Por Fabio Lisboa
A noite estrelada, enluarada e tranquila estava perfeita para um passeio ao redor da lagoa próxima ao templo.
Após caminhar um pouco, ao lado do silencioso mestre, o discípulo comenta:
- Que silêncio!
- Não diga “que silêncio”, diga “não escuto nada”.
- Que diferença faz, mestre?
- Faz toda a diferença se você, em vez de dizer, apenas pensar e, depois disso, parar de pensar alto até conseguir escutar, de fato, o que lhe diz o silêncio da noite.
Caminharam mais um pouco. O discípulo continuava inquieto:
- Pois se fizer isso, o que poderia escutar, mestre?
- É possível que escute o brilho das estrelas e o reflexo da Lua; o murmúrio das águas e a prosa dos ventos; o coro de cigarras e sapos… ou o voo silencioso dos pássaros. Talvez escute também os nossos passos à pé - e até pensamentos -, suaves ou ruidosos, ou ainda, o que mais ouvir que a noite lhe disser… isso até uma voz cortar o silêncio.
- E o que diz esta voz, mestre?
- Que silêncio!
Reconto de Fabio Lisboa livremente inspirado em história da tradição oral
Imagem: IA por Fabio Lisboa e Bing.
0 comentários:
Postar um comentário