Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

HQ Oficina gratuita de Histórias em quadrinhos




Inscrições abertas para início de novas aulas (às segundas e quartasa partir de 26/07


Inscrições:
tel: 2081.3673
email: cefopea@reciclazaro.org.com
LOCAL: CEFOPEA - Centro de Formação Profissional e Educação Ambiental - Av. ARISTON AZEVEDO, nº 10 - BELÉM, PRÓXIMO À RUA CATUMBI

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1º Encontro Nacional de Produções Literárias e Culturais Para Crianças e Jovens

(clique na imagem para ampliá-la)

Alice, Pinóquio, Maurício de Souza, Nelly Novaes Coelho e Maria Zilda Cunha são algumas das presenças confirmadas

Com o intuito de promover o encontro de estudiosos que elegeram a literatura para crianças e jovens como objeto de investigação, a área de literatura infanto-juvenil da USP realizará o I Encontro de Produções literárias e Culturais para Crianças e Jovens/Literatura e Sociedade, nos dias 03,04 e 05 de Agosto, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH).


Teremos como tema especial as obras Alice no País das Maravilhas e As Aventuras de Pinóquio, escritas por Lewis Carroll e Carlos Collodi, respectivamente, e suas adaptações para diferentes linguagens. “Tal escolha se dá por serem duas grandes representantes de obras clássicas que transitam pelo universo infantil e juvenil, revestidas de contemporaneidade graças às diversas releituras feitas, para diferentes públicos e idades e em suportes distintos”, explica a Profª. Drª. Maria Zilda da Cunha, Coordenadora do Departamento de Literatura Infantil e Juvenil da Faculdade de Letras da USP, e também a criadora do evento, juntamente com o Grupo de Pesquisa: Estudos De Produções Literárias e Culturais para crianças e jovens.

Com o objetivo de promover e disseminar o diálogo estabelecido pela literatura com outras produções culturais, e considerando essa interação relevante na discussão acadêmica, o evento é voltado a educadores, escritores, pesquisadores e estudantes que se interessem pela formação do leitor contemporâneo. Dentre os destaques da programação do I Encontro de Produções literárias e Culturais Para Crianças e Jovens/Literatura e Sociedade está a conferência com a escritora e crítica literária Nelly Novaes, responsável pela criação da área de literatura infanto-juvenil da USP, Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica, Odilon Moraes, ilustrador e escritor, entre outros importantes especialistas que contemplam as áreas de teatro, animação e cinema, que trarão sua contribuição para esse fórum de debates e reflexões.

O evento inédito também conta com a apresentação de trabalhos desenvolvidos pelo grupo de estudos da Área de Literatura Infantil me Juvenil da USP. As inscrições podem ser feitas pelo site http://www.grupoplccj.webnode.com.br/ ou pessoalmente no dia do evento. Os participantes dos 3 dias receberão certificado da Universidade de São Paulo.

Confira a programação completa dos 03 dias do evento aqui:

1º ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÕES LITERÁRIAS E CULTURAIS PARA CRIANÇAS E JOVENS/LITERATURA E SOCIEDADE

Organização:

Profª. Drª. Maria Zilda da Cunha, coordenadora da Área de Literatura Infantil e Juvenil Profª. Drª. Maria Cristina X. de Oliveira
Maria de Lourdes Guimarães
Grupo de Estudos Produções Literárias e Culturais Para Crianças e Jovens

Tema: Alice e Pinóquio - Versões e Diálogos na releitura dos Clássicos

PROGRAMAÇÃO

03/08/10
14h00: 14h15: Recepção de convidados e entrega de material
14h15: Abertura: Profª. Drª. Maria Zilda Cunha
Homenagem à escritora Profª. Drª. Maria Lúcia Pimentel Góes
14h30: Conferência: Profª. Dra. Nelly Novaes Coelho
15h30 – 16h15: Mesa-redonda: As interfaces de Alice e Pinóquio no Brasil
Participamtes: Odilon Moraes (ilustrador), João Gomes de Sá (escritor e poeta) e
Silvana Salermo (escritora). Mediação; Prof. Dr. Nicolau Gregorin Filho
16h15 – Abertura da exposição permanente de livros: Profa Dra Ana Lúcia Brandão
16h20 às 16:35: Intervalo
16h35 – 17h45: Apresentação de trabalhos do grupo de estudos
18h00: Exibição do filme “Pinóquio”, com comentário da Profª. Drª. Fabiana Marquesini

Local: FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP) - Prédio da Letras - sala 266

04/08/10
14h00 – 15h00: Palestra: Maurício de Souza - As adaptações de clássicos para a HQ
15h00 – 16h15: Mesa-redonda: Adaptações de Alice e Pinóquio – a arte do teatro e da animação.
Participantes: Alexandra Golik e Carla Candiotto, do Grupo Cia Le Platt Du Jour, Prof. Alexandre Haddad (especialista da área de animação) e Profª. Drª. Maria dos Prazeres Mendes. Mediação Profª. Drª. Maria Zilda Cunha.
16h15 – 16h30: Intervalo
16h30 – 17h45: Apresentação de trabalhos do grupo de estudos
18h00: Exibição do filme “Alice no país das maravilhas” com comentário de Natália Thomaz (Mestranda em ECLLP)
Local: FFLCH/Sociais – auditório (térreo)

05/08/10
14h00 - 15h00: Palestra: Andréa Simão – Adaptação da literatura para o cinema
15h00 – 16h00: Apresentação de trabalhos do grupo de estudos
16h00 – 16h15: Intervalo
16h15 – 17h00: Apresentação de trabalhos do grupo de estudo
17h00: Apresentação da obra multimídia “Menina Sonho” de Adriana Peliano
Encerramento com Profª. Drª. Maria Zilda Cunha

Local: FFLCH/Letras sala 266

Exposição de Livros

Durantes os 3 dias do evento haverá uma exposição de livros e HQs que contemplam traduções e adaptações das obras “As Aventuras de Pinóquio” de Carlos Collodi e “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carroll.


Distribuição das apresentações do Grupo de Estudos

Dia 03/07

16h35 – 17h45

Ricardo Ramos Filho: A questão da mentira na obra de Collodi e de Lobato

Os dois escritores criaram bonecos que mentiam. As conseqüências, porém, eram diferentes. Sabemos que o nariz de Pinóquio crescia, e o que acontecia com Emília?  Autores com concepções diferentes de crianças e visões particulares de mundo, tiveram abordagens distintas no que se refere às questões ligadas à mentira. Vamos nos deter um pouco sobre algumas particularidades ligadas ao tema.

Ana Lúcia Brandão: Diferentes humores em três tempos: Lobato, Orthof e Carroll

O humor se manifesta de formas diferentes na obra de Lobato Orthof e Carroll. São diferentes humores frutos de época e culturas diferentes. Vamos dar características gerais do humor matiz da cultura brasileira e o Humor enquanto crítica social em Lewis Carroll.

Itamar Santos: Buscas
O  trabalho aborda o encontro entre Alice e Pinóquio num jardim, onde ambos, perdidos procuram pela saída. Ao encontrarem um coelho que corre e entra em sua toca, seguem-no. A imbricação dos mundos de Alice e Pinóquio é o caminho que estes dois personagens necessitam para suas buscas, ou seja, a identidade, a auto-afirmação e a aceitação. E nessa intertextualidade, nessa reelaboração textual a que nos propusemos, verificamos o quanto o ser humano em suas buscas transita pelo mundo do non-sense. Apresentamos algumas idéias que permeiam a existência do homem, provenientes de releituras das histórias de Pinóquio e Alice. E buscamos ainda construir uma relação das personagens com "As viagens de Gulliver", estabelecendo uma analogia entre os universos ficcionais.


Dia 04/07

16h30 – 17h45

Andrea Castelaci e Rogério: Entre a imersão e superfície efeito das referências no cinema
Resumo
Alguns objetos artísticos têm sido referência presente em diferentes contextos, linguagens e momentos históricos, pois a modernidade e a pós-modernidade têm ratificado o momento a que Walter Benjamin se referiu como a era da reprodutibilidade técnica. Tal idéia é criticada por Adorno pela não garantia de que se conquistasse a verdadeira consciência analítica acerca do objeto artístico e por posicionar a obra de arte sob o risco da limítrofe circunstância de ícone, cuja leitura seria destituída de profundidade. Considerando, nesse contexto, a obra de Lewis Carrol “Alice no País das Maravilhas” como objeto de referência direta e indireta da arte cinematográfica, sendo reproduzida a despeito de sua “aura”, apresentaremos, neste trabalho, algumas dessas referências à obra de Carrol presentes em filmes, buscado analisar como os elementos constitutivos de tais intertextualidades, conscientizam ou limitam a leitura do receptor acerca do referente.
·          
Anne Kelly Pendelosky:  Emília X Alice
O trabalho que pretendo apresentar é a relação de intertextualidade existente entre as obras “Alice through the looking-glass” de Lewis Carrolle a obra “A chave do tamanho” de Monteiro Lobato. Buscarei analisar dois capítulos, especificamente: “The garden with live flowers” e “Viagem pelo jardim”, em que as personagens principais, Alice e Emília, respectivamente, apresentam-se em meio a um jardim com a sua forma de tamanho extremamente reduzida, fato que as aproxima em primeiro momento. No entanto, cada uma vivencia essa experiência de forma diferente: Alice e as flores conversam, Emília busca explicar o jardim de forma racional e científica, o que as diferencia. Buscarei analisar os dois capítulos observando as condições de produção, as características das duas personagens e seus comportamentos.


Fabio LisboaAlice no país das maravilhas e o tradicional e o novo ao contar historias

As aventuras de Alice, na voz de um contador de histórias, em contraste com duas outras obras que convidam crianças e jovens a percorrerem labirintos: o mito do Minotauro (tradicional) e O Mistério Amarelo da Noite (novo). Seja na leitura, na escrita ou na escuta, quanto o tradicional tem de novo e vice-versa? Em debate, o que estas obras tem a dizer sobre o leitor do século XXI e o ressurgimento do contador de histórias. Cabe aos narradores contemporâneos contarem histórias ouvidas a milênios, escritas a centenas de anos ou assistidas e digitadas (em poucos caracteres) hoje...

Dia 05/07
16:15 às 17h  (acertar esse horário até 18h)

Nathália Tomaz – O percurso de Alice pelos labirintos da linguagem de Lewis Carroll

De origens míticas, o labirinto é um desafio, no qual o aventureiro precisa encontrar seu caminho, em um emaranhado de veredas que o confundem. Presente no imaginário da humanidade, muitas vezes, a arquitetura labiríntica transforma-se em metáfora, extrapolando limites de um espaço físico e chegando a designar uma rede complexa de pensamentos. Na literatura infantil, em Alice no País das Maravilhas, ganha destaque o entrecruzamento de possibilidades criado por Lewis Carroll, que, ludicamente, traçam caminhos a serem percorridos pela personagem e que levam o leitor pelas vias da complexidade do nonsense a experimentar uma radical subversão da lógica cartesiana e aristotélica (a que tão bem está acostumado). Nosso trabalho busca compreender o percurso labiríntico pelo qual a personagem se perde (e com ela, o leitor), ao mesmo tempo em que as referências lógicas também vão sendo perdidas e refuncionalizadas. As dificuldades de Alice para expressar-se no País das Maravilhas e lidar com as criaturas que o habitam causam no leitor a necessidade de pensar em novas possibilidades lógicas, caminhos diferentes do estabelecido.

Maria Auxiliadora Baseio - Viagem de Alice: sob o signo e o sonho de uma razão aventureira

O presente estudo analisa o simbolismo da viagem no livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Ao reunir aventura e travessia iniciática, a personagem acena para um desejo profundo de transformação: em si mesma e na sociedade que a cerca. Sob o signo da razão cientificista que alimenta o paradigma da época, Alice não hesita em nos oferecer, em contrapartida, a experiência onírica e inventiva que compõe o homo ludens, sinalizando a possibilidade de um novo paradigma.
Palavras-chave : viagem – identidade - lúdico – sociedade vitoriana

Vanessa Marques - Os diminutivos em quatro versões brasileiras de Pinóquio
Um pedaço de madeira mágico esculpido se transforma em marionete que age como um menino, mas anseia ser de carne e osso. O maravilhoso está claramente presente na narrativa de Collodi, Le avventure di Pinocchio, e na jornada de Pinóquio até se tornar um menino de verdade temos situações que indiretamente demonstram como ser uma pessoa do bem, como distinguir o certo do errado. Essa obra italiana de 1883 foi a escolhida para discussão de como traduzir literatura infantil. Clássico da literatura infantil, Le avventure di Pinocchio teve nove traduções publicadas entre 2002 e 2008, e dessas, para o Trabalho de Graduação Individual (TGI), do curso de Língua e Literatura Italiana da FFLCH/USP, escolhemos quatro para analisar os pontos de maior divergência de léxico, tradução de pronomes, diminutivos e oralidade. Para esse artigo, analisaremos as soluções para tradução de diminutivos.Atualmente, a preocupação com a literatura infantil aumentou consideravelmente como ferramenta didática e para entretenimento, justificando assim, a importância de se pensar em como traduzir para crianças, já que as obras traduzidas ainda têm seu papel, e o tradutor deve ter consciência desse público peculiar, que requer uma linguagem específica, que transmita o lúdico, a fantasia e a magia sem ser pedante ou piegas.

Fabiana Tavares - Inteligência Artificial como intertexto com Pinóquio


Trabalhos em outros formatos, com apresentações nos três dias:

Móbiles David, Juliana, Maria Laura

Vídeo clip – Thaís, Lia e Vanessa

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História: O filósofo e os construtores

Recontada por Fabio Lisboa

Aquele filósofo (como todo filósofo) gostava de se perguntar (e fazer as pessoas pensarem) sobre os porquês da vida. Uma vez, caminhando por uma estrada pela França, viu um terreno onde vários homens trabalhavam no que poderia se transformar numa construção enorme.

Bem próximo à estrada, encontrou o primeiro homem que trabalhava com tijolos e que parecia cansado e mal humorado.

- Bom dia, senhor. Em minhas viagens pelo mundo nunca vi tanta gente construindo algo tão grande... O que faz? E por que faz isso?

- Ora, o que faço?! Boa pergunta! Coloco um tijolo em cima do outro, é isso o que eu faço, não está vendo? E isso aqui vai virar uma parede ou muro, sei lá, se quer saber mais sobre a obra pergunte ao mestre-de-obras, oras! E o que mais queria saber?

- E por que faz isso?

- Faço isso porque nunca consegui nada melhor na minha vida, oras! Afinal, quem é que gosta de ficar embaixo desse sol, horas, suando, colocando tijolos um em cima do outro, oras?



O filósofo continuou andando e encontrou um segundo homem que parecia mais animado, trabalhando também com tijolos.

- Bom dia, senhor. Em minhas viagens pelo mundo nunca vi tanta gente construindo algo tão grande... O que faz? E por que faz isso?

- Construo uma parte de uma... pelo que ouvi dizer... uma grande igreja... Faço isso porque preciso trabalhar e ganhar o meu pão, né homem, você não trabalha, não? Bem, não sei qual o seu, né, mas esse é o meu trabalho e com ele pelo menos me exercito e ainda posso ficar ao ar livre...

O filósofo continuou andando e encontrou um terceiro homem, ainda mais animado, que parecia irradiar alegria, este também, trabalhando com tijolos.

- Bom dia, senhor. Em minhas viagens pelo mundo nunca vi tanta gente construindo algo tão grande... O que faz? E por que faz isso?

- Eu estou ajudando a construir a Catedral da cidade. Pessoas do mundo todo vão vir aqui em busca de contato com algo superior, certo?... Pois bem, eu trabalho construindo coisas porque em cada tijolo sinto esse contato com algo superior a mim! Não importa se construo uma capela ou catedral, um casinha ou um palácio, faço o melhor que posso - porque se eu voltar nos lugares onde passei, ficarei feliz de ver o que fiz... certo?...

Recontada por Fabio Lisboa

História selecionada para o Projeto ABC: Aprender, Brincar, Cuidar - Eixo 2 – Entender e responder às necessidades da criança
Veja como esta história dialoga com o poema “Para ser grande...” de Fernando Pessoa

Poema: Para ser grande


Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.


Fernando Pessoa

heterônimo: Ricardo Reis



Referências (http://www.contarhistorias.com.br/):

ODES DE RICARDO REIS

Fernando Pessoa, 1888-1935

In As Múltiplas Faces de Fernando Pessoa 1ª. Ed. S. Paulo: Guteplan, 1991

seleção: Célia A.N. Passoni

Além deste livro de bolso da Editora Núcleo com uma seleção super bacana (que foi meu primeiro contato com o poeta no ensino médio) recomendo também as seleções da editora Nova Fronteira como “O Eu profundo e os outros eus” por Afrânio Coutinho e da Cia das Letras (inclusive em versões mais acessíveis “de Bolso”):

Ilustração (genial, né?): Pois é o logo da Casa Fernando Pessoa (museu em Lisboa dedicado ao poeta)

Na internet: Jornal de Poesia traz informações sobre a biografia do poeta, poesia completa, divisão dos poemas em ordem alfabética ou por heterênimo.

Aprofundamento teórico - Texto de Nelly Novaes Coelho sobre o autor:
Fernando Pessoa, a Dialética de ser em Poesia:

Poema selecionado para o Projeto ABC: Aprender, Brincar, Cuidar - Eixo 2 – Entender e responder às necessidades da criança.

História: O Filósofo e o Elefante Acorrentado

recontada por Fabio Lisboa http://www.contarhistorias.com.br/

Essa história se passa no tempo em que os animais eram comercializados pelo seu irmão, o homem. No tempo em que os seres (não humanos) eram também presos em jaulas e viravam atrações de circo.


Essa história se passa com aquele filósofo que (como o filósofo da história que conterei em seguida) gostava de se perguntar (e fazer as pessoas pensarem) sobre os porquês da vida.

Ao assistir o espetáculo no circo, o filósofo não parou de pensar no destino dos artistas (bichos humanos e bichos não humanos). Com “destino” o filósofo queria dizer: de onde vem, pra onde vão, por que estão aqui?

O que mais o intrigou foi o destino do elefante, que levantou o domador com a tromba e empurrou um caminhão. Terminado o show, o filósofo quis saber que tipo de jaula conseguiria deter tamanho poder.

Quando encontrou o domador, ficou surpreso ao ver o elefante preso a uma corrente, que por sua vez ficava amarrada numa estaca presa ao chão.

É claro que seria muito fácil para o elefante se livrar daquela situação arrebentando a corrente ou arrancando a estaca do chão. Mas por que ele ficava lá?

Pensou se seria pela amizade com o bicho-homem que doma a dor do bicho-elefante. Pensou se seria pela comida garantida. Por algum familiar elefante. Pela casa-jaula garantida. Por viajar e conhecer muitos lugares novos. Ou por não lembrar mais o caminho de volta à África. Ou seria por não acreditar que a sua força poderia libertá-lo...

Decidiu perguntar ao especialista, o domador de elefantes:

- Como essa corrente e essa estaca pequena conseguem prender este elefante tão poderoso?

- Isto é um truque. Que só funciona quando o domador faz desde que o elefante é filhote.

- E qual o truque?

- É prender o pé do filhote com essa mesma corrente e com essa mesma estaca. Daí que o elefante filhote tenta que tenta se livrar mas não consegue. Chega uma hora, ele desiste e acha que dessa corrente e dessa estaca ele nunca mais vai conseguir escapar.



O filósofo pensou nas correntes ainda amarradas em seu pé desde a sua infância e nas que ele amarrou em filhotes humanos (ou não). O filósofo saiu de lá pensando que talvez um dia o homem liberte os animais dos circos, dos zoológicos, dos aquários, das jaulas, dos abatedouros, das redes, das correntes, e talvez, um dia, liberte também o seu próprio pé...



História recebida nas aprisionantes (embora ora libertadoras) correntes de e-mails de autoria “anônima”. Se alguém conhecer o “anônimo”, avise!

História selecionada para o Projeto ABC; Aprender, Brincar, Cuidar - Eixo 2: Entender e responder para a criança.

Recontada por Fabio Lisboa http://www.contarhistorias.com.br/

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Cultura de paz nasce antes do nascimento

Projeto ABC - Aprender, Brincar, Cuidar
Eixo 2: Entender e responder para a criança

Mãe, pai, cuidadores e bebês:
Comunicação, Conexão e Sedução
para o desenvolvimento de um futuro de paz

Edição para o blog: Fabio Lisboa
Baseado em texto da Dra Iole da Cunha
Editado por: Marilena Flores Martins

Descobertas sobre os processos mentais do início da vida e a importância da comunicação, conexão e sedução

Nos últimos 60 anos, a comunidade científica passou por grandes avanços no conhecimento sobre o bebê-não nascido, o recém-nascido e o período de zero a três anos trazendo, com estes avanços, perspectivas de melhorar a qualidade de vida e interferir de forma positiva no desenvolvimento humano.

A neonatologia é uma jovem disciplina prestes a completar seu cinquentenário. Foi graças à convivência dos profissionais de saúde pré e perinatal com recém-nascidos doentes nas UTIN (Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal), aos “cuidadores” de instituições albergues de bebês abandonados e a técnica de observação de bebês que se começou a aprender quem é o bebê e acessar o seu saber. Foram bem descritos os reflexos arcaicos e capacidades motoras; percepção visual, auditiva, olfativa, gustativa e tátil; interocepção e exterocepção; proprioceptividade, irritabilidade, consolo e autoconsolo, domínio vegetativo, os estados de consciência, os ritmos comportamentais, a memória e percepção multimodal. Mas só nos últimos quinze anos pontes construídas com a neurociência, a psicanálise com bebês e a psicanálise da gestação, a neuropsicanálise, a neuroantropologia, a linguística, e o estruturalismo, possibilitaram traçar um perfil mais preciso do indivíduo no início da vida e buscar um modo de comunicação que lhe garanta segurança (excitação) enquanto limite seus desejos (inibição), permitindo o crescimento adequado do cérebro em desenvolvimento e sua mente.

A ciência consiliente, integrada, e a neurociência comprovam como as experiências e emoções vivenciadas pelo bebê em interação, neste período inicial da vida, esculpem os mágicos caminhos do cérebro em desenvolvimento e a forma com que irá interpretar o mundo no futuro. A busca em criar nossos filhos sob os princípios de uma cultura de paz começa por nossa interação presente (ou ausente).

Veremos que estar com o corpo presente não basta, é preciso que os adultos próximos ao bebê estejam atentos a ele, comuniquem-se e respondam aos seus apelos. O que não quer dizer que o adulto tem que fazer tudo o que a criança quer. O que não se deve fazer é ignorar os apelos por comunicação pois o bebê humano quer ser ouvido, visto e desejado.


O bebê e seu potencial inato para a comunicação e sedução

O que garante a satisfação do bebê, não é a mera presença da mãe, mas a percepção de que ela o deseja. Deste modo passa a desejar o desejo da mãe e não apenas a mãe em si.

Para ser desejado e sobreviver, o bebê desenvolveu uma elaborada habilidade de comunicação: o olhar, sorriso, choro, o ato de mamar são formas de seduzir a mãe para que esta o deseje. Assim, proteção, alimentação, atenção e carinho, estão garantidos, logo, a sobrevivência e o prazer sensorial também.

O cuidador deve aprender a fortificar este comportamento materno vital, sendo estimulado (e estimulando a mãe) a se comunicar com o bebê e deixar-se seduzir por ele.

Sedução

É impressionante observar a insistência com que o recém-nascido busca a face e os olhos da mãe. E quando consegue estabelecer uma conexão direta, seu olhar sorri e é como se olhassem através da “janela da alma” materna. Entretanto, nem sempre o bebê consegue que a mãe o olhe com desejo, o que lhe permitiria sentir-se em segurança. A mãe pode estar imersa na crise da gestação, olhando ainda apenas para o “seu bebê interno” (bebê fantasmático) e precisa ser ajudada a olhar para o bebê real. Ao ver o seu bebê, olhando para ele de verdade, tem início um processo muito interessante de comunicação e empatia entre mãe e bebê.

O olhar e a empatia

Quando o olhar da mãe e do bebê se encontram e se fixam, um milagre de comunicação ocorre. O bebê adquire a percepção de que será cuidado em segurança e a mãe entende do que seu bebê necessita. Um sente empatia pelo outro. Ou seja, um consegue se colocar no lugar do outro, sentir o prazer e a dor do outro. O cuidador, de forma menos intensa, mas não menos importante, deve também conectar-se através do olhar e deixar suas emoções positivas (e as do bebê) fluírem de forma empática. A empatia é um dos processos mentais que neutraliza a violência. Facilitar e fortalecer os processos empáticos na infância é uma das chaves para a construção de uma cultura de paz.

Imitação – A imitação denota os primeiros passos do desenvolvimento humano. E o divertido “treinamento” começa bem antes das primeiras palavras, por exemplo, com a conexão através das expressões faciais. Quem consegue ficar sério diante de um bebê rindo? E qual o bebê resiste à expressão facial da mãe e do pai sorrindo, fazendo caretas e rindo? As tentativas de imitação, o efeito de espelho se traduz para o bebê num alto grau de controle que induz a uma excitação positiva. A imitação explicita para o bebê que ele está conectado a outro ser humano que o deseja, em especial, a mãe.

A aquisição das habilidades cognitivas da função executiva, da autoestima, da regulação afetiva, da aquisição da língua e do desenvolvimento da fala são grandemente influenciadas pela percepção da presença psíquica da mãe, ou seja (e é bom repetir) o desenvolvimento saudável do bebê depende da presença de uma mãe presente. E de cuidadores presentes.

A ausência, por sua vez, gera problemas no desenvolvimento infantil. A ciência confirma que o bebê em interação continuada com uma mãe psiquicamente ausente, ficará exposto a patologias do desenvolvimento, desde a microdepressão, a falhas de sintonia fina, cólicas, distúrbios do sono e alimentares (incapacidade de sugar o seio materno, refluxo), hiperatividade e vulnerabilidade, apenas para citar algumas já bem estudadas.

A linguagem e o contar histórias dirigidos ao bebê
Por que contar histórias a bebês se eles não entendem as palavras dirigidas a eles? Bebês não entendem de palavras, mas de prosódia: ritmo, cadência e entonação.

Além disso, a palavra dirigida aos recém-nascidos traz a tão necessária conexão com o outro. Estudos de observação do comportamento no período pré-verbal, que analisam o ritmo de sucção, os batimentos cardíacos, a expressão facial, o tônus muscular, os níveis salivares de cortisol e principalmente o choro evidenciam uma resposta positiva do bebê, que se sente consolado quando da intervenção da mãe, do pai ou do cuidador com a linguagem empática, cadenciada, cantada ou até mesmo sussurrada.

Estudos de comportamento fetal evidenciam que a partir da 24ª semana de gestação a comunicação verbal da mãe influencia o bebê não nascido. Bebês acostumados a prosódia das histórias terão mais facilidade em ouvir o outro e em desenvolver a fala e a escrita.

A linguagem do bebê é a das emoções

A neurociência comprova que o ser humano até os três anos de idade percebe e atua no mundo usando, essencialmente, o córtex frontal direito, grosso modo, o “cérebro das emoções”. Somente após os três anos, o controle principal é exercido pelo córtex esquerdo, especializado na função executiva, na consciência e razão, e na linguagem articulada.

Então o bebê reage ao mundo usando o seu filtro de emoções. Percebe o outro e suas atitudes de forma sensível, aproximando-se ou afastando-se conforme a sua percepção do que é adequado ou não para a sua sobrevivência.

Conclusões para um futuro de paz

O bebê não existe sozinho, ele sabe disso e procura a conexão com outro ser humano para a sua sobrevivência. As necessidades e o saber do bebê precisam ser entendidos por todos os que se propõem a cuidar de crianças de zero a três anos. A mãe, o pai e os cuidadores não devem subestimar a importância de responder sempre para a criança. Adultos presentes conseguem comunicar-se, conectar-se, seduzir e deixar-se seduzir pelos bebês que assim, terão mais chances de se desenvolverem saudáveis, autoconfiantes, empáticos, afetivos e inteligentes, racional e emocionalmente. Uma sociedade pacífica se faz com indivíduos educados (e preparados fisiologicamente) para a paz.


http://www.unitedwaybrasil.org.br/
http://www.ipadireitodebrincar.org.br/
http://www.contarhistorias.com.br/

Este projeto é uma iniciativa da United Way Brasil (UWB) contando com a parceria no desenvolvimento técnico-pedagógico da IPA-Brasil (Associação Brasileira pelo Direito de Brincar).

O Projeto é estruturado em 5 eixos e o resumo teórico de cada eixo, bem como histórias relacionadas a cada tema, serão postados aqui. A iniciativa prevê cinco encontros formativos, que incluem jogo de simulação baseado em casos reais, dinâmicas lúdicas e integrativas, atividades teóricas e práticas e histórias que aprofundam (e ampliam) a significação dos temas. Leia o texto introdutório.


Sugestão de músicas “massageantes”: UAKTI – CD Águas da Amazônia: http://www.uakti.com.br/



Música de Valter Pini: Te ofereço paz - http://valterpini.sites.uol.com.br/


História: Onde encontrar a felicidade?

recontada por Fabio Lisboa http://www.contarhistorias.com.br/

No início dos tempos (ainda que o tempo já existisse), o Deus Brahma que era (e ainda é) tudo e está em tudo, estava sentado em sua flor de lótus cósmica. Após alguns ciclos de universos nascendo e morrendo, o Deus, pleno em sua felicidade e paz infinitas, sentiu a flor de lótus desabrochar e teve vontade de criar uma vida plena de felicidade na Terra.

Criou a primeira alma humana, mas a dividiu em duas e deu corpo a um homem e a uma mulher (as primeiras almas-gêmeas do mundo). Homem e mulher perceberam que quando se encontrassem passariam momentos de plenitude juntos como se fossem de novo um. Mas, como bem sabem os casais até hoje, esse momento de felicidade e paz um dia acabava. Quanto à felicidade e paz infinitas o Deus Brahma decidiu escondê-las dentro de um lago.

Muitos homens e mulheres começaram a habitar a Terra e só conseguiam ver a superfície turbulenta do lago e não encontravam a felicidade. No máximo, tinham momentos de felicidade extrema ao encontrarem, apaixonados, sua alma gêmea.

Até que um casal amoroso conseguiu enxergar que a verdadeira felicidade plena estava na paz da profundeza do lago e não na superfície ondulante. O casal mergulhou no lago e na mesma hora encontrou a felicidade, transcendeu, e voltou a se unir à totalidade do mundo, à alma do mundo (Brahman), homem e mulher voltaram a ser parte do Deus Brahma.

E atrás do primeiro casal, foi o restante dos habitantes da Terra, um a um, descobrindo onde estava a felicidade e paz infinitas e se juntando à serenidade de Brahma. Até que novamente o planeta ficou vazio de seres humanos.

O Deus então pensou em esconder a felicidade na profundeza mais profunda do oceano mais profundo da Terra. Mas pensou melhor e previu que os homens no futuro encontrariam um jeito de mergulhar até nestas profundezas e descobrir a felicidade.

A segunda ideia do Deus Brahma foi esconder a felicidade no pico mais alto da cordilheira mais alta da Terra. Mas também previu que o homem um dia chegaria lá e encontraria a felicidade. Pensou em outros esconderijos no planeta, nas mais densas florestas, nas cavernas mais escuras mas não importava onde imaginasse, logo previa que o homem alcançaria também estes lugares.

Até que, como todo Deus criador, teve uma ideia divina! Esconderia a felicidade num lugar em que o homem nunca pensaria em procurar! Um lugar em que a maioria dos seres humanos não saberia alcançar...

Mesmo prevendo que algum dia homens e mulheres descobririam onde procurar a felicidade e se sentiriam novamente plenos e parte de uma paz maior do que eles próprios, por muito tempo a felicidade ainda estaria bem guardada... Num lugar mais perto do que muitos imaginam...

Dentro de cada um dos seres humanos. Num lugar que alguns chamam de coração, outros de consciência, outros de alma. Um lugar ao mesmo tempo distante e perto, de difícil acesso e acessível a todos. Um lugar onde sempre será possível encontrar a felicidade.

Recontada por Fabio Lisboa http://www.contarhistorias.com.br/

A busca pelo entendimento desta “felicidade” passa pela reflexão sobre o ditado indiano:

“Que as gotas residem no oceano, todos sabem. Mas que o oceano reside na gota, poucos sabem.” *

* Citado por Prem Rawat na palestra “Brilhe com o entendimento” (http://www.palavrasdepaz.org.br/).

É possível encontrar esta e outras histórias recontada pelo Ilan Brenman no premiado livro "14 Pérolas da Índia" (editora brinque book) http://www.ilan.com.br/

Base para o pano de fundo da história:


CAMPBELL, Joseph - Mitos de Luz [editor David Kudler; tradução Lindbergh Caldas de Oliveira]– São Paulo: Madras, 2006

História selecionada para o eixo 1 do projeto ABC: Aprender, Brincar, Cuidar - Cuidar de si para poder cuidar do outro