Foto: Omar Sherif |
Reconto por Fabio Lisboa
Numa região distante, num tempo em que as portas, se existissem, ficavam abertas, o monge foi interrogado por um forasteiro:
- Por que este templo não tem portas?
- Pra que todos possam entrar e o templo esteja sempre aberto - explicou, calmamento, o monge.
- Mas pessoas indesejadas podem entrar, ladrões, por exemplo - insistiu o recém-chegado curioso viajante.
- Não há nada o que roubar. Muito menos a nossa paz de espírito. Tudo o que ganhamos de valor material doamos imediatamente aos necessitados.
- E se vierem bagunceiros, arruaceiros, alguém que grite, lhes insulte, fale insistentemente durante a leitura ou meditação, alguém que roube a paciência de vocês, o que farão?!
- Neste caso nós simplesmente ignoramos e a pessoa vai embora.
O forasteiro pareceu não compreender as palavras, levantou o tom de voz e continuou indagando.
O monge se limitou a ignora-lo e sorrir. O viajante, enfim, se cansou e saiu do templo.
O monge o chamou de volta e disse:
- Viu, funciona!
História da tradição oral recontada por Fabio Lisboa
Temas: Contação de Histórias, Tradição Oral, Mediação de Leitura, Cultura de Paz, CNV - Comunicação Não-Violenta, Storytelling, Ahimsa.
Foto: Bali, Indonesia, por Omar Sherif - licença free use by Unsplash
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