Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

O Tradicional e o Novo ao Contar Histórias

Quem vence a batalha da linguagem:
O contato narrativo humano ou a tecnologia audiovisual?

Os novos meios e tecnologias (TV, videogames, Internet...) afastam as crianças e jovens de ouvirem histórias e lerem livros? Os pais e professores devem proibir, ignorar ou encontrar conexões entre as tradicionais e novas linguagens?

O mestre de contadores de histórias Dan Yashinsky nos lembra que a discussão do Tradicional x  o Novo ao Contar histórias não é nova...

O rei chamou o seu filósofo para refletirem sobre o mais novo invento do reino. Era algo que faria as pessoas se lembrarem do que ouviam. Uma invenção que faria com que os textos declamados fossem perpetuados intactos para gerações futuras mesmo depois dos aedos[1], portadores da palavra, morrerem.

Essa nova tecnologia chamava-se “escrita”. Debatiam o filósofo e o rei, no entanto, se fosse mesmo implantada essa reengenharia na comunicação, mudanças graves poderiam ocorrer: a começar pelo aedos, que perderiam os empregos! E o pior, no futuro, sem ter os contos como ponto de encontro, sem ter mais o que contarem umas às outras, mesmo juntas, num mesmo ambiente, as pessoas ficariam isoladas! Mas e os benefícios, valeriam a pena?

O aprendizado da escrita permitiria mesmo aos súditos do rei se lembrarem do que ouviam? Ou os faria esquecer ainda mais rápido? Afinal, quem soubesse decifrar os códigos de um texto não precisaria mais prestar atenção ao que ouvia...

Qual o momento exato em que a noite termina e o dia começa?



História da Tradição oral - Reconto: Fabio Lisboa

Esta é a pergunta que fez o sábio mestre aos seus aprendizes enquanto o dia se despedia do sol e os mistérios do mundo ganhavam os ares: - Qual o momento exato em que a noite termina e o dia começa para todos?

Os jovens pensamentos voam longe e, antes das estrelas aparecerem, as respostas apontam para várias direções:

- O dia começa quando o sol nasce...

- Sim, mas qual o momento em que a noite termina e o sol nasce para todos? – instiga o sábio.

- Impossível mestre, essa hora nunca chega pois a terra é redonda, então alguém no mundo vai sempre estar na escuridão.

- Pois eu lhes garanto que é possível.... – insiste o professor ancião.

Marcelo, Marmelo, Martelo, Ruth Rocha e a língua lúdica


Vencendo os obstáculos da alfabetização e desenvolvendo o gosto pela leitura


Sabe aqueles personagens que de tão reais e divertidos “parecem aquelas crianças que a gente gostaria que morassem no andar de cima, na casa do outro lado, na rua em frente: crianças que a gente gostaria que fossem os melhores amigos de nossos filhos ou sobrinhas, ou então... que fossem nossos alunos!”[1] É assim que a professora doutora em Teoria Literária Marisa Lajolo descreve uma das mais famosas criações da escritora Ruth Rocha: o personagem que há praticamente 40 anos encanta leitores e ouvintes com suas perguntas e invencionices.

“Marcelo vivia fazendo perguntas a todo mundo:
— Papai, por que é que a chuva cai? 
— Mamãe, por que é que o mar não derrama?
 — Vovó, por que é que o cachorro tem quatro pernas? As pessoas grandes às vezes respondiam. Às vezes, não sabiam como responder. 
— Ah, Marcelo, sei lá... 

Lino, despedidas, aventuras e reconexões


Lino - autoria e ilustrações de Andre Neves

“Naquela manhã Lino acordou triste. Lua havia desaparecido da loja de brinquedos.”

Assim começa a história do porquinho (de brinquedo) Lino, que perde a sua melhor amiga, a coelha (também de brinquedo, claro) Lua, contada e ilustrada por André Neves.

Será que o personagem Lino vai reencontrar a sua inseparável amiga? Com um texto sutil e tocantes imagens, a obra pode ajudar a criança na difícil tarefa de se desapegar não só de coisas materiais como brinquedos (sejam eles perdidos, ou aqueles que não foram comprados ou foram emprestados, doados) mas na partida de seres vivos, até então fortemente conectados conosco, como amigos, parentes e até bichinhos queridos.

Esta partida, se vislumbrarmos a metáfora desenhada num nível mais profundo, pode ser até mesmo a despedida da vida.

Lino - autoria e ilustrações de Andre Neves
As metáforas das histórias permitem que as crianças estanquem o sangue da dor que esvai a vida de sentido. Assim como faz o personagem, de algum jeito a nossa existência aparentemente vazia pode encher de alegria alguém que precise de nosso amor. Seja nos livros, ou na vida, os finais felizes são sempre possíveis.