isso?

- Construo uma parte de uma... pelo que ouvi dizer... uma grande igreja... Faço isso porque preciso trabalhar e ganhar o meu pão, né homem, você não trabalha, não? Bem, não sei qual o seu, né, mas esse é o meu trabalho e com ele pelo menos me exercito e ainda posso ficar ao ar livre...

O filósofo continuou andando e encontrou um terceiro homem, ainda mais animado, que parecia irradiar alegria, este também, trabalhando com tijolos.

- Bom dia, senhor. Em minhas viagens pelo mundo nunca vi tanta gente construindo algo tão grande... O que faz? E por que faz isso?

- Eu estou ajudando a construir a Catedral da cidade. Pessoas do mundo todo vão vir aqui em busca de contato com algo superior, certo?... Pois bem, eu trabalho construindo coisas porque em cada tijolo sinto esse contato com algo superior a mim! Não importa se construo uma capela ou catedral, um casinha ou um palácio, faço o melhor que posso - porque se eu voltar nos lugares onde passei, ficarei feliz de ver o que fiz... certo?...

Recontada por Fabio Lisboa

História selecionada para o Projeto ABC: Aprender, Brincar, Cuidar - Eixo 2 – Entender e responder às necessidades da criança
Veja como esta história dialoga com o poema “Para ser grande...” de Fernando Pessoa