Aqui você encontra a arte de contar histórias (storytelling)
entrelaçada à empatia, mediação de leitura, educação, brincar, sustentabilidade e cultura de paz.

Historia: Nasrudin e o brilho da Lua



Recontada e apresentada por Fabio Lisboa

Você já parou para olhar o brilho da Lua?

Pois as pessoas daquela cidade não. Não sei se era excesso de poluição no céu ou de congestionamento nas mentes.

Mesmo naqueles tempos, quando ainda se pegava água no poço e não havia tantos congestionamentos, ninguém tinha tempo pra nada, muito menos para olhar para o céu enluarado. Ninguém queria ficar com a cabeça na lua.

Quer dizer, ninguém, a não ser Nasrudin.

O sábio Nasrudin não perdia a inocência e o brilho no olhar ao olhar para a Lua. Todos os dias ele fazia esse exercício do olhar... bem, com exceção do dia em que a necessidade o deixou cego, desesperado, cabisbaixo: o mulá estava com tanta sede que saiu correndo, no meio da noite, até chegar esbaforido para pegar água no poço. Nem por um segundo ele olhou para o alto. No entanto, olhando para baixo, ele teve uma surpresa! Uma surpresa vinda do fundo do poço!

Mas será que as pessoas vão entender que surpresa era aquela? Vão deixar a surpresa sair do fundo do poço? Vão olhar para o alto?

Será que um dia vamos enxergar de novo um maravilhoso brilho que vimos quando éramos crianças ao olharmos para o céu...

Mesmo na correria, se você tiver 2 minutos e meio para ouvir, Nasrudin responde :O)

Nasrudin e o brilho da Lua
Fabio Lisboa no Programa Quintal da Cultura conta Nasrudin e o Brilho da Lua (TV Cultura)
(caso não consiga assitir clicando na imagem acima, copie e cole o link abaixo em seu navegador)

Referência:
História da tradição oral adaptada por Fabio Lisboa

Programa Quintal da Cultura:
É exibido na TV Cultura de segunda a sexta-feira, das 9h às 11h e das 14h30 às 17h30; e aos sábados, das 8h às 12h30.

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A Arte de Contar Histórias Pós-Graduação Lato Sensu - 2012

por Giuliano Tierno de Siqueira

A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS
Abordagens poética, literária e performática
PARCERIA: SIEEESP/UNIANDRADE/SEAD (Serviços Educacionais a Distância)

Começará em 27 de março de 2012 (terça-feira) das 19h15 às 22h15 uma nova turma do curso.

Por que contar histórias antes de dormir? (2ª parte)


Uma resposta simples e quatro ensinamentos

A resposta aparentemente simples está na 1ª parte desta postagem, cujo clima pode ser retomado quando...

(...) o estrado parava de ranger, o quarto de subir e descer, o colchão deixava de cumprir a função de pula-pula e enfim, a cama voltava a ser cama. Elástica, começava a ficar a nossa mente. Com a nossa imaginação pegando carona em camelos atravessando desertos, com crianças desbravando florestas e em foguetes indo para o espaço conseguíamos esticar pra longe o nosso olhar e ao mesmo tempo nos ver mais de perto. Ao enxergar quem éramos, a nos sentir parte de algo maior e maravilhoso, aos poucos, calmamente, dormíamos. Sim, contar histórias serve para fazer as crianças dormirem.

Mas o leitor atento já reparou que, a partir desta resposta pessoal um pouco mais elaborada, contar histórias serve, no mínimo, para ensinar mais quatro coisas:

Por que contar histórias antes de dormir?


Uma resposta aparentemente simples...

A resposta simples seria: contar histórias serve para fazer a criança dormir, ora! Quando criança, ao ouvir o fatídico chamado “hora de dormir”, eu obedecia na hora pois adorava pular para a cama. Bem, o mais correto seria dizer que eu adorava pular na cama. Na vertical! E a alegria de se imaginar um atleta olímpico na “cama elástica” e desafiar os pais não tem hora.
Bem, acredito que a infância desafiadora e saltitante não tenha mudado muito nestas poucas dezenas de anos (talvez com exceção dos “duplo twist carpados em 3D” e outros saltos “kinécticos” que não existiam até então).

Mas os pais continuam tendo o poder de impedir que as camas desmontem antes da criança completar 6 anos. Uns impõe sua autoridade pela lei do mais forte, pelo corte de algum prazer sensorial como ficar sem sobremesa (ou TV) ou então pela recompensa. No quesito recompensas sensoriais, alguns pais oferecem chocolates e doces (infalíveis, claro, mas obviamente nada educativos nem tampouco saudáveis) como moeda de barganha. Todavia, este tipo de escambo é inegociável quando se tem uma mãe nutricionista, então, por mais que eu e meu irmão tentássemos, a mínima cota diária de doce raramente era ampliada ­- e nunca para impedir nossos saltos quase-mortais.

No entanto, a recompensa que minha mãe oferecia era insuperável. Tinha mil formas, mil sabores, em mil mundos diferentes com mil sóis brilhantes. Podia ser na forma simples de uma casinha no meio da floresta, um abrigo que acolhe meninos e meninas perdidos na mata. E essa casinha, podia ser muito mais doce do que uma barrinha de chocolate porque a casa inteira era feita de doces... afinal, podia ser a casa da bruxa de João e Maria!