por Maria Paula Barros
“Mãe, posso dormir na sua cama?” é uma das frases mais comuns nas noites de quem tem filho pequeno. Muitas vezes, a voz da criança nos mostra um medo verdadeiro e uma certeza de que ele não pode ficar sozinho. Como ajudar a criança nesses momentos?
O mundo dos sonhos é um grande mistério para toda a humanidade, não é exclusivo das crianças. Muitos estudiosos dedicam a vida para entender os mistérios desse mundo sem regras e ainda assim, não encontraram respostas para explicá-lo totalmente!
Portanto temos que admitir, em primeiro lugar, que as vozes das crianças falam de algo verdadeiro e difícil. Não, não é só manha. Não é só charme. Quem aqui nunca acordou assustado depois de um pesadelo? Aí passamos para a parte do acolhimento. Naquelas noites em que mal conseguimos abrir os olhos, passar a criança para a nossa cama é a solução mais fácil (e muitas vezes também muito gostosa!). Mas não podemos achar que o problema acaba aí.
A melhor maneira de desmistificar o tão assustador mundo dos sonhos é no dia seguinte, quando o sol estiver iluminado nossos pensamentos, conversar sobre o assunto. Primeiro, pedir para a criança contar com o que sonhou e o que a assustou tanto. Será que não encontramos um paralelo entre o sonho e algo que está acontecendo na vida dela agora?
Segundo, contar um pouco dos seus pesadelos ajuda a criança a saber que ela não está sozinha nessa batalha: “acredita que a mamãe sonhou com uma barata gigante?”, “sabia que o papai sempre sonha com um cachorro correndo atrás dele?”.
E finalizando, um bom jeito de ajudar os pequenos a entenderem a si mesmos e seus sonhos é contar histórias antes de dormir. Que tal escolher um livro que fale sobre o medo que ela tem? Chico Buarque trata do assunto “medo” de uma forma divertidíssima em seu livro “Chapeuzinho Amarelo”. Fabio Lisboa também tem uma proposta interessante para lidar com o tema em seu “O Mistério Amarelo da Noite”, onde as crianças têm a oportunidade até de falar abertamente sobre o que temem.
A partir daí, pode ser que as noites de “Mãe, posso dormir na sua cama?” diminuam. Ou não. E mesmo se não diminuírem, no momento em que a criança estiver abraçadinha no meio de seus pais, você pode dizer “lembra daquela história...” e a criança vai lembrar. E terá, ao fechar os olhos, seus sonhos embalados pelas aventuras de seus personagens preferidos que venceram seus medos... e aos poucos vai se fortalecendo, pensando “se eles conseguiram, eu também posso...”
Maria Paula Barros é formada em Filosofia, graduando em Pedagogia, professora de inglês e de educação ambiental no ensino fundamental e grande admiradora do mundo dos sonhos...
Imagem: Ziraldo em Chapeuzinho Amarelo
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