Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.
Palavras e Ações
Há mais de dois mil anos atuais e revolucionárias

por Fabio Lisboa - http://www.fabiolisboa.com.br/

Primeiro: histórias e ensinamentos, palavras e ações, uma revolução pacífica na sociedade; no fim: decepção e morte numa sociedade injusta; depois do fim: Páscoa, ressurreição, esperança numa sociedade em formação; hoje: palavras e ações são repensadas, histórias e ensinamentos revivem e uma nova visão de sociedade pode nascer.



Jesus, como Buda e Sócrates, não escreveu uma linha sobre religião, filosofia, revolução ou teorias comportamentais. Seus ensinamentos eram passados através de palavras – diárias, cotidianas, metáforas simples e profundas, textos bíblicos recontados, orações, parábolas, enfim, histórias contadas e compartilhadas oralmente – e ações – curas, ajuda aos necessitados, ações contestadoras a leis injustas (usando a não-violência) e atos de respeito e amor ao próximo (mesmo que este próximo tivesse outra crença, fosse considerado pecador, doente, impuro, criminoso ou inimigo).

O seu olhar sem preconceito desafiava de forma não-violenta os detentores de poder político e religioso. Enquanto estes acreditavam que podiam julgar que tipo de pessoas tinham valor e que tipo não, o Mestre dizia: “Não julgueis para não ser julgado”.

Quando o chamaram a “cumprir a lei” e apedrejar a mulher que havia cometido adultério sua ação foi uma não-ação (a escolha consciente de não fazer algo em que não acreditava ser certo só porque era uma ação praticada e aceita socialmente). Mas Ele não só não compactuou com os “líderes” (de forma não violenta, ou seja, simplesmente não arremessando pedras e não brigando com quem arremessasse) bem como conclamou que apenas quem não tivesse pecado que atirasse a primeira pedra.

O poder de sua não-ação (ou ação pacificadora, não-violenta) associado ao poder de suas palavras salvaram a mulher e fizeram seus agressores (cumpridores do ato desumano aceito pelos humanos de então) se retirarem e refletirem sobre seus próprios atos.

Acima da determinação das palavras escritas na lei ou das palavras e imagens irresistíveis das propagandas, acima das palavras presentes na fala de atores de Hollywood, de novelas e comercias, acima das palavras determinadas por jornalistas, professores, religiosos, contadores de histórias, blogueiros e outros profissionais da palavra (ganhando dinheiro ou não para usá-la), a sociedade é determinada, acima de tudo, em cada ação e em cada palavra de cada cidadão.

Então cada cidadão deveria escolher bem suas ações diárias (do consumo consciente às escolhas por ações pacíficas, sócio-ambientalmente justas e não-violentas) e palavras (as que valem a pena serem ouvidas, ditas e recontadas). Os profissionais da palavra podem escolher bem o que vão contar, buscando narrar a aventura humana em sintonia com suas ações e aventuras pessoais, tornando, assim, suas palavras verdadeiras e poderosas.

O indivíduo que se identifica com um modo sincero de falar e agir torna-se também um replicador deste modo de ser e, querendo, em pouco tempo acaba sendo também: um revolucionário armado de palavras e ações não-violentas. Estes serão formadores de uma nova visão para a sociedade. Ajudarão muito na transformação da sociedade do consumo em sociedade pacífica. Se chegou até aqui, provavelmente já é um destes formadores, então, em breve a gente se encontra nas formações desta sociedade, neste movimento invisível mas crescente e poderoso: uma revolução pacífica de palavras e ações.

Fabio Lisboa

Letramento e Meio Ambiente: A Palavra-Semente


Buscando conectar histórias pessoais e da tradição oral
à consciência ambiental

por Fabio Lisboa


As palavras adquirem consciência quando me pergunto:

“Quem sou eu? Por que estou aqui? Para onde vamos?”

As letras se juntam e se arranjam de um certo jeito que formam uma palavra: o meu nome. “Quem sou eu?” Eu sei quem sou e a resposta vem automática na forma desta palavra que é o meu nome. Mas também sei que sou muito mais do que este nome. Tenho uma identidade (que não é só um “número de RG”), uma identidade que diz respeito ao meu corpo, ao meu modo de falar, de me vestir, de me conectar às pessoas e à natureza, de sentir o mundo, meus valores, minha vida de estudos, trabalho, espiritualidade etc.

As palavras se juntam e se arranjam de um certo jeito para formar uma ideia, minha posição no mundo: “Por que estou aqui?”. Novamente uma palavra (aqui) refere-se a algo muito mais amplo do que uma localização física e os “porquês” são do tamanho dos objetivos e sonhos de cada um.

Por aparentemente menor que seja, um “por que estou aqui”, um sonho, uma ideia encerram em si uma tessitura, que se revela quando o sonho sai do mundo dos sonhos e vira ideal, idealização e, algum tempo depois, realização. Quando realizamos algo e olhamos para trás é possível perceber como cada ideia, cada palavra, cada ação ajudou a tecer nossos sonhos e como a realização dos sonhos dependem também do meio ambiente em que vivemos e do apoio que recebemos (e que damos a) outras pessoas que se entrelaçam em nossa história pessoal.

Quando a nossa ideia é comunicada a uma ou mais pessoas ela entra no meio ambiente e se torna mais do que uma ideia. Primeiro, porque se outras pessoas se identificarem com a nossa ideia ela poderá ser quase que infinitamente replicada. Segundo que a nossa ideia no mundo pode também ser infinitamente interpretada, re-significada, realizada e expandida.

Se esta ideia se torna um objetivo a ser alcançado, um objeto de nossa mais alta aspiração, a ideia se torna um ideal. E um ideal compartilhado, se torna um ideal coletivo mais perto do que nunca de ser alcançado. Ora, mais do que nunca está na hora de criar e nos conectarmos a ideias e ideais sócio-ambientalmente justos, pacíficos e sustentáveis.

Os jovens tem grande aptidão para idear e abraçar ideais que alguns “adultos” chamam de utópicos (como os ideais sócio-ambientais). Todos (não importa a idade) tem a chance de (re)escrever o futuro do mundo: “Para onde vamos?”...

Ao traçarmos mudanças de paradigmas - do individualismo para a cooperação, do consumismo inconseqüente para o consumo consciente, da ostentação à simplicidade voluntária, da degradação para a conservação – as sementes, antes de serem plantadas na terra, devem ser plantadas na mentes.

Que das palavras-semente pessoais brotem novas ideias, que germinem novos ideais, que nasçam realizações e floresçam novas palavras, conscientes.

Fabio Lisboa


SERVIÇO:

Letramento e meio ambiente: a palavra-semente
Esta é uma matéria transversal do curso profissionalizante gratuito de “Jardinagem e Conservação Ambiental”. A ideia de trazer a arte literária, da tradição oral e as histórias pessoais à um curso profissionalizante na área ambiental surge do nosso anseio de fazer uma ponte entre o conhecimento técnico adquirido e a comunicação e expansão deste conhecimento em forma de novos ideais.
Idealização: Fabio Lisboa, Manoel José Manoel Rodriguez e Raul Xavier De Oliveira

Realização: Fabio Lisboa

Mais informações:
http://www.fabiolisboa.com.br/
http://reciclzaro.org.br/

Curso Gratuito de “Jardinagem e Conservação Ambiental”

Coordenação pedagógica: José Manoel Rodriguez
Coordenação Geral: Raul Xavier De Oliveira


Resumo:

A Associação Reciclázaro, em parceria com o Projeto Inclusão Social Urbana- Nós do Centro- da Prefeitura de São Paulo e a Secretaria de Assistência Social, oferece aos jovens moradores da região Leste, da cidade de São Paulo, a possibilidade de participarem de uma formação profissional que une teoria e prática voltada para a área ambiental. Trata-se do curso de Jardinagem e Conservação Ambiental promovido no Centro de Formação Profissional e Educação Ambiental (CEFOPEA), instalado no bairro do Belém.

Com carga horária total de 320 horas, o curso aborda questões como horticultura urbana, paisagismo, formação do solo, botânica, compostagem e manejo de pragas e doenças. Todo este conhecimento é vivenciado diariamente pelos jovens na prática durante quatro meses, pois o Centro – que tem uma área de 8.500 m2 – conta com horta, viveiro de mudas nativas da Mata Atlântica, minhocário, composteira, pomar e estufas, ou seja, espaços próprios para os alunos aplicarem tudo o que aprendem em sala de aula.

A formação busca trabalhar de forma transversal diversos temas de cidadania e também orientações para o mercado de trabalho. Nesta última, os alunos aprendem a como elaborar um currículo, postura, dinâmicas para processos seletivos, entre outros assuntos essenciais para os jovens que estão em busca do primeiro emprego.

A proposta é que, após a formação, os jovens estejam prontos para atuarem na manutenção e preparação de jardins, conservação de parques e praças, em projetos de paisagismo e comercialização de produtos e serviços ambientais.

Mais informações:

http://buscajovem.org.br/projetos-em-destaque/profissionais-da-area-ambiental

Contato
Centro de Formação Profissional e Educação Ambiental (CEFOPEA)
Endereço: Avenida Ariston Azevedo, nº10 – Belém – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2081-3673
E-mail: cefopea@reciclazaro.org.br
Blog: http://cefopea.blogspot.com/
Site: http://www.reciclazaro.org.br/

Fotos
No alto 1: No Aniversário do CEFOPEA em 2009, Alfredo, aluno do curso, conta histórias para alunos da rede pública. Foto tirada por Danilo, também aluno do curso.

No alto 2 (Mosaico): Seleção feita pelos criadores do blog CEFOPEA
Foto do Meio: No aniversário do CEFOPEA 2009, alunos transplantam e regam mudas no “cross ambiental”, orientados pelo professor Alessandro.

Abaixo: Turma Manhã 2o sem de 2009:
De pé, da esquerda para a direita: Maria Tereza, aluno ouvinte, Luan, Paulo Felipe, Janaina, Adayr, Alfredo, Paulo Shigueru, Flávia, aluna ouvinte, Danilo. Abaixa, da esquerda para a direita: Océlio, Noemy, Thiago, Edésio, Joca.

De Patinho Feio a Cisne

O amor,
o pertencimento e o sentido
forjando a resiliência infantil



















(baseado nos pressupostos teóricos de Boris Cyrulnik)



Quem consegue encontrar em si uma beleza verdadeira? Entre dois órfãos que sentiram logo cedo uma horrível sensação de abandono, quem teria mais chances de um dia se ver belo... A linda loira que virou diva ou o homem feio que virou cisne? Quais os pontos em comum e o que diferencia a história da atriz e cantora Marilyn Monroe (aquela da famosa cena cinematográfica da saia esvoaçante que flertou até com o Presidente dos Estados Unidos) e do escritor Hans Christian Andersen (um amante discreto que talvez até não tenha lidado bem com sua sexualidade, autor do clássico infantil “O Patinho Feio”)?

Quem deles teve a chance de forjar na infância uma couraça protetora chamada resiliência (a capacidade de se recuperar após acontecimentos traumáticos)? Esta couraça salvadora e transformadora seria capaz de proteger o “eu-fantasma”, inseguro e abondonado, transformando-o em um “eu-belo”, corajoso e que se sente amado? O especialista em resiliência, Boris Cyrulnik, faz uma comparação reveladora. Ambos, Marilyn Monroe e Hans Christian Andersen, sofreram agressões físicas e morais e se tornaram órfãos muito pequenos. Os dois lutaram para não serem fantasmas de si mesmos, fantasmas assombrados pela falta de amor do passado. Um deles conseguiu e o outro não.

A mãe de Marilyn foi banida da sociedade por dar a luz a uma menina sem um pai oficial. A mãe não teve força suficiente para lhe oferecer um ambiente acolhedor e segurança, tanta era a infelicidade que dominava o seu mundo. A futura Marilyn passou por inúmeras famílias e vários orfanatos burocráticos onde não lhe ensinaram a amar. As trocas constantes de família de acolhimento não permitiram que a jovem organizasse à sua volta uma permanência afetiva que lhe teria permitido adquirir o sentimento de amor. Marilyn, apesar da fama e dos incontáveis amantes, não conseguiu encontrar um lugar para aquietar o seu coração. Não descobriu um sentido, um propósito maior para a sua existência e, numa de suas recorrentes depressões, acabou tirando a própria vida. Os amantes apaixonados e os milhares de fãs só conseguem ver o doce fantasma criado pela atriz. Cegos por tanta beleza, até hoje não conseguimos ver o real fantasma de seu imenso desespero. Boris Cyrulnik ressalta que “a atriz ficou sozinha na lama, para onde, de vez em quando, lhe lançavamos um diamante… até ao dia em que se deixou afundar de vez.”

Hans Christian veio ao mundo em 1805 na Dinamarca, a sua mãe tinha sido obrigada a prostituir-se pela própria mãe dela, que lhe batia e lhe obrigava a satisfazer os clientes. A filha fugiu, grávida de Hans Christian casando-se com M. Andersen. Esta mulher foi capaz de tudo para que o filho não conhecesse a miséria. Mas esta mãe protetora era também alcóolatra e depois de tanto sofrimento, assim como o pai, que foi soldado de Napoleão, morreram afundados em graves crises psicológicas. Porém, Hans Christian, nascido na prostituição, loucura e morte dos pais, mesmo enfrentando momentos de violência e miséria, nunca teve falta de afeto. Foi, primeiro, acarinhado no desejo da mãe - que queria a qualquer custo torná-lo feliz – e depois, no colo da avó paterna, onde foi ternamente educado. A pequena aldeia Odense em que viveu, na ilha verdejante de Fionie, era povoada de lendas e contadores de histórias. O mundo do pequeno Andersen, que sofria com os maltratos dos colegas e das meninas que o achavam muito feio, começou a se reorganizar a partir destas duas forças: afetividade e pertença a uma cultura. Assim, ele sairia da lama das origens para viver na luz da afetividade e se descobrir na beleza dos contos da sua cultura. O jovem Andersen, mesmo enfrentando alguns problemas no casamento e na descoberta de sua sexualidade, levaria uma vida relativamente feliz, se tornaria um grande contador de histórias e um dos maiores escritores de literatura infantil indo além de sua própria cultura e de seu tempo.

A obra mais famosa de Hans Christina Andersen, “O Patinho Feio”, é como um retrato autobiográfico, uma prova de que, ao entender e resignificar os acontecimentos de nossas vidas, podemos transformar a lama que afundamos em poesia. Do campo poético para a vida, pessoas resilientes mostram que é possível enfrentar o abondono e a carência afetiva até encontrarem sentido nas páginas de suas histórias pessoais. Ao serem nutridos com amor, histórias e resignificações, patinhos feios tem a chance real de um dia se descobrirem cisnes.

Fabio Lisboa
http://www.fabiolisboa.com.br/




Bibliografia

CYRULNIK, Boris – O Murmúrio dos fantasmas – Tradução: Sônia Sampaio, São Paulo, 1ª edição: Martins/Martins Fontes, 2004 http://www.livrariamartinseditora.com.br/descricao.asp?cod_livro=CY0169

Fotos e Ilustrações

Hans Christian Andersen (1805-1875): 1. Ilustração s/d.
2. Estátua do autor, a qual inclui um belo patinho que o ouve atentamente. Localizada no Central Park, New York, USA, criada pelo escultor João Lober Georg, revelada em 1955, a escultura serve de pano de fundo para contadores de história e projetos de incentivo à leitura. Com ou sem eventos ao redor, até hoje a estátua de Hans Christian atrai crianças que gostam de sentar no colo do escritor. http://www.nycgovparks.org/sub_your_park/historical_signs/hs_historical_sign.php?id=12332

Marilyn Monroe (1926 – 1962): 1. Foto capa da Revista PHOTOPLAY (1933)
2. Versão POP ART da atriz por Andy Warhol (Shot Orange Marilyn, 1964).

Referências bibliográficas

ANDERSEN, Hans Christian – O patinho feio - Tradução de D'AGUIAR, Rosa Freire. São Paulo: Cia das Letrinhas (esta edição inclui um apêndice explicativo da história do autor) http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=40461

O Patinho Feio (p. 69) e outras obras on-line em domínio público: ANDERSEN, GRIMM, PERRAULT - CONTOS TRADICIONAIS, FÁBULAS, LENDAS E MITOS - Livro do Aluno Vol 2 - Ana Rosa Abreu, Claudia Rosenberg Aratangy, Eliane Mingues, Marília Costa Dias, Marta Durante e Telma Weisz. Edição: Elzira Arantes. Ministério da Educação Fundescola /Projeto Nordeste/Secretaria de Ensino Fundamental, Brasília, 2000. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001614.pdf

CYRULNIK, Boris – Os patinhos feios – Tradução: Mônica Stahel, São Paulo, 1ª edição: Martins/Martins Fontes, 2004 http://www.wmfmartinsfontes.com.br/

CYRULNIK, Boris – Os alimentos afetivos: o amor que nos cura – Tradução: Claudia Berliner, São Paulo, 2ª edição: WMF Martins Fontes, 2007 http://www.wmfmartinsfontes.com.br/detalhes.asp?ID=552701

POLETTI, Rosette, DOBBS, Barbara - A resiliência: A arte de dar a volta por cima - tradução de Stephania Matouseke – Petrópolis: Editora Vozes, 2007 http://www.editoravozes.com.br/

ONGs:

IPA - Associação pelo Direito de Brincar http://www.ipadireitodebrincar.org.br/
Instituto ZeroASeis http://www.zeroaseis.org/
Associação Viva e Deixe Viver http://www.vivaedeixeviver.org.br/

PALESTRA

“Hans Christian Andersen e O Patinho Feio: Romantismo X Contemporaneidade” por Fabio Lisboa http://www.fabiolisboa.com.br/

Tendo a contação da história do Patinho Feio (na tradução de Monteiro Lobato) como fio condutor, esta palestra faz um passeio pela escola literária da época de Andersen, passando pelas origens mitológicas do conceito de feio, contrapondo tudo isso a aspectos culturais e ideológicos de nosso tempo e novas versões do feio/belo.

Palestra já apresentada por Fabio Lisboa na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (abril de 2008) sob a coordenação do Prof. Dr. José Nicolau Gregorin Filho.

Duração: 1:30 h

Público Alvo: Contadores de história, arte-educadores, professores de português, história, estudantes de pedagogia, letras, sociologia, história, filosofia, comunicação, teatro e demais interessados.

Mais informações e outros textos em http://www.fabiolisboa.com.br/

ou fabio.lisboa *arroba* imagineprojetos.com

(favor tirar os espaços e substituir a *arroba* por extenso pela tradicional @ - trata-se de enganar os SPAMs automáticos caçadores de arrobas : )

Convite para o lançamento de "O Mistério Amarelo da Noite"

Dia 13 é dia de enfrentar medos e descobrir mistérios...
(clique na imagem para ampliá-la - veja o trailer abaixo:)



Veja o trailer:



(se a imagem não aparecer clique no link abaixo)

http://www.youtube.com/watch?v=0mYElcP1od0

Educação, comunicação, amor e resiliência infantil

Os Pilares da Resiliência, atividades e histórias:
Criando um ambiente pacífico em casa e na escola

por Fabio Lisboa



Não podemos evitar catástrofes naturais, guerras entre povos e tombos pessoais. Mas podemos ter consciência de nossos atos e fazer escolhas positivas que nos possibilitem andar de cabeça erguida nos âmbitos naturais, sociais e pessoais. A aventura começa ao cercarmos de amor o nosso meio ambiente (a natureza, a nossa casa, a escola, a comunidade, os filhos, pais, avós, alunos, amigos, colegas...). Neste artigo daremos atenção especial à importância na comunicação e atitudes amorosas no ambiente familiar e na escola. Mas é bom saber desde já que, por mais protegidos e trasbordantes de amor que estejam, nossos filhos (ou alunos queridos) vão escorregar e cair. Cabe a nós proporcionarmos apoio e segurança para que se percebam capazes de se levantarem sozinhos. A esta capacidade chamamos resiliência. E o fortalecimento da resiliência começa com a sociabilização e consequente comunicação para que os seres humanos entendam (ou não) as mensagens positivas (ou não) trocadas entre uns e outros.

Pense na importância das primeiras mensagens recebidas por uma criança. O jeito dela de se comunicar, aprender e crescer será um reflexo do ambiente em que vive e das mensagens que recebe. O adulto que está próximo a um bebê e que atende os seus pedidos de alimentação, amor, atenção etc deveria ter consciência do tipo de mensagem que esta enviando.

Bebês ainda não entendem palavras mas as mensagens corporais e da entonação da voz recebidas são claras: entonação severa, sobrancelhas franzidas, dedo apontado, tapas, gritos, sacudidas já fornecem logo cedo uma bagagem negativa e pesada para o bebê carregar. Crianças criadas assim terão mais problemas de saúde, dificuldades no aprendizado e baixa autoestima, vão achar que viver é um fardo, que dificilmente vão conseguir sair de situações difíceis, a única solução é chorar – muitas vezes sem um aparente porque. Por outro lado, bebês prontamente atendidos, próximos a pais e cuidadores que entendem os seus pedidos, cercados de vozes suaves, cantigas, histórias contadas, abraços, sorrisos e carinhos terão mais energia e vontade de viver e aprender com a vida. Estas atitudes positivas deixam o bebê mais leve, mais aberto e mais preparado para descobrir as alegrias que a vida tem a oferecer e aprender logo a enfrentar situações difíceis.

A cada frase, em cada gesto cotidiano, você que é pai, cuidador, estudante ou educador podem escolher suas palavras e ações e consequentemente contribuir positivamente (ou não) para o desenvolvimento das crianças que dependem e estão, de alguma forma, conectadas a vocês:

- “Você é meu filhinho querido, lindo...” ou “Você é feio, hein, puxou o seu pai!”.

- “Adoro ouvir a sua voz!” “Que bom (ou até mesmo que engraçado) que perguntou isso, vou te explicar...” ou “Você parece uma matraca”, “Isso não te interessa!”.

- “Isso, continue tentando...”, “Muito bem, parabéns pelo seu esforço!” ou “Você é desajeitado, não vai conseguir!”, “Não adianta nem tentar, você vai se machucar!”.

No caso de sinais de que a criança vem sofrendo constantemente agressões físicas e morais, o educador, vizinho ou demais adultos próximos à criança maltratada devem comunicar suas suspeitas à algum órgão de apoio como uma escola ou o conselho tutelar que lhes darão orientações sobre como proceder. Os pais ou responsáveis legais deverão ser chamados para uma conversa e, se a situação persistir, o conselho tutelar da região tomará medidas mais severas – em casos extremos, chegando até a perda da guarda da criança.

Os pais, avós, educadores e pessoas próximas à crianças tem a chance de ajudá-las em seu desenvolvimento físico, mental, social e espiritual. Só o fato de brincar junto com ela e compartilhar histórias criarão laços afetivos muito valiosos nos quais os pequenos (mesmo grandes) vão poder se segurar e assim, quando caírem, terão confiança e condições de se levantar.

Como vimos, esta capacidade de se reerguer depois dos maiores tombos, é chamada por psicólogos de resiliência. Pesquisadores como Stephan Vanistendael e Boris Cyrulnik identificaram características comuns entre as pessoas resilientes (ou seja, seres humanos resistentes a pressões externas e internas que voltam a ser saudáveis saindo-se bem de situações traumáticas, sejam físicas ou psicológicas). Para tornar nossos filhos ou alunos pessoas resilientes devemos ajudá-los a desenvolver:

Competências sociais – empatia (imaginar e sentir como seria estar no lugar do outro), ser flexível e conhecer outras culturas (ver as coisas de outros pontos de vista – incluindo até pontos de vista inusitados como de animais como cachorros e morcegos, plantas, objetos, mares, planetas, células...). Jogos cooperativos e teatrais, rodas cantadas e danças circulares favorecem as competências sociais.

Comunicação – favorecer o diálogo, antes de atitudes violentas. Proporcionar a resolução de conflitos de forma pacífica como organizar decisões em conjunto para decidir a próxima brincadeira ou jogo.

Autonomia – incentivar a criança e proporcionar atividades adequadas para que ela consiga, sem ajuda, resolver os desafios, sejam físicos ou intelectuais. Atividades artísticas livres também podem favorecer a autoestima pois, neste caso, não deve haver certo/errado e nem bonito/ feio, todas devem ser consideradas obras de grande valor.

Humor – o pai, a mãe ou educador podem mostrar com os seus próprios erros que é possível rir de si mesmo, que ninguém é perfeito e só quem erra é que aprende. Não é preciso ficar triste por que se erra e sim, é possível ficar feliz por estar aprendendo com os erros. Poemas, trava-línguas, dramatizações de comédias e histórias engraçadas podem ajudar.

Responsabilidade – demonstrar que nossas escolhas (palavras e atos) tem consequências. As consequências serão melhores para nós e para os outros se fizermos boas escolhas. As histórias da tradição oral como contos de fada podem favorecer este entendimento.

Autoestima – não importa o que os seus filhos ou alunos façam, os pais e educadores devem demonstrar que nutrem por eles um amor incondicional. Independente da condição, das falhas e quedas, o ser é amado pelo que ele é, pelo simples fato de existir. Isto pode ser feito com palavras, gestos, sorrisos, o compartilhar de histórias pessoais, carinho, aconchego. É importante frisar que várias pessoas os amam, só que algumas tem mais dificuldade de demonstrar isso ou mesmo demonstram isso de modos diferentes.

Sentido para a vida – os pais e demais responsáveis envolvidos com a infância devem ajudar as crianças a descobrirem um significado para a sua existência. Quem tem objetivos claros, sente que não está sozinho em sua jornada, acredita num futuro melhor e não desistirá fácil de sua missão. Crianças e adultos assim, conseguem passar por duras provações e se reerguer das piores quedas. Atividades artísticas e, novamente, as histórias pessoais e da tradição oral ajudam na formulação de um sentido para a própria vida.


Ao brincar, dialogar, contar e ouvir histórias tranquilamente com uma criança estamos educando muito além do que dizem nossas palavras. Estamos nos conectando a um amor que transcende tempos e distâncias, um amor que supera inevitáveis separações e tropeços nos caminhos da vida.

Ao favorecer a resiliência infantil, estaremos reafirmando também a nossa própria capacidade de nos levantar e andar de cabeça erguida depois da queda. Ao oferecer graciosamente o nosso amor estaremos contribuindo para a consolidação de um ambiente mais harmônico e relações mais pacíficas, em nossa casa, na escola e no mundo.

Fabio Lisboa

Referências Bibliográficas:
CYRULNIK, Boris – Os alimentos afetivos: o amor que nos cura – Tradução: Claudia Berliner, São Paulo, 2ª edição: WMF Martins Fontes, 2007 http://www.wmfmartinsfontes.com.br/detalhes.asp?ID=552701

CYRULNIK, Boris – Os patinhos feios – Tradução: Mônica Stahel, São Paulo, 1ª edição: Martins/Martins Fontes, 2004
http://www.wmfmartinsfontes.com.br/

POLETTI, Rosette, DOBBS, Barbara - A resiliência: A arte de dar a volta por cima - tradução de Stephania Matouseke – Petrópolis: Editora Vozes, 2007
http://www.editoravozes.com.br/

Folheto Informativo The Children’s Hospital at Westmead, Instituo ZeroAseis e parceiros

Histórias:
JECUPÉ, Kaká Werá – As fabulosas fábulas de Iauaretê – São Paulo: Editora Peirópolis, 2009
http://www.editorapeiropolis.com.br/

O Patinho Feio (p. 69) e outras obras on-line em domínio público: ANDERSEN, GRIMM, PERRAULT - CONTOS TRADICIONAIS, FÁBULAS, LENDAS E MITOS - Livro do Aluno Vol 2 - Ana Rosa Abreu, Claudia Rosenberg Aratangy, Eliane Mingues, Marília Costa Dias, Marta Durante e Telma Weisz. Edição: Elzira Arantes. Ministério da Educação Fundescola /Projeto Nordeste/Secretaria de Ensino Fundamental, Brasília, 2000.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001614.pdf

Ilustração:
Capa do livro A resiliência: A arte de dar a volta por cima - POLETTI, Rosette, DOBBS, Barbara - tradução de Stephania Matouseke – Petrópolis: Editora Vozes, 2007

ONGs:
IPA - Associação pelo Direito de Brincar
http://www.ipadireitodebrincar.org.br/

Instituto ZeroASeis
http://www.zeroaseis.org/

Associação Viva e Deixe Viver
http://www.vivaedeixeviver.org.br/

United Way
http://www.unitedwaybrasil.org.br/

Artigos
ABRINQuedoteca
http://www.abrinquedoteca.com.br/artigos_integra.asp

Palestra-Oficina:
“A Construção da Resiliência Infantil e o Brincar” – já realizada por Fabio Lisboa em parceria com Marilena Flores Martins (Presidente da IPA- Brasil – International Play Association/Associação pelo Direito de Brincar) em 10/04/07 no 5º Congresso Humanização Hospitalar em Ação.

Oficina Teórica sobre Resiliência associada à Prática do Brincar. A oficina inclui teoria e vivência de diferentes formas de brincar e da arte de contar histórias como instrumentos para o desenvolvimento da resiliência, poderosa aliada na prevenção e cura de doenças.
Duração: 3 horas
Público: Profissionais e estudantes de medicina, pedagogia, psicologia, educação física, psico-pedagogia e demais interessados.

Mais informações e outros textos em http://www.fabiolisboa.com.br/
ou fabio.lisboa *arroba* imagineprojetos.com
(favor tirar os espaços e substituir a *arroba* por extenso pela tradicional @ - trata-se de enganar os SPAMS automáticos caçadores de arrobas : )

Ipê Amarelo: Da energia se fez a vida

O ipê amarelo que reescreveu a sua história

A nossa história começa numa floresta em Rondônia. Depois vai para a capital. Dizem que o pai da nossa personagem já vivia há mais de uma centena de anos e era respeitado na floresta quando ela nasceu. Provavelmente, com a ajuda de um pássaro, ela foi semeada num local próximo ao que seus descendentes viviam. Trazia na sua história a vontade de viver. Mas sobreviver não bastava: aquela sementinha já sabia que teria também que dar vida, dar abrigo, dar frutos. A história de sua espécie previa ainda que teria um talento especial para a arte: suas flores dariam um belo espetáculo amarelo... Sua arte encantaria o homem a tal ponto que quem parasse e o enxergasse, se iluminaria com o seu significado.




Em 30 dias a semente germinou. Em 9 meses, chegou a 30 cm. E levou algumas décadas para chegar à altura de um poste. Mas ela nunca quis ser poste. Sua vocação sempre foi ser Ipê amarelo. Queria escrever uma bela história de vida. No entanto, os olhos famigerados do homem não viram nada sagrado, nenhuma história, nem arte nenhuma. Só viram que aquela vida daria coisas lucrativas. Depois de ser cortada, arrancada e esquartejada, seus galhos menores e flores iriam direto pro lixo, seus galhos médios viajariam milhares de quilômetros até alimentar os fornos de pizzas paulistanas e por fim, seu corpo inerte seria enterrado na capital de Rondônia, o seu tronco morto seria reerguido e, morto em pé, viraria poste, na Cohab Floresta, Porto Velho.

A arte florescente daquele Ipê Amarelo foi apagada. Como poste, por muitos anos, não trouxe mais luz nenhuma, só transportava a luz, fria. Era como um morto-vivo que só carregava a energia (dos outros) de um lado para o outro.

Mas aquele ipê não esqueceu suas raízes. Teimou em continuar vivendo. Mesmo sob alta tensão, insistiu em dar seus últimos suspiros amarelos. Se fez florescer.

Porto Velho, Rondônia. FOTO: Leandro Barcellos

E os homens de Porto Velho ficaram tão emocionados quando viram o que fizeram com o Ipê Amarelo que decidiram cuidar dele e levantaram, ao seu lado, outro poste (agora de concreto) para transportar a energia do homem contemporâneo.


Essa história me faz pensar que histórias temos escrito e quais estamos escolhendo escrever em cada linha de energia de nossa vida... Que histórias a natureza nos tem contado e que iremos ouvir ou ignorar?

Qual é a nossa vocação? Estamos onde gostaríamos de estar ou (sem saber explicar) somos arrancados pouco a pouco de nossas raízes ancestrais, culturais, naturais, emocionais e espirituais?

Um ano que nasce ou um dia que passa nos dão a chance de renascer. A natureza, o sagrado e a arte nos ensinam que é possível ressuscitar. Mas é preciso, para isso, darmos uma chance a elas. É preciso reacender o nosso talento humano de não ver apenas coisas, mas de dar significado a estas “coisas”. É hora de dar sentido à nossa narrativa pessoal, diária e planetária.

É tempo de reacender a nossa vocação humana, reinterpretar mistérios sobre-humanos e reescrever a nossa história.

Fabio Lisboa



Projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo,
Secretaria de Estado da Cultura, PROAC - Programa de Ação Cultural 2008.
 

 
Matéria completa em diversos blogs como no Cidadania Ecológica ou no simpático Bio Momento abaixo, no entanto, a reportagem original (que circula por e-mail) foi escaneada sem a fonte exata (de uma revista de eletricitários gaúchos), se alguém souber, por favor, notifique: http://biomomento.blogspot.com/2009/11/ype-teimoso.html
http://cidadaniaecologica9.blogspot.com/2009/12/arvore-ipe-amarelo-da-energia-se-fez.html

Mais fotos sobre o caso e a sensível visão de mulheres cristãs: http://mulherespalavraviva.blogspot.com/2009/10/o-ipe-amarelo-que-nao-quis-ser-poste.html

Mais informações científicas sobre a árvore: http://www.ipef.br/identificacao/tabebuia.alba.asp

Mais informações sobre "O mistério amarelo da noite": http://www.wmfmartinsfontes.com.br/detalhes.asp?id=552993

Quando o riacho encontra o rio e o rio encontra o mar

(ou agradecimento em alto e bom som)

Obs: Altamente recomendável ler ouvindo
Vivaldi: As Quatro Estações (Inverno – allegro non molto-largo allegro - parte 1 - solista: Nigel Kennedy)




Num mar de idéias, num rio de palavras, há pouco mais de um ano, começa a vida mais intensa das palavras borbulhantes de “O mistério amarelo da noite”.

O nascimento mesmo vem um pouco antes, há cinco anos, é quando começa a história da história que está sendo impressa.

A impressão começa assim, como um sonho, um plano sonhado, colocado no papel. Começa como uma melodia de poucas notas, o borbulhar de uma nascente...

Aos poucos entram os sons dos que acreditam no rumor daquele riacho. O texto-fonte original dá reviravoltas até encontrar um caminho plano, pleno de fluidez. O riacho toma forma.

Nesta forma fluente de afluente-literário tem a felicidade de encontrar o PROAC (incentivo cultural do Governo de São Paulo) e, em especial, uma editora-rio. Uma editora que nasce bem antes que o afluente sonhasse existir. Um rio cujas águas continuarão fluindo mesmo quando muitos de seus afluentes se forem, secarem. E, no entanto, um rio novo, sempre renovado, sempre nascente: WMF Martins Fontes.

No começo, o encontro é a pura harmonia de água com água.

A suposta harmonia vira conflito quando as água se chocam com temperaturas mais ou menos quentes, tempos mais ou menos acelerados, aspectos mais ou menos turvos, Phs mais ou menos ácidos.

E cada molécula de água do rio vai, aos poucos, alterando as moléculas de água de seu novo afluente, e o afluente também muda (a seu modo), um pouco, o rio, até que encontrem novamente a palavra harmonia, dessa vez uma nova harmonia, mais profunda, mais fluente, mais forte.

E agora chega a hora de a obra desembocar no mar. Um mar amedrontador, mar poluído de informação, ficção, diversão. Um imenso raso mar de entretenimento.

Mas a editora que tem Mar no nome faz tudo para que suas Fontes não se turvem. Porque cada curva do rio, cada departamento, cada pessoa, cada traço, cada cor, cada gota, cada sonho, cada palavra escolhida trabalha para que, quando o texto-fonte desembocar no mar, o leitor encontre fluidez, fruição, arte, fontes puras de informação e ficção. As tramas-aquáticas trabalham para que o leitor consiga até mesmo respirar debaixo d’água! Mesmo num turvo mar, que fluam fonte de palavras puras, livres, vivas!

“O mistério amarelo da noite” nasce agradecendo a todos que fazem parte deste riacho-rio-literário, à todos que doaram um pouco de si para dar vida às palavras nascentes que, esperamos, fluam...

Abraços molhados,

Fabio Lisboa Martins Rosa