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| Foto: Ben White – Unsplash. |
Muito antes de Papai Noel, a tradição de dar presentes no Natal tem a sua origem no ano zero com os Reis Magos seguindo a estrela guia até Belém e presenteado o Menino-Jesus.
Mais de 2 mil anos depois, na carta que o meu menino, Matheus, de 2 anos, escreve ao Papai Noel, só tem uma palavra: azul.
Bem, ele ainda não sabe escrever. Mas na véspera de Natal descobri que o meu bebê, digo, menino, já sabe bem o que quer.
Muitos dias antes, explico a ele que o Menino-Jesus nasceu no dia 25 de dezembro a muitos Natais (na verdade, no primeiro Natal) atrás. Mostro que a história completa está na Bíblia e o presépio representa a cena do nascimento de Cristo. Os Reis Magos entenderam a mensagem dos céus e estão trazendo presentes ao bebê que está por vir, destinado a mudar o mundo com o seu Amor. Cada um deles tem uma idade diferente, o jovem Gaspar, o de meia idade Baltazar e o velho Belchior. O primeiro, indiano, vem da Ásia, o segundo, negro, de terras árabes da África, e o terceiro, branco, da Europa. Representam a união de diferentes gerações, povos e credos.
São reis pela sua importância e magos por saberem identificar, como sábios e astrônomos, nos sinais no céu as profecias, talvez uma confluência de planetas (Júpiter, Saturno e Urano) e no aparecimento de uma estrela brilhante no oriente que até hoje intriga astrônomos e historiadores pelo mundo.
Os Reis Magos seguem a estrela e cada um carrega consigo um presente simbólico para o Filho de Deus que vai nascer: o ouro representando a realeza de Cristo, a mirra, usada para curas, denotando a Sua humanidade e o incenso, honrando o Seu caráter divino.
Mateus, o evangelista, narra assim:
"Depois de ouvirem o rei, eles seguiram o seu caminho, e a estrela que tinham visto no oriente foi adiante deles, até que finalmente parou sobre o lugar onde estava o menino.
Quando tornaram a ver a estrela, encheram-se de júbilo.
Ao entrarem na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Então abriram os seus tesouros e lhe deram presentes: ouro, incenso e mirra.”
(Mateus 2, 9-11)
Já o nosso anjinho, Matheus, ama apreciar o presépio e a história que ele tem ouvido sobre o verdadeiro significado do Natal, sobre o nascimento de Jesus nos recontos do papai, nas versões de alguns de seus livros favoritos (Bíblias para crianças!) contadas pela mamãe, e agora, em três dimensões, em suas próprias mãos. Brincando com as figuras do presépio, gosta de posicionar os reis magos dentro da manjedoura, bem próximos a Jesus. Eu os reposiciono, mais distantes:
- Olha só, Matheus, eles seguem a estrela de Belém e vão chegando, cada dia mais perto, levando os seus presentes.
Dentre os reis magos, Matheus dá mais atenção ao que leva o incenso, o velho Belchior, que, coincidentemente, veste vermelho, e diz:
- Este é o Papai Noel.
E recoloca o Rei Mago Noel bem próximo ao bercinho de palha. Matheus sabe o que quer. O nosso menino quer que o Menino-Jesus seja honrado e presentado.
- Matheus, que bacana que você deseja este encontro inusitado, até com o Papai Noel trazendo presentes para Jesus! Mas e quando chegar o Natal, o que você quer do Papai Noel?
- Presente.
- Certo, mas o que quer que ele te traga?
- Presente.
- Tá, mas qual presente?
- Azul.
Aí, pai e mãe se olham e sorriem, pois, com uma palavra, o pequeno nos convence que sabe o que quer. Ainda mais porque, se indagado, até a véspera natalina, manteve firme o seu desejo de um presente azul. Nos convence, não por sua resposta convicta e intrigante, típica de contador de histórias, e sim, por uma certeza, típica de criança, de que vai ser maravilhoso ganhar um presente, material ou impalpável, real ou imaginativamente, azul.
Não é que “qualquer coisa serve”, mas talvez o nosso filho queira nos dizer que qualquer coisa que venha do céu azul sirva. Do significado enigmático desta resposta aberta e que abre a nossa percepção para o que seria para ele (para nós e para o mundo) o azul. Da significância desta cor primária que acalma o olhar e a alma. A cor celeste tão presente que, todavia, com exceção do céu e do mar, é tão rara na natureza. E nos faz pensar, na nossa natureza, será que temos respirado, vestido e nos presenteado de azul?
Pensando bem, nosso filho talvez só queira um azul que venha da nobreza, não necessariamente, de sangue azul, mas da nobreza de coração. De saber que só o olhar de amor da mãe, de olhos azuis, ou do pai, de olhos castanhos, são azuis o bastante. Talvez se refira ao azul da dedicação dos pais que mergulham fundo na vida pra ensinar os filhos a sobreviverem no mundo até debaixo d´água.
Enfim, cada momento de ensinamentos e aprendizados desde o nascimento do filho (e concomitantemente, nosso nascimento como pais) já é um presente que ele deseja (e nós também), uma bênção sem fim e, assim, no Natal (ou em qualquer época do ano) convivendo em família com um querubim, parece que tá sempre (ou quase sempre) tudo azul.
E olha que nem é preciso esperar ter filhos ou os filhos crescerem, basta nos lembrarmos que também já fomos crianças e Jesus falou que é possível vivermos e começamos a construir o Reino dos Céus já na Terra e que o céu é das crianças.
Então que neste Natal, e sempre, o azul do céu chegue a todos nós na Terra. E que a Palavra se faça presente!
Feliz Natal e bom Ano!
Fabio Lisboa
Porto Feliz , 24-12-25



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