Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

Cuidar de si para poder cuidar do outro

Eixo 1: Projeto ABC – Aprender, Brincar e Cuidar

Autora: Luzia Torres Gerosa Laffite

O que é cuidar

Cuidar é um ato de preservação, aprendido por meio das experiências vividas e dos saberes desenvolvidos pela cultura da qual fazemos parte. Este ato se traduz em atitudes e comportamentos relacionados à atenção, ao zelo, ao respeito aos limites, à cautela, tanto frente a si próprio e como frente ao outro. O perfil de cuidador é próprio e individual, cujos conhecimentos e habilidades se refletem nas atitudes de cuidar de si, do outro e na própria disponibilidade interna em se deixar cuidar pelo outro.

O cuidar dá-se em três vertentes: consigo próprio - o autocuidado; cuidado para com o outro - o cuidar de; e cuidado do outro para mim - o ser cuidado. As três vertentes sempre precedem uma relação de apego e afeto. Não se cuida se não há estima a si próprio e ao outro.


Cuide-se!

Cuidar de si próprio é uma pré-condição para poder cuidar do outro.

O significado de cuidar de si próprio é amplo, e não cabem fórmulas especificas e reducionistas a esta capacidade que o ser humano tem. Não há receitas em como cuidar-se, mas sim reflexões que instigam a novos pensamentos, conhecimentos e comportamentos, ajudando a diminuir o stress, a ansiedade e os conflitos, ou a repetir as situações que trazem conforto e prazer.

A primeira reflexão relaciona-se ao reconhecimento do cuidador em relação aos seus próprios desejos e sentimentos. As emoções são imprevisíveis, elas ocorrem espontaneamente e não necessariamente são as mesmas para todas as experiências iguais. Negar os sentimentos cria uma falsa satisfação, acarretando mais frustração e ansiedade.

O cuidado sensível consigo próprio permite ao cuidador identificar os tipos de sentimentos – de alegria, tristeza, otimismo, desalento, amor, raiva, culpa, conforto, etc., frente às diversas situações do dia a dia, (prazerosas ou não), facilitando-o a discriminar suas preferências - o que gosta do que não gosta; o que realmente pode e quer fazer, como e quando fazer; quais as melhores condições para seu próprio bem estar. Esta capacidade de reagir ante as necessidades afetivas, físicas, sociais, de autoconhecimento e do outro, ajuda a aceitação de seus próprios limites, suavizando o sentimento de obrigação do ter que cuidar incondicionalmente e indefinidamente. Reconhecer que os sentimentos são verdadeiros, torna as próprias experiências mais valiosas, importantes e a capacidade em solicitar ajuda passa a ser mais um bem estar na vida do cuidador.

A segunda reflexão para se autocuidar refere-se ao tempo e momentos dedicados a este autocuidado. O domínio do tempo é dado pelas necessidades de quem está sendo cuidado, ou seja, quanto maior a necessidade de acolhimento e atenção, maior é o tempo de dedicação do cuidador. No caso da criança pequena o tempo normalmente tende a ser menor na proporção de seu crescimento, desde que lhe ofereça condições para que a criança se torne autônoma.

Importante se faz observar que, quanto mais conhecimento o cuidador tem das potencialidades do outro para a resolução das pequenas dificuldades, mais fácil para administrar o tempo de dedicação e consequentemente o de a si próprio. A ênfase do cuidado ao outro deve ser na qualidade da atenção, presteza e não no tempo cronológico do mesmo. Não é sempre que a criança tem condições de assinalar que os cuidados prestados já são suficientes, cabe, no entanto ao cuidador, perceber estes momentos e transferir para si o próprio cuidar.

A terceira reflexão remete ao ser cuidado por alguém. Normalmente, as pessoas mais próximas, família, amigos, são as que podem suprir alguma atenção de imediato. Compartilhar os cuidados cotidianos da criança com distintos cuidadores (pais, familiares, amigos, profissionais) na hora da alimentação, repouso, banho, brincar, formas disciplinares, etc., melhora a qualidade de atenção, diminui o “tempo vazio” do cuidado (participação inadequada do cuidar), possibilita um bom nível de confiança mutua para resolução de problemas e aumenta significativamente a disponibilidade para cuidar-se de si mesmo.

Porém, para que o outro possa ajudar, necessário se faz explicitar com clareza a necessidade real de ajuda: quais são as minhas dificuldades? Muitas vezes, não as temos com muita clareza, somente sentimos a tristeza, o desalento e a inquietude de que algo não esta bem. Falar, conversar sobre as necessidades e dificuldades presentes, torna mais fácil identificar as suas causas, aumentando a possibilidade de resolução. Muitas vezes, senão em sua maioria, o suficiente é ter alguém presente para aquela escuta, basta este ouvir...

É interessante observar que, algumas vezes, esta ajuda não necessariamente precisa vir de alguém da família ou amigo, mas sim de uma rede social presente na própria comunidade, ou no ambiente mais próximo que cerca o cuidador. Este ambiente cuidador - físico e social - fornece segurança e proteção. Por exemplo: associações de bairro, grupos sociais, clubes de serviço, redes de proteção à mulher, criança e família, serviços de saúde municipal (Núcleo de Apoio a Saúde da Família - NASF), serviços de apoio social (Centro de Referência Especializada de Assistência Social - CREAS), grupos religiosos, ONGs, propõem programas específicos de proteção e prevenção na área da saúde, educação não formal e outras atividades. Uma nova atividade social, de lazer-recreação, esportiva, ou mesmo hobby contribui para diminuir a tensão do dia a dia, e emana uma maior sensação de bem estar.

Independente da fonte provedora de ajuda, o mais importante é a disponibilidade interna da pessoa em se deixar cuidar. Ninguém cuida de quem não quer ser cuidado. Ajudar, cuidar são atos recíprocos e complementares. Para que isto possa acontecer, é importante que o cuidador tenha a percepção que o cuidar não é somente prover o outro quase como um sacerdócio, mas sim, que estas relações de cuidado para com o outro, no caso à criança pequena, de atenção, zelo e carinho, podem se dar, também em contextos semelhantes a si próprio, basta deixar! Um melhor cuidado para com a criança pequena, está também na qualidade de vida do cuidador.

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Este projeto é uma iniciativa da United Way Brasil (UWB) contando com a parceria no desenvolvimento técnico-pedagógico da IPA-Brasil (Associação Brasileira pelo Direito de Brincar).



O Projeto é estruturado em 5 eixos e o resumo teórico de cada eixo, bem como histórias relacionadas a cada tema, serão postados aqui. A iniciativa prevê cinco encontros formativos, que incluem jogo de simulação baseado em casos reais, dinâmicas lúdicas e integrativas, atividades teóricas e práticas e histórias que aprofundam (e ampliam) a significação dos temas. Leia o texto introdutório.

Projeto ABC: Aprender, Brincar e Cuidar

Influências positivas para as nossas crianças
e para o nosso futuro


Do nascimento aos primeiros seis anos as crianças estruturam capacidades físicas e psicológicas que vão influenciá-las pelo resto de suas vidas. E todos os adultos presentes no início da vida dessas crianças exercerão grande influência no desenvolvimento de suas capacidades humanas.



Ao se desenvolver, a criança tenta incansavelmente ser aceita, amada e cuidada, para isso se comunica como pode, logo tenta imitar a fala, tenta se locomover e brincar, logo aprende a andar, tenta satisfazer necessidades físicas e emocionais e, conforme vai se desenvolvendo, vai tentando imitar as demais habilidades dos adultos ao seu redor. Assim, o nosso comportamento diante das crianças e as atividades que proporcionamos a elas terão forte influência para o futuro da criança, que é também o futuro de nossa própria sociedade.

Se hoje buscamos o desenvolver de uma sociedade socialmente justa, interconectada e pacífica, que exemplo temos dado aos nossos filhos? E o exemplo aos filhos “dos outros”, é também um ensinamento? E qual a importância do exemplo-ensinamento dos professores e cuidadores de crianças (familiares ou profissionais)? Qual a importância de atendermos prontamente um bebê que chora? Como podemos nos comunicar com sucesso quem ainda não fala? O que a linguagem do brincar e das histórias tem a dizer aos pequenos?

Recentes avanços da ciência (em especial da neurociência) nos permitiram mapear o impacto de atividades como o brincar, cantar, conversar e compartilhar histórias e entender melhor a importância dos adultos e de seu exemplo positivo ou negativo no desenvolvimento da criança rumo ao futuro que gostaríamos de traçar para o mundo.

Considerando a importância de conscientizar o mundo adulto sobre o desenvolvimento do mundo infantil e o possível aprimoramento do relacionamento entre esses dois mundos, nasce o Projeto ABC: Aprender, Brincar e Cuidar.

Este projeto é uma iniciativa da United Way Brasil (UWB) contando com a parceria no desenvolvimento técnico-pedagógico da IPA-Brasil (Associação Brasileira pelo Direito de Brincar).

O Projeto é estruturado em 5 eixos e o resumo teórico de cada eixo, bem como histórias relacionadas a cada tema, serão postados aqui. A iniciativa prevê cinco encontros formativos, sendo que a turma piloto é formada por 40 professoras e coordenadoras pedagógicas de CEIs (Centros de Educação Infantil) e Escolas Públicas de Educação Infantil da DRE (Diretoria Regional de Ensino) da Capela do Socorro (São Paulo – SP). Nos encontros realizamos um jogo de simulação que permite a análise de casos reais, dinâmicas lúdicas e integrativas, atividades teóricas e práticas e contamos histórias que aprofundam (e ampliam) a significação dos temas.

Os temas-eixo dos encontros são:

1. Cuidar de si para poder cuidar do outro.

2. Entender e responder para a criança.

3. Conversar, brincar, ler e cantar.

4. Criar um mundo previsível para a criança.

5. Propiciar um ambiente amoroso, aconchegante e seguro.

Esperamos que os textos e histórias postados incentivem a discussão sobre os temas entre os participantes do curso e os leitores do blog.

Abraços,
Fabio Lisboa

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Ficha técnica:



Projeto ABC – Aprender, Brincar e Cuidar




Coordenação pedagógica geral:
Marilena Flores Martins (IPA-Brasil)
Fernanda Rezende Vidigal (UWB)

Coordenação pedagógica executiva:
Fernanda Rezende Vidigal (UWB)
Fabio Lisboa (IPA-Brasil)
Sandra (UWB)

Edição de Textos:
Marilena Flores Martins (IPA-Brasil)
Fabio Lisboa (IPA-Brasil)
Eliana Pougy (IPA-Brasil)

Autores:
Andrew Swan
Eliana Pougy
Edilene Modesto de Souza
Fabio Lisboa
Iole da Cunha
Luzia Torres Gerosa Laffite
Marilena Flores Martins
Tecka Mattoso

Palestrantes convidados:
Andrew Swan
Claudia R. Bhurkna
Eliana Pougy
Edilene Modesto de Souza
Fabio Lisboa
Marilena Flores Martins

Seleção das histórias:
Fernanda Rezende Vidigal (UWB)
Fabio Lisboa (IPA-Brasil)

Histórias recontadas por:

Este projeto é uma das ações do Programa Crescer Aprendendo desenvolvido pela United Way Brasil (UWB) com o objetivo de promover o desenvolvimento integral da criança de 0 a 6 anos de idade. O projeto ABC – Aprender, Brincar e Cuidar contou com a parceria técnico-pedagógica da IPA-Brasil (Associação Brasileira pelo Direito de Brincar) que por sua vez também tem outros projetos relacionados ao brincar e a formação de jovens, pais e educadores.
Saiba mais sobre essas instituições em:
 http://www.unitedwaybrasil.org.br/
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Curso contar histórias com objetos

Kelly Orasi ensina a narrar manipulando objetos para que transitem entre o material e o imaginário

(clique na imagem para ampliá-la)




É possível materializar o imaginário? Para a contadora de histórias Kelly Orasi, parece que sim!Os objetos usados nas histórias contadas por Kelly surpreendem e fazem os ouvintes ficar de olhos abertos! E num piscar de olhos um garfo vira um rei e uma colher, rainha...

Conduzidos pelas mãos de Kelly e pelos braços da história, um objeto comum (real) assume, logo, um papel fantástico (como talheres que viram realeza). No decorrer da narrativa o objeto fantástico assume um papel tão real que vira, realmente, um personagem. E pode, então, se desgarrar do colo da narradora adquirindo, mesmo solitário num palco, vitalidade e significação.

Para quem quiser passar da imaginação à ação, Kelly começa mais um de seus cursos no dia 12 de junho. Serão 4 encontros aos sábados. E tem dia melhor do que o dia dos namorados pra “materializar o imaginário”(rs)?

Mais informações abaixo ou no site: http://www.trecosecacarecos.com.br/

Outra postagem sobre o tema: ‘O imaginário transformador”: http://www.fabiolisboa.com.br/2009/10/o-imaginario-transformador-em-sala-de.html

III workshop A Descoberta do Brincar e Contar Histórias na Saúde Mental





Oficina: “O Imaginário Transformador” com Fabio Lisboa

Dia: 28/05 (sexta-feira)

Horário: das 10h15 às 13h00

Sala: Sala A

Vagas: 15

Dia: 29/05 (sábado)

Horário: das 14h00 às 17h00

Sala: Sala A

Vagas: 15

Texto-base da oficina disponível em:

http://www.fabiolisboa.com.br/2009/10/o-imaginario-transformador-em-sala-de.html


Programação completa, endereço e inscrições em: http://www.vivaedeixeviver.org.br/cch/cursos_10/workshop_prog.php

Stories in the ESL classroom


Storytelling: Conquer hearts, conquer your class

by Fabio Lisboa
revised by Janaina de Souza



Once a teacher asked himself… if stories that most of us love have some similarities that make sense: a challenging beginning, some problems that will be solved after a lot of hardworking thinking and acting, resulting in a meaningful ending… Why not having the same plot in my classes? - or, at least, how about bringing in some stories to help me in doing that?

Mankind has told and listened to stories in order to teach and learn since immemorial times. Some ESL (English as a Second Language) methods, specially the ones focused on children, have recently understood the power of stories to teach. The number of good stories and activities related to them has largely increased in the last years. Some teachers have learnt how to use them and have become great storytellers.

What does it take to change a teacher into a storyteller? I’m glad to say: not much! Let’s consider that a teacher already has developed speaking, reading and listening skills - which is great, but not enough. Those communication techniques can be both found in a good teacher, or in any TV news anchor or in many actors (sometimes with a lack in listening – which is also found in many teachers). The difference is that a great actor can make his audience cry or laugh without using a single word. The actor’s main tools are emotions - emotions that communicate something.

Learning how to allow meaningful emotions to flow is the key. The difference between an actor and a storyteller is sometimes immense, sometimes subtle. For example, you are not expected to read a Shakespearean tale in Victorian clothes using old British English (although the little ones would have a lot of fun with it).

The important thing is that you understand what Shakespeare wanted the audience to feel. How are the emotions of each character conveyed in each scene? If you understand that, it doesn’t matter what you say, your pupils will comprehend and appreciate it. Then “How” becomes more important than “What”. But what really makes the difference is when you get the “Whys”.

The important thing is not telling impudently “to be or not to be” …



What you should have in mind (and in your heart) is why you are saying that! What are the consequences of “to be” – to act, to seek revenge, to blame a killer and become one, to trust yourself, or “not to be” – not act, have compassion, wait for God’s justice, betray yourself? For Hamlet, both answers are unbearable and that is the beauty of one of the most famous human dilemmas.


That’s what brings actors and storytellers close: both seek for the truth of each character and each feeling. The difference is that the actor is stuck, most of the time, in one of the characters and the storytellers let all the feelings and characters live, debate, win or lose into themselves.



Even when performing using different voices, or using puppets for each character, the story comes out from the storyteller’s own heart. A story is told heart to heart. Eyes to eyes. There’s not a fourth wall as in theater or on TV. Even when reading, the storyteller should already know the story by heart (em português: decor – do latim, de coração).

If you are still interested (and reading up to this point), I’m sure you have skills to become a great storyteller-teacher. Now you just have to find what storytelling tools will fit better on both your personal skills and the stories that you choose to tell.

Some people are great in rhythm or music, others prefer images (movies and new technologies) while others use their bodies, facial expressions and a lot of movement. As time goes on, you will realize you can continue using tools that you (and your students) like most, but you will find new skills that you and your entire class will discover and appreciate together.

Then, the more you open your mind and your heart (through stories) in class, the more your students will open their minds and their hearts (through English) to the world. Storytelling will certainly facilitate communication connections.

The time of “once upon a time” will open the window of adventure in your class. A challenging horizon will be presented upon your students’ eyes. Isn’t it a challenging horizon for you as well? Imagine that. Do it. No matter what the outcome may be, share your experiences, learn from them. The most difficult part of doing something new is starting, and it seems like you’ve already done that.

Cheers,
Fabio Lisboa


PRESENTATIONS, LECTURES AND WORKHOPS: This post is a handout written for the lecture “Educando com Sotytelling” which is an edition of the workshop “Storytelling: Conquer Hearts, Conquer your Class” presented for EFALL (English for All) ‘volunteachers’. If you want to meet people who share their knowledge and use English as a tool to help in changing the world, get to know EFALL at: http://www.efall.org.br/.

Palestra Educando com Storytelling / Workshop “Storytelling: Conquer Hearts, conquer your class” já foram realizadas no SESC Pinheiros para professores de inglês e coordenadores pedagógicos da EFALL (English for All) e na DISAL no “Annual Teachers Encounter” do CELLEP. Duração: Palestra: 1 hora. Workshop: 3 horas.

The text in Engish was revised by Janaina de Souza, who is also an experienced translator.

O AUTOR
Fabio Lisboa é Contador de histórias/Storyteller, Professor de Inglês especializado em ensino para crianças e jovens, coordenador de recreação e acampamentos de imersão em inglês, coordenador de Teatro em Inglês. Realiza palestras e oficinas em escolas de inglês como CELLEP, CNA, Wisdom e livrarias como SBS, Sellbooks e DISAL. Compartilhe seu conhecimento, divulgue seu trabalho, cadastre-se e saiba mais: http://www.contarhistorias.com.br/


FOTOS:
Apresentação de contação de histórias em inglês (storytelling) para alunos da Educação Infantil Bilingue do Colegio Emilie de Vileneuve. Mais informações: http://www.colegioemilie.com.br/default.asp?site_Acao=MostraPagina&PaginaId=94

FOTÓGRAFA: Priscila Piccirillo. Mais fotos: http://www.colegioemilie.com.br/default.asp?site_Acao=mostraPagina&paginaId=21&acao=albuns&categoriaId=54

Conheça outros projetos, dentre eles:

“Storytelling para pais” – Maria Paula Barros e Juliana Mismetti, que têm experiência como coordenadoras pedagógicas em escola especializada em ensino de inglês para crianças, atualmente professoras de inglês da Escola da Vila, juntam-se ao storyteller Fabio Lisboa para demonstrar, de forma prática, como os pais podem usar as histórias para facilitar a comunicação em inglês, o auxílio no aprendizado, o enriquecer de vocabulário e a compreensão de valores humanos.

Curso Gratuito de Contação de Histórias para adultos, jovens e crianças

A arte de contar histórias resgata cultura imaterial entre crianças e adultos

Ponto de Cultura ArteVida Reciclada mostrará como a contação de histórias
pode formar pessoas e profissionais melhor preparados

Nos últimos anos, o contador de histórias passou a ser requisitado em escolas, empresas e eventos diversos, como um facilitador nos processos de ensino-aprendizagem e comunicador que aproxima o público de diferentes linguagens e valores humanos.



Dentro de uma proposta inovadora, além dos adultos, a oficina vai atender crianças, oferecendo a oportunidade de contarem histórias para outras crianças.

A oficina começa no próximo dia 29 de abril (inscrições abertas). As aulas ocorrerão em dois períodos às quintas-feiras: pela manhã, para o público adulto, acima de 18 anos – interessados em geral, notadamente educadores de ensino formal e não formal; à tarde será a vez de crianças e adolescentes, de 9 a 14 anos.

A proposta é estimular a vertente narrativa na interação de crianças e jovens num meio social marcado pela escrita. Temas como imaginação e criatividade caminharão juntos, invocando um papel significativo para a oralidade. No que se refere aos adultos, a oficina dedicará atenção especial a educadores, apresentando técnicas para contar histórias no apoio à atividades para salas de leitura. O curso visa também despertar a descoberta pessoal diante da narrativa para que cada um encontre o(s) seu(s) jeito(s) de contar histórias. O foco maior será para educadores do Ciclo I – de 1ª a 4ª série.

O professor Fabio Lisboa é autor, contador de histórias e incentivador de leitura (http://www.contarhistórias.com.br/).

SERVIÇO:
Oficina de Contação de Histórias
Realização: Ponto de Cultura ArteVida Reciclada.
Local: Avenida Ariston Azevedo, nº 10 – Belém, próximo à Rua Catumbi.
Início: 29 de abril.
Aulas às quintas-feiras, das 9 h às 11 horas (público adulto); das 15 às 17 hs (crianças e adolescentes).
Carga horária: 36 horas
Mais informações: http://www.contarhistórias.com.br/
VAGAS LIMITADAS!

Histórias imateriais materializam a cultura humana


Se a cultura de um povo vive e se recicla na imaterialidade das histórias contadas e recontadas, numa sociedade do consumo - onde o que conta é o material e o rapidamente consumível - também as palavras tornam-se descartáveis e só queremos ouvir (ou ler) algo se aquilo for extremamente útil, rápido e palpável. Palpável o suficiente para que, depois de lido ou ouvido, seja devidamente amassado e jogado fora da memória.



Pra que desperdiçar nossa memória interna se as coisas importantes estão armazenadas nos meios externos: computadores, livros, revistas, jornais, agendas, portais, blogs, pendrives. Pra que desperdiçar nosso tempo interno ouvindo uma história e logo esquecendo-a se podemos comprá-la (ou pirateá-la) e tê-la para sempre num meio externo, pegando-a quando quisermos?

Pelo simples detalhe que as boas histórias não são facilmente compráveis, nem pirateáveis, nem pegáveis. Para que uma história se torne boa para o ouvinte ou leitor, é preciso que este, antes, entre no tempo interno proposto pela história.

Então não importa ter o livro ou o pdf (portable document format – formato de documento portátil) se não tivermos tempo e nem soubermos como entrar neste tempo imaterial de uma boa história. Não adianta ter o “arquivo” se não soubermos mergulhar nas profundezas da memória ou das sub-pastas para achar o conto e nem tão pouco soubermos a hora certa de trazê-lo à tona, entrar no seu tempo interno e contá-lo.

Adentrar uma boa narrativa é como entrar no mar, que a princípio pode não parecer muito prático ou útil... a areia entrando por dentro dos maios e grudando no corpo, o sal, a água fria, afinal, seria mais fácil entrar na piscina (ou ver um filme, rs) mas quando se está lá, é possível entrar em contato com o nosso eu mais profundo e o choque do eu com as ondas do mundo torna-se um contato prazeroso e inesquecível. A saída de volta ao mundo exterior às vezes também é difícil (os surfistas que o digam).

Além da dificuldade em sair, é muito complexo descrever uma experiência pós-banho de mar (imagine se você seria levado a sério ao tentar narrar, enquanto seus amigos querem tomar sol e água de coco, a “experiência profunda” de seu ser “mergulhando no mar infinito”)... Ou seja, transformar experiência em palavras não é fácil... Encontrar ouvidos abertos a experiências, nos dias de hoje, também não.

Já ao entrar e sair do mundo das narrativas, palavras em forma de experiência borbulham em nossas mentes.

Talvez por isso, ao sair deste tal tempo fantástico, desta introspecção interna, quem entra em contato com um conto bem contado fica com vontade de repartir as aventuras, sentimentos e aprendizados daquela narrativa com alguém. E com a narrativa em mente, parece ser mais fácil encontrar outro alguém de ouvidos atentos.

E assim, com atenciosos ouvidos, compartilhando contos, mais e mais pessoas vão ter a chance de conhecer novos tempos, novos mares, ou ainda viver uma nova experiência num mar ancestral (que esteve lá todo o tempo esperando para um “conhecimento mútuo aprofundado”). Numa boa narrativa, é possível conhecer outras culturas e ao mesmo tempo encontrar a si mesmo.

Quem sabe procurar bem - seja numa biblioteca, na internet, numa refeição com os pais ou avós, no aconchego de um colo, numa sala de aula ou de leitura, numa conversa com um amigo, ao ajudar um desconhecido ou num mergulho no mar- percebe que não é preciso ticket de entrada para ler, ouvir e participar das histórias do mundo. As boas histórias estão por aí, resta que encontrem olhos que saibam ler o imaterial e ouvidos que materializem dentro de si a cultura humana.

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Fotos:
Nascer e fim do dia em Colva Beach – Southgoa - India
Esta e outros poéticos pores-do-sol em: http://blog.mobissimo.in/uploads/5_morningview_from_colvabeach_southgoa_india.jpg

Recomendação de leitura:
Mar de Histórias: Antologia do Conto Mundial – Aurélio Buarque de Holanda e Paulo Ronai (Coleção em dez volumes de um projeto que começou em 1946, demorou 44 anos para ser finalizado, já passou na mão de várias editoras, esteve esgotado e acredito que a Cosac Naify comprou os direitos para as novas edições, quem tiver mais informações, por favor, mande)...

Sobre a antologia:
A expressão que dá nome à coleção vem de uma antiga coletânea da Índia, do século XI; é a tradução do nome sânscrito Kathâsaritsâgara, que significa 'mar formado pelos rios de histórias'. Um verdadeiro oceano de narrativas, muitas delas célebres, outras traduzidas pela primeira vez para a língua portuguesa, de tal modo que a obra em seu conjunto é a mais completa panorâmica do conto universal.