Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.
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Educação, comunicação, amor e resiliência infantil

Os Pilares da Resiliência, atividades e histórias:
Criando um ambiente pacífico em casa e na escola

por Fabio Lisboa



Não podemos evitar catástrofes naturais, guerras entre povos e tombos pessoais. Mas podemos ter consciência de nossos atos e fazer escolhas positivas que nos possibilitem andar de cabeça erguida nos âmbitos naturais, sociais e pessoais. A aventura começa ao cercarmos de amor o nosso meio ambiente (a natureza, a nossa casa, a escola, a comunidade, os filhos, pais, avós, alunos, amigos, colegas...). Neste artigo daremos atenção especial à importância na comunicação e atitudes amorosas no ambiente familiar e na escola. Mas é bom saber desde já que, por mais protegidos e trasbordantes de amor que estejam, nossos filhos (ou alunos queridos) vão escorregar e cair. Cabe a nós proporcionarmos apoio e segurança para que se percebam capazes de se levantarem sozinhos. A esta capacidade chamamos resiliência. E o fortalecimento da resiliência começa com a sociabilização e consequente comunicação para que os seres humanos entendam (ou não) as mensagens positivas (ou não) trocadas entre uns e outros.

Pense na importância das primeiras mensagens recebidas por uma criança. O jeito dela de se comunicar, aprender e crescer será um reflexo do ambiente em que vive e das mensagens que recebe. O adulto que está próximo a um bebê e que atende os seus pedidos de alimentação, amor, atenção etc deveria ter consciência do tipo de mensagem que esta enviando.

Bebês ainda não entendem palavras mas as mensagens corporais e da entonação da voz recebidas são claras: entonação severa, sobrancelhas franzidas, dedo apontado, tapas, gritos, sacudidas já fornecem logo cedo uma bagagem negativa e pesada para o bebê carregar. Crianças criadas assim terão mais problemas de saúde, dificuldades no aprendizado e baixa autoestima, vão achar que viver é um fardo, que dificilmente vão conseguir sair de situações difíceis, a única solução é chorar – muitas vezes sem um aparente porque. Por outro lado, bebês prontamente atendidos, próximos a pais e cuidadores que entendem os seus pedidos, cercados de vozes suaves, cantigas, histórias contadas, abraços, sorrisos e carinhos terão mais energia e vontade de viver e aprender com a vida. Estas atitudes positivas deixam o bebê mais leve, mais aberto e mais preparado para descobrir as alegrias que a vida tem a oferecer e aprender logo a enfrentar situações difíceis.

A cada frase, em cada gesto cotidiano, você que é pai, cuidador, estudante ou educador podem escolher suas palavras e ações e consequentemente contribuir positivamente (ou não) para o desenvolvimento das crianças que dependem e estão, de alguma forma, conectadas a vocês:

- “Você é meu filhinho querido, lindo...” ou “Você é feio, hein, puxou o seu pai!”.

- “Adoro ouvir a sua voz!” “Que bom (ou até mesmo que engraçado) que perguntou isso, vou te explicar...” ou “Você parece uma matraca”, “Isso não te interessa!”.

- “Isso, continue tentando...”, “Muito bem, parabéns pelo seu esforço!” ou “Você é desajeitado, não vai conseguir!”, “Não adianta nem tentar, você vai se machucar!”.

No caso de sinais de que a criança vem sofrendo constantemente agressões físicas e morais, o educador, vizinho ou demais adultos próximos à criança maltratada devem comunicar suas suspeitas à algum órgão de apoio como uma escola ou o conselho tutelar que lhes darão orientações sobre como proceder. Os pais ou responsáveis legais deverão ser chamados para uma conversa e, se a situação persistir, o conselho tutelar da região tomará medidas mais severas – em casos extremos, chegando até a perda da guarda da criança.

Os pais, avós, educadores e pessoas próximas à crianças tem a chance de ajudá-las em seu desenvolvimento físico, mental, social e espiritual. Só o fato de brincar junto com ela e compartilhar histórias criarão laços afetivos muito valiosos nos quais os pequenos (mesmo grandes) vão poder se segurar e assim, quando caírem, terão confiança e condições de se levantar.

Como vimos, esta capacidade de se reerguer depois dos maiores tombos, é chamada por psicólogos de resiliência. Pesquisadores como Stephan Vanistendael e Boris Cyrulnik identificaram características comuns entre as pessoas resilientes (ou seja, seres humanos resistentes a pressões externas e internas que voltam a ser saudáveis saindo-se bem de situações traumáticas, sejam físicas ou psicológicas). Para tornar nossos filhos ou alunos pessoas resilientes devemos ajudá-los a desenvolver:

Competências sociais – empatia (imaginar e sentir como seria estar no lugar do outro), ser flexível e conhecer outras culturas (ver as coisas de outros pontos de vista – incluindo até pontos de vista inusitados como de animais como cachorros e morcegos, plantas, objetos, mares, planetas, células...). Jogos cooperativos e teatrais, rodas cantadas e danças circulares favorecem as competências sociais.

Comunicação – favorecer o diálogo, antes de atitudes violentas. Proporcionar a resolução de conflitos de forma pacífica como organizar decisões em conjunto para decidir a próxima brincadeira ou jogo.

Autonomia – incentivar a criança e proporcionar atividades adequadas para que ela consiga, sem ajuda, resolver os desafios, sejam físicos ou intelectuais. Atividades artísticas livres também podem favorecer a autoestima pois, neste caso, não deve haver certo/errado e nem bonito/ feio, todas devem ser consideradas obras de grande valor.

Humor – o pai, a mãe ou educador podem mostrar com os seus próprios erros que é possível rir de si mesmo, que ninguém é perfeito e só quem erra é que aprende. Não é preciso ficar triste por que se erra e sim, é possível ficar feliz por estar aprendendo com os erros. Poemas, trava-línguas, dramatizações de comédias e histórias engraçadas podem ajudar.

Responsabilidade – demonstrar que nossas escolhas (palavras e atos) tem consequências. As consequências serão melhores para nós e para os outros se fizermos boas escolhas. As histórias da tradição oral como contos de fada podem favorecer este entendimento.

Autoestima – não importa o que os seus filhos ou alunos façam, os pais e educadores devem demonstrar que nutrem por eles um amor incondicional. Independente da condição, das falhas e quedas, o ser é amado pelo que ele é, pelo simples fato de existir. Isto pode ser feito com palavras, gestos, sorrisos, o compartilhar de histórias pessoais, carinho, aconchego. É importante frisar que várias pessoas os amam, só que algumas tem mais dificuldade de demonstrar isso ou mesmo demonstram isso de modos diferentes.

Sentido para a vida – os pais e demais responsáveis envolvidos com a infância devem ajudar as crianças a descobrirem um significado para a sua existência. Quem tem objetivos claros, sente que não está sozinho em sua jornada, acredita num futuro melhor e não desistirá fácil de sua missão. Crianças e adultos assim, conseguem passar por duras provações e se reerguer das piores quedas. Atividades artísticas e, novamente, as histórias pessoais e da tradição oral ajudam na formulação de um sentido para a própria vida.


Ao brincar, dialogar, contar e ouvir histórias tranquilamente com uma criança estamos educando muito além do que dizem nossas palavras. Estamos nos conectando a um amor que transcende tempos e distâncias, um amor que supera inevitáveis separações e tropeços nos caminhos da vida.

Ao favorecer a resiliência infantil, estaremos reafirmando também a nossa própria capacidade de nos levantar e andar de cabeça erguida depois da queda. Ao oferecer graciosamente o nosso amor estaremos contribuindo para a consolidação de um ambiente mais harmônico e relações mais pacíficas, em nossa casa, na escola e no mundo.

Fabio Lisboa

Referências Bibliográficas:
CYRULNIK, Boris – Os alimentos afetivos: o amor que nos cura – Tradução: Claudia Berliner, São Paulo, 2ª edição: WMF Martins Fontes, 2007 http://www.wmfmartinsfontes.com.br/detalhes.asp?ID=552701

CYRULNIK, Boris – Os patinhos feios – Tradução: Mônica Stahel, São Paulo, 1ª edição: Martins/Martins Fontes, 2004
http://www.wmfmartinsfontes.com.br/

POLETTI, Rosette, DOBBS, Barbara - A resiliência: A arte de dar a volta por cima - tradução de Stephania Matouseke – Petrópolis: Editora Vozes, 2007
http://www.editoravozes.com.br/

Folheto Informativo The Children’s Hospital at Westmead, Instituo ZeroAseis e parceiros

Histórias:
JECUPÉ, Kaká Werá – As fabulosas fábulas de Iauaretê – São Paulo: Editora Peirópolis, 2009
http://www.editorapeiropolis.com.br/

O Patinho Feio (p. 69) e outras obras on-line em domínio público: ANDERSEN, GRIMM, PERRAULT - CONTOS TRADICIONAIS, FÁBULAS, LENDAS E MITOS - Livro do Aluno Vol 2 - Ana Rosa Abreu, Claudia Rosenberg Aratangy, Eliane Mingues, Marília Costa Dias, Marta Durante e Telma Weisz. Edição: Elzira Arantes. Ministério da Educação Fundescola /Projeto Nordeste/Secretaria de Ensino Fundamental, Brasília, 2000.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001614.pdf

Ilustração:
Capa do livro A resiliência: A arte de dar a volta por cima - POLETTI, Rosette, DOBBS, Barbara - tradução de Stephania Matouseke – Petrópolis: Editora Vozes, 2007

ONGs:
IPA - Associação pelo Direito de Brincar
http://www.ipadireitodebrincar.org.br/

Instituto ZeroASeis
http://www.zeroaseis.org/

Associação Viva e Deixe Viver
http://www.vivaedeixeviver.org.br/

United Way
http://www.unitedwaybrasil.org.br/

Artigos
ABRINQuedoteca
http://www.abrinquedoteca.com.br/artigos_integra.asp

Palestra-Oficina:
“A Construção da Resiliência Infantil e o Brincar” – já realizada por Fabio Lisboa em parceria com Marilena Flores Martins (Presidente da IPA- Brasil – International Play Association/Associação pelo Direito de Brincar) em 10/04/07 no 5º Congresso Humanização Hospitalar em Ação.

Oficina Teórica sobre Resiliência associada à Prática do Brincar. A oficina inclui teoria e vivência de diferentes formas de brincar e da arte de contar histórias como instrumentos para o desenvolvimento da resiliência, poderosa aliada na prevenção e cura de doenças.
Duração: 3 horas
Público: Profissionais e estudantes de medicina, pedagogia, psicologia, educação física, psico-pedagogia e demais interessados.

Mais informações e outros textos em http://www.fabiolisboa.com.br/
ou fabio.lisboa *arroba* imagineprojetos.com
(favor tirar os espaços e substituir a *arroba* por extenso pela tradicional @ - trata-se de enganar os SPAMS automáticos caçadores de arrobas : )