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História: Onde encontrar a felicidade?

recontada por Fabio Lisboa http://www.contarhistorias.com.br/

No início dos tempos (ainda que o tempo já existisse), o Deus Brahma que era (e ainda é) tudo e está em tudo, estava sentado em sua flor de lótus cósmica. Após alguns ciclos de universos nascendo e morrendo, o Deus, pleno em sua felicidade e paz infinitas, sentiu a flor de lótus desabrochar e teve vontade de criar uma vida plena de felicidade na Terra.

Criou a primeira alma humana, mas a dividiu em duas e deu corpo a um homem e a uma mulher (as primeiras almas-gêmeas do mundo). Homem e mulher perceberam que quando se encontrassem passariam momentos de plenitude juntos como se fossem de novo um. Mas, como bem sabem os casais até hoje, esse momento de felicidade e paz um dia acabava. Quanto à felicidade e paz infinitas o Deus Brahma decidiu escondê-las dentro de um lago.

Muitos homens e mulheres começaram a habitar a Terra e só conseguiam ver a superfície turbulenta do lago e não encontravam a felicidade. No máximo, tinham momentos de felicidade extrema ao encontrarem, apaixonados, sua alma gêmea.

Até que um casal amoroso conseguiu enxergar que a verdadeira felicidade plena estava na paz da profundeza do lago e não na superfície ondulante. O casal mergulhou no lago e na mesma hora encontrou a felicidade, transcendeu, e voltou a se unir à totalidade do mundo, à alma do mundo (Brahman), homem e mulher voltaram a ser parte do Deus Brahma.

E atrás do primeiro casal, foi o restante dos habitantes da Terra, um a um, descobrindo onde estava a felicidade e paz infinitas e se juntando à serenidade de Brahma. Até que novamente o planeta ficou vazio de seres humanos.

O Deus então pensou em esconder a felicidade na profundeza mais profunda do oceano mais profundo da Terra. Mas pensou melhor e previu que os homens no futuro encontrariam um jeito de mergulhar até nestas profundezas e descobrir a felicidade.

A segunda ideia do Deus Brahma foi esconder a felicidade no pico mais alto da cordilheira mais alta da Terra. Mas também previu que o homem um dia chegaria lá e encontraria a felicidade. Pensou em outros esconderijos no planeta, nas mais densas florestas, nas cavernas mais escuras mas não importava onde imaginasse, logo previa que o homem alcançaria também estes lugares.

Até que, como todo Deus criador, teve uma ideia divina! Esconderia a felicidade num lugar em que o homem nunca pensaria em procurar! Um lugar em que a maioria dos seres humanos não saberia alcançar...

Mesmo prevendo que algum dia homens e mulheres descobririam onde procurar a felicidade e se sentiriam novamente plenos e parte de uma paz maior do que eles próprios, por muito tempo a felicidade ainda estaria bem guardada... Num lugar mais perto do que muitos imaginam...

Dentro de cada um dos seres humanos. Num lugar que alguns chamam de coração, outros de consciência, outros de alma. Um lugar ao mesmo tempo distante e perto, de difícil acesso e acessível a todos. Um lugar onde sempre será possível encontrar a felicidade.

Recontada por Fabio Lisboa http://www.contarhistorias.com.br/

A busca pelo entendimento desta “felicidade” passa pela reflexão sobre o ditado indiano:

“Que as gotas residem no oceano, todos sabem. Mas que o oceano reside na gota, poucos sabem.” *

* Citado por Prem Rawat na palestra “Brilhe com o entendimento” (http://www.palavrasdepaz.org.br/).

É possível encontrar esta e outras histórias recontada pelo Ilan Brenman no premiado livro "14 Pérolas da Índia" (editora brinque book) http://www.ilan.com.br/

Base para o pano de fundo da história:


CAMPBELL, Joseph - Mitos de Luz [editor David Kudler; tradução Lindbergh Caldas de Oliveira]– São Paulo: Madras, 2006

História selecionada para o eixo 1 do projeto ABC: Aprender, Brincar, Cuidar - Cuidar de si para poder cuidar do outro

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